Os Trilhos Loucos de Reixida levaram-me de novo a uma prova que corresponde àquilo que gosto de percorrer, muita serra, com dificuldades moderadas e onde se pode correr alguma coisa, dentro das minhas capacidades, claro, porque para os outros as dificuldades sentidas por mim aquilo não é nada. Voltar a subir aquele pico enorme e bem acentuado e no final pisar as águas daqueles ribeiros quando toda a estrutura dos músculos bem precisam de se refrescar compensam bem do esforço que é feito para terminar uma prova que bem cedo aprendi a gostar, esta 4ª edição com a minha presença bem augura uma 5ª vez para o próximo ano, Obrigado à organização pela excelente apoio no terreno e a todos os colaboradores que a ela estiveram ligados.
quarta-feira, 2 de julho de 2014
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Trail Glória do Ribatejo, 8 de Junho 2014
2 dias antes convidam-me a participar neste trail na condição de convidado, eu e mais 3 AVSilêncio aproveitámos a oferta de última hora e abalámos, só que a coisa foi mal trabalhada e lá chegados tivemos de pagar os 7€ de inscrição e sem direito a t,shirt nem qualquer espécie de brinde, claro que recusei de imediato em participar, nova conversa com o nosso porta voz e o organizador lá anuiu em conceder-nos a t,shirt e o direito a todos os prémios em disputa. Assim nestes termos alinhei com os meus colegas na prova que tinha a distância de 26,600 kms por trilhos e estradões bem corríveis permitindo-me assim desenvolver a corrida neste tipo de provas, coisa que dificilmente consigo. O Rui Pacheco ganhou a prova e os restantes Amigos obtiveram excelentes posições.
Para mim foi mais um excelente "treino" bem picado que não estava previsto mas que aceitei uma vez que ia estar 3 semanas sem provas de trail, o que era demasiado. O tempo gasto de 3,30h. foi conseguido num percurso com poucas dificuldades de altimetria, com um ganho de elevação de apenas 400 metros +.
Segue-se já este Domingo dia 22/6 e na semana seguinte a mágica Serra da Freita. Por agora fico por aqui, dia 29 logo se verá o rescaldo do encontro com o Rio, a Drave, a Garra e as duas "bestas" que nos puseram à frente, meditaremos então qual vai ser o futuro!
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Corrida do Mirante, 1 de Junho de 2014
De volta a Ota, terra da minha meninice agora transformada para mim como local de ida obrigatório anualmente com o intuito de participar em mais uma edição da Corrida do Mirante, uma prova de trail bem suave que convida aos mais conservadores em participar e abrir novos caminhos a quem ainda pensa que este tipo de provas é só para os duros e desmaiolados. Ouve alguma inovação no percurso, aumentou a distância mas as dificuldades/facilidades ficaram salvaguardadas, principalmente para aquelas que fazem apimentar a curiosidade daqueles que lá vão pela 1ª vez. Da minha parte gostei de tudo o que encontrei, até da companhia que se formou desde o início com o Juca, o L. Miguel e o Nuno que nos levou de princípio ao fim a fazer uma corrida pausada em recuperação de "coças" anteriores. o tempo final para os 14,850kms. foi de 2,23h dentro das expectativas pretendidas, já que na véspera tinha participado na Meia-maratona da Areia e encontrava-me ainda um pouco pesadão das pernas. O convívio que se seguiu foi excelente com a realização do piquenique e os grelhados que a organização colocou à nossa disposição num local muito acolhedor junto ao Mirante que deu nome à prova.
À organização e apoiantes os meus parabéns, tudo estava à altura do prestígio que a prova já possui, deixando todos os que lá foram bastante satisfeitos. Espero voltar de novo para o ano.
Belas fotos tiradas neste bonito local integrado na Serra de Ota.
domingo, 1 de junho de 2014
Meia Maratona da Areia
Integrado na preparação para a UMA, Ultra Maratona da Areia, a Meia Maratona da Areia realizada no dia 31 de Maio na Costa da Caparica veio ao encontro da necessidade de percorrer alguns kms em areia de praia por forma a minorar os efeitos devastadores que aquela prova sempre provoca a quem ousa enfrentá-la. Serviu também para estabilizar o organismo depois da tareia de S. Mamede corrigindo assim a falta de treinos que os últimos dias vinha acusando motivado por um excesso de saturação que se vinha acumulando logo após a realização da Ultra de S. Mamede.
Assim esta prova tinha várias finalidades acabando todas elas por se concretizarem e deixarem uma boa impressão para o que aí vem no decorrer deste mês, nomeadamente a Freita.
O percurso em toda a sua dimensão estava excelente para correr mas é desolador ver a Praia da Costa naquele estado em que o mau tempo de Inverno a deixou, por entre os pontões a ausência de areia é total sempre a maré enche, a sul da praia nova as coisas melhoram mas é notório a ausência de areia disfarçada aqui e ali pela existência das dunas que a suportam, mas até quando?
A manhã fresca depressa deu lugar ao calor, a existência de algum vento pelas costas ajudou à progressão dos atletas até ao ponto de retorno logo após a Fonte da Telha, aproveitando a maré baixa, ou a baixar, aquilo era uma autêntica auto-estrada ajudando a que muitos atletas conseguissem ali excelentes marcas para esta distância.
