sexta-feira, 23 de agosto de 2024

A memória a falar

 


Por ter sido a prova rainha do Trail em que participei, a Serra da Freita deixa-me diversos episódios ocorridos e recordações que perduram mas que nesta altura merecem ser recordados, em 2010 eu e o Fernando Andrade metemos pés a caminho e fomos experimentar o que era o verdadeiro trail e conhecer o seu timoneiro José Moutinho, ambos desistimos aos 42 kms num lugar chamado Póvoa das Leiras por excedermos o limite de tempo permitido, 8,30h, até a Drave as coisas até saíram bem mas depois apanhámos com a Garra e foi o cabo dos trabalhos, ainda assim ainda tínhamos uma hora para chegar desde as Eólicas (neste ano o trilho dos 3 pinheiros era feito a descer desde as Eólicas) mas o  trilho que descemos até chegar ao trilho dos Íncas estava cheio de mato e não nos permitiu correr levando-nos a perder muito tempo contabilizado em 9,20h, era o fim da aventura, embora a ideia da desistência já estivesse na nossa mente a partir do momento em que chegámos ás Eólicas e o traçado do trilho nos mandava de novo cá para baixo, combinámos em parar naquilo a que chamamos hoje, base de vida, Póvoa das Leiras!


Regressei 2 anos depois, 2012 mas sozinho sem a companhia dos amigos mais chegados, a não ser aqueles, e são muitos, que tenho no mundo do trail, eram os mesmos 70 kms e o mesmo percurso a partida foi ás 06h da Mizarela tendo tudo corrido normalmente até à saída do Rio Paivô aos 19 kms altura em que caí e feri o braço esquerdo com um golpe profundo levando.me a perder muito sangue apesar de ter sido ajudado por um atletas que levava umas ligaduras e me cedeu uma para estancar o sangue Reguengo do Paivô! Segui e chego à Póvoa das Leiras dentro do limite de tempo 9,15h (já tinha passado para as 10,30h como limite), ali também não consegui ajuda para o ferimento no braço, as ambulâncias continuavam a faltar, depois do controlo efectuado segui rumo à Serra onde hoje está instalada a "Besta", naquele ano ainda não se passava por ali, era um caminho com escadaria de utilização dos proprietários das hortas que tinham aquele trilho como serventia para chegar àquilo que era seu! No final da subida, sem a Besta, passámos por Manhouce e chagámos à Lomba sem irmos ás

porqueiras onde a sopa mais uma vez fez milagres, até ali eu ia bem mas as reservas já eram escassas para poder continuar, antes de chegar à Castanheira andei perdido no planalto, era de noite e havia nevoeiro cerrado, chovia e a luz do frontal não conseguia filtrar o nevoeiro para ver as fitas, a custo e aos poucos ia descobrindo o caminho até chegar a Castanheira, estava agora a escassos 5 kms da meta e dentro do limite imposto, 17,30h! É ali que sou barrado pelo José Moutinho organizador da prova e mais uns quantos que vinham atrás, o nevoeiro e a chuva não permitia que descêssemos o PR7 e o subíssemos pelo outro lado e chegássemos à meta! Logo ali me foi atribuída a medalha de finalista e transportado para a meta e de seguida para o hospital para ser cosido no corte profundo que tinha feito numa pedra cerca de 12h. antes no Rio Paivô!

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