A equipa de Trail dos Amigos do Vale do Silêncio |
Estava a ver que se repetia o mesmo que há um ano no Trail Serra Dárga com o violento temporal a chegar de novo no dia da prova e depois de uma prolongada temporada de canícola. Daquela vez a Organização viu-se forçada a interronper a prova quando ela ia mais ou menos a meio, desta vez felizmente deu para percorrer aquele magnífico trajecto, não sem que tivéssemos levado com uma tromba de água durante quase toda a prova, alturas ouve que os trovões e raios me preocuparam um pouco, levava os bastões de alumínio e não sabia até que ponto não poderiam atrair o perigo até mim, fora isto e aquela chuva a cair com aquela dureza para mim foi espectacular, o vento era quase nulo e apesar da intensidade da chuva sentia-se o ar abafado, sinal de que o sol continuava abrasador e influenciava o meio ambiente onde nos encontrávamos. Há um ano tínhamos tido um calor tórrido a rondar os 40º levando a muitas desistências e a causar imensos problemas a quem conseguiu concluir, da minha parte prefiro a chuva ainda que em alguns locais dos infindáveis estradões que temos de percorrer existissem autênticos lagos que atravessei a eito e sem preocupação de molhar os pés (para os arrefecer porque molhados já eles iam). Quando partimos ainda não chovia mas passados poucos minutos caía torrencialmente, levava os bastões porque conhecia o percurso das duas edições anteriores e estava confiante numa boa prova para isso contribuía não só a manhã fresca mas também o facto de desta vez estar um pouco melhor preparado, não me preocupei com o ritmo nem com aqueles que por ali estavam do meu escalão, era apenas para correr sempre de forma confortável, para isso fiz o que custume fazer, correr em solitário e com a ajuda dos bastões. Muitos devem ter estranhado que numa prova daquelas levar os bastões mas por certo durante a prova devem ter percebido porquê, não raras vezes me pediam (na brincadeira, claro) para lhes emprestar pelo menos um dos bastões, achava que tinha feito uma boa opção, não que aquilo tivesse grandes dificuldades mas sim porque tinha muitas pequenas dificuldades, conseguia correr mesmo nas subidas mais difíceis mas para isso também é preciso alguma técnica (para isso servem os treinos).
O Rui Pacheco a receber o Troféu como vencedor Sénior |
Encontrava-me agora em pela corrida, já não havia muitos atletas atrás de mim quando atingi os 10kms de corrida, a chuva torrencial não parava olhei o relógio e marcava 1,02h. sentia-me muito bem e ainda sem forçar nada mas também sabia que a próxima dezena de kms levaria muito mais tempo a ultrapassar, Amieira estava próximo e era a partir dali que aquilo ia começar a doer. Os 15kms foram ultrapassados sempre em passo de corrida, apenas tinha parado no 2º abastecimento para beber água e comer uns quartitos de marmelada mas a partir do 15º kms comecei a poupar o esforço nas subidas que embora correndo fazia-o muito devagar e assim poupava um pouco as pernas. É aqui que começo a sentir dor nas costas na zona onde se fixava o camalbeck na parte de baixo, de tanto roçar aquilo já estava em ferida na região dos rins de uma ponta à outra, a única solução era deitar aquilo fora mas preferi seguir com ele e ter a garantia que a água não me iria faltar. Os 20 kms são alcançados com 2,16h. mais 14m que os primeiros 10kms tal como previra devido ás dificuldades acrescidas que o percurso nos oferecia, para trás tinha ficado uma pequena alteração no percurso de edições anteriores, creio que veio melhorar o anterior, um pouco mais de dureza na subida mas mais bonito de transpôr, levou-nos ao ribeiro e durante algumas centenas de metros percorremos o seu leito até que subimos pouco depois ao alto da serra onde estava o abastecimento dos 22kms. Pouco depois encontro em pleno estradão uma Cabra doente e caída no chão, pela sua posição e pelo ténuo berro que ia soltando indiciava que já não teria muito tempo de vida, mas chocou-me por nada poder fazer e a chuva continuava a cair...