O retorno já foi mais penoso para a maioria dos atletas devido ao vento e à subida da temperatura, para mim estava excelente, aquele vento agradável apesar de forte vinha fresco e isso ajudou em muito a minha prova. O tempo final também revela a regularidade da corrida tendo em conta que o ritmo actual anda muito pelas horas da amargura, 6,42m por km, o que me deixa ao mesmo tempo muito satisfeito considerando que em Montanha raramente corro mais de 5 km seguidos.
O tempo final de 2,21h. corresponde mais ou menos a metade ao tempo gasto para cada um dos lados do percurso com apenas uma paragem no abastecimento junto ao retorno na Fonte da Telha, à excepção deste não parei em mais nenhum abastecimento, levei o camelback e água suficiente para toda a prova, este é um pequeno pormenor que tenho sempre em conta quando preparo as provas seguintes, o peso e os abastecimentos necessários, mesmo que não os utilize, fazem sempre parte do treino considerando provas como a Freita ou Melides/Tróia.
Parabéns à Organização e a todos os seus colaboradores.
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Ultra Trail de S. Mamede
Desta vez estava ciente das dificuldades que iria ter pela frente, não tanto como pensava, mas num circuito como aquele é de esperar sempre o pior, as alterações introduzidas, pelos menos 5, vieram causar imensos problemas a muita gente pelo grau de dificuldade encontrado, principalmente aos menos experientes e estreantes nesta distância. Para os repetentes, como é o meu caso, estas alterações são sempre bem vindas, mesmo que mais duras, porque se assim não fosse todo o percurso seria previsível e consequentemente muito monótono. Ainda assim...
A noite estava espectacular para a prova, fresca e pouco vento, o Luar estava meio envergonhado não ajudando em nada a encontrar o local onde pôr os pés, à partida perto de 700 atletas ou participantes como era o meu caso. Em ambiente de grande festa partimos à Meia-noite, eu tinha a noção que só voltaria ali à meia noite do dia seguinte, iriam ser muitas horas a correr e a andar. não dormira qualquer hora neste dia e o corpo mesmo antes de começar já dava sinais de alguma moleza. Tudo se esquece quando a organização nos manda embora e ir à nossa vida, a concentração está agora no máximo, já que partiram todos sonham em chegar, a esmagadora maioria leva como único objectivo fazer a aventura da sua vida e chegar em condições de se orgulhar dos seus feitos e superação e ainda poder depois contar a sua odisseia.
Logo no início da prova a organização tentou arranjar uma alteração ao percurso de anos anteriores para permitir um fluxo maior aos atletas na fase inicial, penso que foi um objectivo falhado já que as filas ficaram enormes e andar era muito penoso com tanto tempo de espera para se dar um passo, mais à frente nova dificuldade no rio pelas mesmas razões. Logo que retomámos o caminho normal não existiram mais problemas de entupimento de atletas, sendo atingido o 1º e 2º abastecimento sem mais constrangimentos. Aqui em Alegrete (17kms)começam os meus problemas de barriga, aproveitei as instalações ali existentes e tentei comer alguma coisa, o estômago começava também a ter a sua autonomia e a dizer que tivesse cuidado com o que metia lá para dentro, empurrei a banana, uns pedaços de bolo regional e marmelada e parti à conquista do alto da Serra de S. Mamede, eram agora 13 kms e quase sempre a subir, mas a 2ª alteração ao
percurso estava ali em plena ascensão, do meio da serra para cima aquilo tornou-se brutal, vi um amigo em grandes dificuldades que seguia à minha frente, o filho acompanhava-o, no alto este informa-me que o pai desistira após a 1ª leva de dificuldade, à 2ª já não estava em condições e ficou ali. Subi sempre motivado, os bastões davam-me bastante energia através dos braços e ia sempre ultrapassando outros participantes mas era notório que o cansaço se ia acumulando, quando se chega ao alto e logo a seguir encontro o 3º abastecimento é um grande alívio, era uma confusão enorme, as tendas tinham muita gente, já por ali havia muitos desistentes que ocupavam quase todos os espaços, procurei uma cadeira para me sentar um pouco e não havia, os meus pés já ardiam e necessitava de me descalçar e descansar um pouco, um atleta adormece ali com um café entre mãos, já não o deixam seguir, um colega da minha equipa estava ali em grandes dificuldades
deitado na tenda mas eu não sabia, acabaria por desistir, o Carlos Coelho chega entretanto e informa-me que fica por ali, acarinhei-o com nome que não gostou, fui insensível e magoei-o, peço desculpa pá!!! Mesmo em dificuldades vou à mesa e tento comer um pedaço de banana, não consigo, o mesmo acontece com os outros alimentos e começo a ficar preocupado pois faltavam ainda 70 kms e o organismo não iria resistir. Atesto de água e parto, o dia estava a amanhecer e pouco depois desligo o frontal, dali até ao km 40 é quase sempre a descer por um novo percurso idealizado até ao km 50, aproveito para correr um pouco, o sol começa a castigar o vento era quase nulo, com o estômago sem nada dentro a desidratação instala-se, ingerir a água só aos pequenos goles e a boca de 5 em 5 minutos secava, esta foi uma constante ao longo dos kms que faltavam até à meta, os desvios "técnicos" à mata eram mais frequentes, contei 7, mas pouco efeito fazia. Aos 40 kms (PAC4) sento-me um pouco mas nada ingeri de alimentos, apenas água e pouco depois parti rumo a nova escalada montanhosa, o alto da montanha estava a 970 metros de altitude, vários kms sempre a subir, no alto percorremos o planalto durante alguns momentos em território espanhol, até pensei que a ida
a Espanha seria por algum motivo de cortesia por sermos visinhos, mas não, nem vivalma. Tem razão de ser o ditado "de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos" mas que a vista ali do alto para o lado espanhol era bonito lá isso era. O sol ia apertando de intensidade e raramente se apanhava uma sombra para protecção, a descida até ao PAC5) permitiu que corresse mais um pouco mas os pés continuavam o seu processo de degradação. Neste abastecimento nada de novo, mudo a água por estar muito quente e sigo para Marvão, estava ali por perto mas as voltinhas que tínhamos de dar totalizavam mais 11 kms. Corria agora sozinho, aliás nunca tive um sólido companheiro durante toda a prova, apenas de ocasião, e foi assim que iniciei a subida a Marvão debaixo já de um sol tórrido, a calçada inicial vai aos poucos dando lugar a uma inclinação brutal a caminho da entrada no Castelo, quase no topo existe uma fonte de água de nascente, parei um bom bocado e molhei tudo o que era sítio, bebi e abasteci apesar de lá dizer que a água não era controlada, (acho estranho, mas pronto!) Até entrar na porta do ladrão foi um autêntico suplício com aquela subida final a dar cabo do resto. Chego ao PAC6 com 12 h e pouco mas pouco
convicto que iria conseguir chegar à meta dentro de um tempo que considerara razoável, mas isso agora pouco importava, depois de chegar vou directamente buscar a muda de roupa que lá tinha e desfaço-me de tudo o que levava, deito-me no chão frio da sala em cima de uma toalha a recuperar as forças que perdera naquela subida final, estava também muito frágil por não conseguir alimentar-me, tinha comigo umas barras, umas passas de uva, uns amendoins com açúcar e amêndoas de cajú com sal, nada disto conseguia comer, fui recuperando aos poucos na posição de deitado, queria dormir mas não podia e questionei-me bastante se não ficaria já ali, ao fim de uma hora visto o resto do equipamento, os pés agora já pouco doem com a muda dos ténis, largo tudo o que pode fazer peso e desço à procura de comer qualquer coisa. Havia sopa e comi duas tigelas cheias que me caíram muito bem neste estômago já tão depauperado, preparo tudo e parto mas ainda
queria beber mais um copo de água e bebi, valia mais que tivesse batido com a cabeça num toro qualquer, mal a água entrou em contacto com a sopa esta saíu logo em repelão boca fora, inconscientemente fizera asneira e a única comida que conseguira ingerir até ali estava agora no bidon, sentei-me de novo para recuperar da ansiedade e começo a sentir-me muito bem, limpara o estômago e agora estava em condições de comer mais alguma coisa, fui de novo à sopa e esta aguentou-se lá mas tive de abster-me de beber água durante algum tempo.A partir de Marvão acabara-se para mim a corrida, saíra de lá com 13,45h de prova, tinha agora 10 horas para fazer 40 kms até chegar à meta, na descida de Marvão pela estrada medieval sentia a parte muscular superior a ficar fragilizada e não quis arriscar, era possível mesmo num andamento mais rápido fazer 5 kms por cada hora ficando ainda algum tempo para curtas paragens em locais sagrados para mim, ribeiros,
charcos corrente e nascentes. Depois de passar pelo PAC7 (70kms) onde outro colega da minha equipa tinha posto fim à sua odisseia por problemas nos pés, segui para a etapa seguinte em Castelo de Vide, o sol continuava a não dar tréguas, a subida em pedra torturava ainda mais os pés, onde havia animais a pastar sabia que havia pequenos ribeiros de água de nascente, parava, refrescava e bebia, agora só ansiava que o sol descesse um pouco, até à Capela da Penha somos protegidos pelas sombras das árvores tornando mais fácil a progressão até lá. Chegara finalmente ao ponto mais distante da meta, 80 kms já estavam para trás e estava mais certo de ir conseguir chegar apesar das dores nos pés serem muitas e o estômago continuar com graves problema, neste PAC8 apenas bebo coca-cola, experimento e o estômago aceita, bebo mais 2 copos daquilo e fico à espera de alguma reacção negativa, mas não, aguentou-se. Depois de uns 15m de descanso parto para a etapa mais longa de 13 kms até ao próximo posto de controlo. Tinha os meus filhos em contacto comigo que por sua vez iam acompanhando a prova via Internet, tenho de lhes agradecer porque foi uma ajuda importante, assim soube sempre o que tinha pela frente, o Rui Pacheco , também dos A.V.Silêncio depois de conseguir o seu 4º lugar na corrida também me liga
Gentilmente oferecido pelo Rui Pacheco ( O seu 4º lugar) |
e informa-me que aquele trajecto final também tinha sido alterado, mas quando lá passei vi que esta alteração veio de facto valorizar ainda mais a prova tirando-a da várzea e das estradas de alcatrão. Em contrapartida ficou mais difícil mas com muitas linhas de água tão do meu agrado. A noite foi apanhar-me perto do km 90, paro e sento-me para tirar o frontal e colocá-lo, vêm ali perto alguns atletas que passam por mim mas um deles pára a olhar para mim, pergunto se era o vassoura e ele responde que sim, levei as mãos à cabeça e sinto que acabara o meu sossego. Rapidamente apanhamos os outros que seguiam à nossa frente, com uma passada forte sigo para a frente descendo agora para o Convento onde estava instalado o PAC9, fora aqui que eu desistira o ano passado mas este ano estava determinado em prosseguir mas sabia que ainda ia encontrar um osso duro de roer com a passagem na Ermida cuja escadaria possui mais de 270 degraus. A Coca-coça