Amigos do Vale do Silêncio, vencedor colectivo |
Nesta altura há muito que os meus companheiros de Clube seguiam lá bem na frente, eu era o último e não vira até ali nunhum deles, sinal que tudo seguia bem, ia-me lembrando da minha filha Susana que também lá ia sabe-se lá como, os treinos que conseguiu realizar eram insuficientes para aquilo e só a sua força de vontade em fazer a prova é que deram o impulso final para partir e chegar, por isso estava tranquilo na minha marcha até final e apenas tinha de me preocupar em os seguir e chegar onde eles chegaram.
Atinjo os 30kms com 3,46h e começo a acreditar numa marca bem inferior há do ano passado (4,45h.), continuo a estar muito bem embora me senti um pouco cansado e com as costas em estado lastimável (o camalbeck tem os dias contados) mas em contra partida não sentia dores musculares nem os joelhos me incomodaram daí ter feito muito bem a descida final entre os 29/31kms) , coisa que no ano anterior não tinha sido capaz. Após o último abastecimento penei a bom penar para percorrer aquele estradão de gravilha preta sempre a subir ainda que ligeiramente, era curva e mais curva até que após uma pequena subida vemos aparecer finalmente os acessos ao local de chegada, sempre a subir para não variar.
Com a minha chegada marcava o relógio: 35,220kms com a marca de 4,21,11h. (Oficialmente foi-me atribuído a marca de 4,22,09h. ??), 24 minutos a menos que o ano anterior, a diferença entre o calor de então e a chuva de agora, creio eu.
Os meus rapazes e pais do meu neto David |
Envio por aqui um bravo a todos os membros da minha equipa Amigos do Vale do Silêncio, em especial ao Rui Pacheco pelo seu 1º lugar no escalão de séniores e pelo 4º lugar da classificação geral que desta forma contribuiu decisivamente para a vitória colectiva que o nosso Clube alcançou.
Para a organização vai também uma palavra de simpatia e parabéns pela excelência como destribuiu os abastecimentos e toda a logística colocada à nossa disposição para a efectivação da prova.
Esperamos e desejamos que na próxima edição a cerimónia de destribuição dos prémios seja feita com mais celeridade, poupando assim os atletas a uma longa espera e em simultâneo a participação de mais atletas evitando-se assim a ausência de muitos no pódio para receber o seu prémio.
Daqui a duas semanas teremos pela frente uma das provas mais duras e bonitas do nosso calendário de Trail, a Serra Dárga em Caminha, serão 45kms de Montanha com 5 mil metros de desnível positivo, depois da Freita com mais de 4 mil de desnível realizada a 30 de Junho deste ano esta será aquela onde as dificuldades também serão tremendas, resta saber se será mais suave ou não, dia 7 de Outubro já saberemos.
Classificações
Fotos da Cerimónia entrega de prémios
5 comentários:
Mais uma grande prova.
Parabéns!
Gosto muito dos seus relatos, sempre muito completos.
Quando "for grande" quero fazer essa prova.
Esse tempo estava de feição para mim! Adoro chuva, vento, granizo e temporais! Só não gosto é de calor e trovoadas muito perto!
Vamos ver se para o ano já me meto num trail um pouco maior mas já me anda a doer um joelho! Quando aperto no treino a maquina já não dá.
Quando à prova do amigo Joaquim Adelino é sempre o mesmo: AQUELA MANQUINA!
E lá estremos domingo no Terreiro do Povo! Forte abraço
Parabéns nosso "pára", o homem que nada pára, muito bom.
Grande prova dos amigos, em grande.
Abraço,
António Almeida
Parabéns Adelino
Mais uma feita, agora voltamos a encontrar-nos na serra D'Arga. Só espero que as condições climatéricas sejam diferentes do ano passado.
Joaquim Adelino;
Isso de Trail em Trail, vai demonstrando que anda aí para as curvas, fazendo tempos dessa natureza, é para ver que está em forma!! E com sol ou chuva é sempre para a frente.
Boas provas!!....
Um abraço dos Xaviers
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