![]() |
Rui Pacheco |
continuou a ser a única ingestão que o organismo consentia, quer no Convento quer na Ermida. Na Ermida ainda alcancei mais atletas bem como no caminho até à meta. 00,40h estava a entrar na pista, muito debilitado ensaiei uma corrida ao iniciar a volta, mas pouco depois estava de novo a andar, o José Sousa veio a correr ter comigo e a meu lado incentivou-me a correr até à meta e assim fiz. Estava concluída, vou até ao sintético e deito-me, seria melhor que aquilo fosse relva mas depressa me levanto, o José o Miguel e a Yolanda levam-me rapidamente dali para um banho retemperador, depois descansar em solo duro no Pavilhão escolar, comi uma maçã e de imediato para dentro saco, até de madrugada. Nada tenho a reclamar, as marcações estavam impecáveis e pequenos enganos verificados são normais, gente muito simpática que encontrando, parabéns pelo sucesso na informação que disponibilizaram em cima do acontecimento permitindo que a família mais chegada estivesse sempre perto de nós. A toda a organização um muito obrigada.
terça-feira, 13 de maio de 2014
II Trilhos das Lampas 10 Maio 2014

Os Trilhos das Lampas vieram provar mais uma vez que na Região de Lisboa também se pode realizar excelentes provas na variante de Trail. Participei na 1ª Edição e também no treino de adaptação ao terreno nesta 2ª Edição realizado no dia 23 de Março: Treino trilhos das lampas. Este treino veio antecipar aquilo que já se esperava irmos encontrar no passado dia 10 de Maio, uma grande realização de uma equipa que ainda anda a tentar encontrar os passos certos para que sejam eliminados pequenos erros que se notam por serem precisamente pequenos. Os Trilhos das Lampas vieram na altura e
hora certa tendo em conta os meus objectivos para a Ultra de S. Mamede em Portalegre, tive ainda a sorte de ter a companhia do Alexandre Duarte nesta prova, grande amigo e companheiro que tive a felicidade de conhecer mais de perto também num treino nocturno realizado há 2 anos em S. João da Lampas em homenagem à Meia Maratona com o mesmo nome e da responsabilidade do Fernando Andrade. Nada vou acrescentar ao que já li em torno desta prova, para mim ela foi mais um hino à nossa liberdade de podermos correr e desfrutar de um sítio extremamente bonito e acolhedor, bonito pelos campos e arribas percorridos e acolhedor pela simpatia e apoio dispensados a todos pelos colaboradores espalhados ao longo de todo o percurso. Tirei o melhor aproveitamento possível para o que pretendia, nem as diversas entorses que tive, uma delas mais a sério, me amedrontaram ao pequeno teste a que me propuz. Passados 2 dias e estou de volta aos treinos e sem mazelas aguardando com alguma ansiedade responsável pela próxima sexta-feira.
hora certa tendo em conta os meus objectivos para a Ultra de S. Mamede em Portalegre, tive ainda a sorte de ter a companhia do Alexandre Duarte nesta prova, grande amigo e companheiro que tive a felicidade de conhecer mais de perto também num treino nocturno realizado há 2 anos em S. João da Lampas em homenagem à Meia Maratona com o mesmo nome e da responsabilidade do Fernando Andrade. Nada vou acrescentar ao que já li em torno desta prova, para mim ela foi mais um hino à nossa liberdade de podermos correr e desfrutar de um sítio extremamente bonito e acolhedor, bonito pelos campos e arribas percorridos e acolhedor pela simpatia e apoio dispensados a todos pelos colaboradores espalhados ao longo de todo o percurso. Tirei o melhor aproveitamento possível para o que pretendia, nem as diversas entorses que tive, uma delas mais a sério, me amedrontaram ao pequeno teste a que me propuz. Passados 2 dias e estou de volta aos treinos e sem mazelas aguardando com alguma ansiedade responsável pela próxima sexta-feira.
Voltarei sempre que seja convocado, é uma forma pessoalmente de agradecimento pelo grande empenho que o Fernando e a sua equipa de trabalho põe naquilo que faz
para receber os amigos, o seu empenho é também o nosso e só assim conseguiremos chegar senão à perfeição pelo menos a níveis razoáveis a roçar o melhor que sempre ambicionamos.terça-feira, 6 de maio de 2014
Ultra Trail de Sesimbra 3 de Maio 2014

O local onde funcionou o Secretariado este ano foi mudado, esse facto atormentou-me a mim e a muitos dos participantes, nem se pode dizer que cheguei tarde (7,15h) mas só ás 7,55h é que consegui obter o dorsal, ainda lá ficaram muitos atletas à espera de também receberem os seus, dali até ao local da concentração foi uma correria para chegar a tempo da ordem de partida, felizmente o Director da prova estava informado e atrasou ligeiramente a saída dos atletas. Claro que a responsabilidade cabe-me por inteiro, o problema é que conheço mal Sesimbra e em consequência o nome e localização dos hotéis, mas há hora de partir ás 8 e picos estava já serenado e mais calmo, pensando apenas no que me esperava e como me iria sair de mais este empeno.
Nesta prova de Ultra tinha ainda presente o meu colega de Clube, o Rui Pacheco e o meu genro e colega de equipa Daniel Pinto que iria fazer a prova da mini de 21 kms???, foi também de grande importância no apoio ali nos momentos que antecederam a partida uma vez que sua prova era só ás 9,30h.
A organização já tinha alertado para o calor que iria estar durante todo o dia, e quando partimos os sinais do tempo quente já davam o alerta para o que aí vinha, por isso vesti uma t,shirt técnica de manga comprida para evitar as queimaduras nos braços que estavam mais expostos ao sol.
Era a 3ª vez que ia fazer esta prova, sempre no mesmo sentido, dura mas sempre muito bonita, nem sequer me surpreendi quando verifiquei que tinham feito alterações ao percurso, pelo menos mais duas incursões arribas abaixo e acima, espectacular a 1ª mas muito perigosa a 2ª, nesta andei ao bate cu por ali abaixo já que a corda ao longo do muro apenas existia no alto e depois nada havia para nos segurar, a solução que encontrei foi passar para o lado direito do muro e aí encontrar mais consistência no chão e alguns arbustos onde se podia agarrar, assinale-se contudo que nunca estivemos em risco de algum acidente motivado pela perigosidade da descida, aliás a organização não se cansou de prevenir para os cuidados a ter naquele local, apesar da queda que ali dei e ter esfarrapado os joelhos no muro ainda me pergunto o que está ali a fazer aquele mamarracho de muro em cimento que corta a arriba de alto abaixo quando no seu interior apenas existe vegetação tal como a que existe do lado de fora, pode ser que alguém ainda me responda!
A partir dali nada se alterou em termos de percurso, com o sol a aumentar de intensidade tornava-se penoso avançar, as arribas e o arvoredo muito curto não deixavam trespassar pontinha de vento, nem o facto de andarmos 30 kms perto do mar nos trouxe qualquer melhoria em termos de frescura, levava também um boné com abas caídas atrás como protecção ao pescoço e a humidade crida pelo suor na t,shirt ajudava a manter o corpo um pouco mais fresco. Quando atingi o abastecimento junto do Farol já só tinha em pensamento as dunas que se aproximavam, elas estavam entre os kms 25 a 30, ainda me restava a esperança de fazermos aquele trajecto pela praia do Meco tal como o tínhamos feito há 2 anos, mas não, o caminho apontou-nos de novo para as dunas, o sol já estava quase a pico e com 5 horas de prova, mais abaixo víamos em quase toda a praia os banhistas a banhos de sol, sim porque podiam-se contar pelos dedos de uma mão aqueles que estavam dentro de água, para nós que nas dunas torrávamos ao sol a única coisa que queríamos era aquele fresco da água do mar, tal era o escaldão que já suportávamos. Um pouco mais à frente terminam as dunas e dá-se inicio à descida que conduz aos bares de apoio de praia, um pouco antes encontro um pequeno ribeiro que desagua para a praia e que vem do interior, refresco-me num local mais fundo e encontro um atleta sentado na berma do riacho com as pernas dentro de água e cheio de dores devido a câimbras na coxa, com ele estava o Pedro (o mesmo que tocava o Bandolim na Corrida do 1º de Maio) aproximei-me e enfiei-me dentro de água para o ajudar, nem pensei que ainda tinha os pés e sapatos cheios de areia das dunas, depois de comprimir a parte muscular ele sentiu-se melhor e seguiram os 2 pouco depois atrás de mim. O abastecimento dos 30 kms estava logo ali a seguir e creio que o rapaz acabou por desistir logo ali, se assim não foi que me desculpe pois ele estava muito queixoso e ainda faltavam mais de 20 kms para o fim.
Aproveitei para beber água e abastecer o camalbek e comer um pouco de laranja, havia por ali mais coisas para comer mas com o calor que estava nem a marmelada caía bem, tirei a areia dos sapatos e das meias mas como estavam molhados, meias e sapatos, muita areia ainda lá ficou o que se tornaria um calvário para mim a partir daquele momento. Agora percorríamos estradões e trilhos onde já se podia correr, mas as tareias das arribas e das dunas deixaram muita mossa, a agravar tudo isso a planta dos meus pés começam a ceder, a fricção é permanente as areias, as meias molhadas e o chão muito quente vão enrugando e branqueando provocando fortes dores assim que cada vez colocava os pés no chão, tentava ignorar as dores e seguia correndo sempre que o terreno era mais propício. Para piorar as coisas volto a encontrar um ribeiro em plena estrada, não havendo alternativa volto a molhar os pés e tudo piorou. Agora quase que só ando, pelas minhas contas estava quase a chegar ao km 37 onde estava novo abastecimento, o meu ritmo anda perto dos 5 kms por hora, assim sei que chegarei à meta dentro das 10h de prova. No sentido em que vinha nem me apercebia que o abastecimento estava ali, um barracão, eu ouvia pessoas e até pensei que era alguma festa, vejo uns pinos no chão e pensei até que se tratava de alguma prova de kart, olho e só tenho a certeza porque estavam lá alguns trailistas sentados e a comer. Um pouco antes de ali chegar numa das muitas vivendas que ladeavam as estradas pedi uma pouca de água a um senhor que estava no seu varandim a enviar-nos palavras de incentivo, parei agradeci e pedi a água, ali estava uma mangueira no chão e eu só queria uma pouca de água mais fresca pois a que transportava estava muito quente e só bebia o suficiente para bochechar a boca uma vez que o organismo já não tolerava sequer a água. O Senhor foi a casa e trouxe-me uma garrafa de 1,5l de água muito fresquinha que foi um encanto, parece que ganhei outra vida, despedi-me dele e da sua Senhora e abalei com outro ânimo à procura do abastecimento e posto de controlo dos 37 kms. Aqui ainda comi uma canja e arrependi-me depois de não repetir, a Ana Ciríaco ainda insistiu mas eu não comi, ali já levava mais de 8 h. de prova e ainda faltavam 15kms para percorrer. Parti de novo e pouco depois chegam mais alguns atletas, aproveito e vou com eles, ao longo da prova andei sempre com companhia por perto, nem sempre isso acontece e nesta parte final foi bom ter a companhia de alguém, no caso 3 amigos que partiram juntos e juntos queriam chegar, até que um deles começou a sentir-se indisposto e foi a altura de eu abalar percorrendo agora uns trilhos muito pedregosos e depois a descida para as pedreiras. Devido ao estado lastimoso dos pés procuro ainda assim descer a serra a correr, ao fundo já via novo abastecimento e malta amiga a incentivar, queria água fresca mas só havia água quente, a desidratação era agora mais evidente, a boca secava a cada 100 metros e não tinha sede, havia uns pedaços de laranja e umas batatas fritas mas não lhes toquei, preferi aguardar pelo abastecimento do Castelo pois lá havia mais variedade e podia ser que conseguisse comer alguma coisa. Já tinha recebido alguns telefonemas a saber por onde andava, é sempre bom a gente sentir que nos esperam e ás vezes no meio do nada sempre aparece esta mão amiga a dar-nos o alento final. Aos 49 kms chego ao Castelo, lá está o Ricardo e o Ico, ajudam-me a abastecer de água e tratam de tudo, grandes amigos que nesta hora eles bem percebem daquilo que precisamos, nem lhes vou agradecer porque sei que a sua satisfação maior foi ter ali chegado e prosseguir até lá abaixo bem juntinho ao mar. Na meta tive a grata satisfação de ver a minha filha Susana, foi surpresa para mim, mas ali estava, olhei para os lados a ver se via o pirralhito David mas nada, corto a meta e logo sou abraçado pelo Tigre a felicitar-me por conseguir fazer a prova e chegar ali, muitos amigos de todo o lado apareciam com os mesmo intuitos, aparece também o Davidezinho e começo a ficar um pouco atarantado até que me dizem para seguir e ir até ao abastecimento. Valeu-me aqui a pouca vontade de comer alguma coisa e ingerir alguns líquidos porque quando cheguei ao local de abastecimento fiquei desolado com o que vi, tinha de saltar para o areal onde estavam os géneros e líquidos, o sol batia ali com muita intensidade e nem uma sombra existia para me refugiar um pouco, praguejei sem ofender, e pedi desculpa porque de sol já eu estava farto durante todo o dia e vim embora. Depois foi o banho mesmo ali no apoio de praia, as dores eram mais que muitas nos pés, estava com força e as pernas nada de mal assinalavam, por isso eu estranhar porque é que os pés reagiram tão negativamente, teria sido só pelo facto de molhar duas vezes os pés e a acumulação de areia ao mesmo tempo provocando a fricção dando origem ao aparecimento das verrugas e bolhas? ou seria o calçado que não é apropriado para aquele piso? O que sei é que é uma incógnita e me coloca desde já em alerta para S. Mamede a apenas 11 dias de distância.
Os dados desta minha prova foram os seguintes: 51,830 kms de prova, 10,56h. para terminar, ritmo médio12,40m por km, gastos 3.214 calorias, ganho de elevação 1.599m.
Dia 10/5 à noite vêm aí os trilhos das Lampas para depois tranquilamente pensar só na Ultra de S. Mamede no dia 17 de Maio.
segunda-feira, 5 de maio de 2014
Corrida do 1º de Maio 2014
A Corrida do 1º de Maio foi mais uma prova enquadrada no meu calendário de corridas planeada para este ano, esta é uma prova que pelo simbolismo que representa está e estará sempre no meu horizonte de realizações, a esta juntei também a edição deste ano da Corrida da Liberdade comemorativa do 25 de Abril. Até Setembro (Festa do Avante) não voltarei à estrada, andarei pelas serras e areais, e já terei kms suficientes para me entreter.
A corrida do 1º de Maio foi um ensaio a 2 tempos, a 1ª parte mais suave até chegar ao Terreiro do Paço na companhia de um grupo de amigos e depois daí até à meta, sempre na companhia do Mário Lima forcei um pouco porque era a subir para ver até que ponto a força poderia responder àquilo que pretendia, consegui por isso o objectivo e aqui o Mário ajudou bastante, o único receio era que a prova de Ultra trail de 52 kms de Sesimbra estava a 2 dias e um treino aqui mais forte podia prejudicar aquele.
Notou-se e foi claro que as provas de estrada têm que envolver um bom treino para o efeito, ora eu não treino estrada nem para estar preparado para essas provas, logo o ritmo é quase nulo quando me apresento lá, limitando-me apenas correr para chegar, já que o organismo em momento algum consegue acompanhar a leveza e força de pernas que posso disponibilizar limitando-me o ritmo e um melhor desempenho. 1,27h. foi o tempo que precisei para chegar e pessoalmente considero que já foi muito bom.
sábado, 26 de abril de 2014

A prova em si, neste caso para mim, decorreu como o previsto considerando o facto que o ritmo de corrida neste momento para mim é quase nulo, a média final de 5,50m por km mostra isso mesmo, este ritmo também permitiu que fizesse outras coisas durante a prova, tirar fotos, realizar um vídeo e fazer companhia a alguns amigos durante a prova, Ana Pereira, Esmeraldo Pereira, Mário Lima, Luis Parro de entre outros, mesmo assim os 2 últimos kms foram demasiado puxados para aquilo a que estou habituado, mas como era a descer deixei-me ir na "roda" da Ana Pereira, o que me valeu é que os Restauradores estava logo ali!
Com a minha idade pode parecer presunção ou arrogância dizer que a prova tinha poucos kms,
mas a verdade é que a prova mais pequena que fiz este ano tinha quase 15 kms e a mais longa cerca de 52 kms, daí parecer-me que numa prova de estrada de pouco mais de 10 kms não dá nem dará para aquecer convenientemente os músculos e a partir daí correr com alguma resistência e estabilidade. Seguir-se-à o 1º de Maio daqui a 5 dias para regressar de novo à estrada só com a realização da Corrida da Festa do Avante em Setembro próximo, até lá mais de 450 kms serão percorridos em percursos de trail e de areia. Veremos se esta vontade entronca numa fase regular onde não apareçam lesões ou problemas de saúde muito próprias no meu caso quando já caminho para fechar portas e não para as abrir.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Trail de Montejunto 2014
![]() |
Em Almourol |
Os Trilhos de Montejunto foram um bom treino nos objectivos que tenho para Portalegre, mas não se pense que aquilo foi apenas treino, vou sempre nos meus limites mas tenho sempre de refrear quando sinto o limite a ir além do possível, a tensão arterial elevada provocada pelo esforço manifesta-se sempre que dou um "cheirinho" a mais, então nada mais que ir evoluindo até a coisa acalmar e prosseguir de novo conforme as possibilidades do momento.
Em Montejunto foi concretizada a 3ª prova em duas semanas, 31kms no Pastor, 44 em Almourol e 37,5 kms em Montejunto, tudo isto para ir fortalecendo a resistência muscular e psicológica para chegar à Ultra de S. Mamede de 100 kms em Maio próximo, +- 112 kms para um total de 20 h. consolidando assim a ideia de que nas 24h concedidas pela Organização da prova de Portalegre é possível finalizar mais uma vez a prova depois de no ano passado me ter ficado pelos 90 kms.
![]() |
Montejunto 2013 |
Montejunto também apareceu no meu programa de provas à última da hora, mais propriamente por ser perto da minha "Terra" e enquadrar-se nas minhas necessidades de treino, mas também porque era uma Serra que desconhecia, é muito visível para quem de longe vai transitando e de vez em quando os meteorologistas a ela recorrem para detalhar o estado do tempo que se faz ou se venha a sentir.
Sobre a Organização da prova pouco sabia, apenas o que vinha descrito no seu Site, vídeos e fotos eram convidativos e por isso parti na convicção que do princípio ao fim as coisas iam correr bem.
Pragança, entranhado na parte norte da Serra era o local onde funcionava o Secretariado da Prova, não foi difícil de encontrar com a ajuda do GPS, contudo o parque de estacionamento das viaturas estava situado numa empresa ("Aviário do Pinheiro S.A.) e principal patrocinador deste evento a mais de 1 km de distância (Quinta da Senhora da Luz) , foi ali que distribuíram também os dorsais e mais tarde serviu também para o tomar o banho retemperador.
Foi a partir daqui que também fomos transportados para o local de partida em Abrigada em autocarros, esta fórmula de organização de transporte cedo se mostrou muito frágil quanto a horários a cumprir e deixar todos os atletas no local por forma a que fosse dado o tiro de partida à hora marcada (9h.), pelo atraso verificado a partida dos atletas apenas se deu meia hora depois, creio que sem prejuízo para ninguém, estava fresco e nebulado nos dois lados da Serra e só lá no alto é que o sol reinava mostrando toda a beleza ao longo de montes e vales no seu interior.
Não foram muitos os trailistas que integravam o grupo do trail longo (cerca de uma centena) permitindo assim um fácil escoamento ao longo da serra, aliás a serra apenas foi alcançada já iam decorridos alguns kms e quando lá cheguei já estava a ser ultrapassado por alguns atletas do trail curto (22kms) que partiram alguns minutos depois de nós. A ascensão ao ponto mais alto da serra do percurso (648 metros) começou pouco depois (partiramos aos 75m de altitude), foram 3 kms de subida brutal e bem difícil mas ao mesmo tempo muito bonitos, dali das antenas dava para ver a parte os picos mais elevados de toda a serra, as partes mais baixas estavam cobertas por um manto branco de nuvens ou nevoeiro.
Dali até ao km 27 (165m de altitude) fomos descendo e subindo constantemente alguns pontos mais salientes e com algum grau de dificuldade, para trás ficavam imagens espectaculares a convidarem a uma visita com a família e desfrutar de tudo o que a Natureza nos pode oferecer. Os abastecimentos espalhados ao longo do percurso foram diversos e colocados à nossa disposição, quando por lá passava só podia contemplar a sua pobreza, ou porque chegava tarde e o recheio já tinha sido consumido ou porque era mesmo assim e então só encontrava salgados (bolacha) e fruta (pêra rocha), aqui e ali também ás vezes encontrava laranja, líquidos havia sempre com fartura e a água foi e será sempre a minha bebida favorita. Por mim até podia estar sempre e só na mesa a pêra rocha, não precisava de mais nada, para além de ser muito nutritiva é também fresca e sumarenta, o que para o caso é um precioso auxiliar para quem faz desta provas de trail a sua distracção na corrida. Como sempre vou atestado de guloseimas para as provas e só me sirvo da minha artilharia se não encontrar algo que me satisfaça, ontem tive a sorte de encontrar aquele fruto genuíno daquela região, pode até ser uma boa sugestão para inovar noutras provas, embora saiba que se trata de um fruto cuja exposição ao ar livre não pode ser retardado depois de ser cortado mais que alguns minutos antes de ser consumido, coisa que pode ser resolvido se o manterem dentro de água mais algum tempo.
O controlo e apoios durante a prova também estavam a ser excelentes, as marcações também muito eficazes, aos 12 kms dá-se a separação do trail longo do curto, ali ainda exitei um pouco pois havia fitas para lados opostos mas as placas lá existentes tiraram as dúvidas, foi altura de me separar do meu amigo Beijinha que anda a contas com um problema na anca e que não deixa fazer voos mais altos, envio-lhe daqui de novo as melhoras e que possa preparar o melhor possível a sua/nossa Corrida do Mirante.
A partir do km 27 a conversa já foi outra, o calor já apertava bastante, o arvoredo envergonhadamente ia produzindo alguma sombra, a subida até aos 550 m de altitude era toda ela muito acentuada, o trilho estreito era todo ele espectacular mas muito técnico, tal como eu gosto, mas ali os meus bastões pouco podiam ajudar, conforme ia subindo serpenteando a serra a exposição ao sol ia-se agravando, os fogos também devastaram aquela serra, de uma linha telefónica que por ali passa serra acima apenas restam os postes em cimento numa paisagem desoladora mas a querer recuperar com um verde muito colorido a envolver troncos e mato queimado.
No alto encontro novo abastecimento aos 31 kms, a água já se está a acabar, já enchera o camelbeck duas vezes e ali era a altura de renovar e atestar, paro um pouco e conversa com 3 amigos que lá estão, ao mesmo tempo vou comendo alguns pedaços de pêra e devoro uma garrafa de água, também havia laranjas e bolachas mas ignoro-as, depois parto a pensar no que ainda faltava mas tinha a noção de que o pior já tinha ficado para trás, pouco depois dou conta que me esqueci de atestar de água, apalpo e sinto que ainda lá havia alguma, fico com a esperança de encontrar dentro em breve novo abastecimento. Durante 1,5km ainda andei pelo alto da serra até que iniciei uma descida bem acentuada mas cuja dificuldade era reduzida, apesar disso a organização não descurou os avisos necessários à sua perigosidade, no final desta descida estava novo abastecimento, a pêra já tinha acabado, em alternativa tinha umas barras, comi um pedaço bebi água e meti alguma no camelbeck e segui depois de alguma conversa à mistura. Estava perto do objectivo final, a meta, mas ainda passei um bocado difícil antes de lá chegar, via ali por baixo algumas povoações mas não sabia qual delas era o meu destino, até que cheguei ao alcatrão e me disseram que era ali, onde? pergunto eu! ali aquela, estava mesmo ali mas ainda faltavam quase 3 kms, nova incursão em trilhos dentro de hortas e entrada pela parte norte da povoação, é agora bem audível a animação com música folclórica, ao mesmo tempo era possível ouvir o spiker a anunciar os números do sorteio dos dorsais dos atletas chegados à meta, mas como é possível??? eu ainda aqui vou e tenho o mesmo direito aos prémios a sortear!!! sigo estrada acima e corto a meta, dois ou 3 aplausos e nem uma palavra de animo ou incentivo, é sempre agradável ouvir, mais à frente um senhor pede-me o dorsal, é ele que o tira e diz como que envergonhado que o sorteio já está a ser feito, mas já não vai a tempo, tinha terminado e resignei-me, ficou-me também com os alfinetes que eram meus. Na mesa estava apenas um pêra, muito pequena por sinal, perguntei se havia mais e obtive como resposta, não, não há é a última!!! No palco ali ao lado a festa continuava, conforme cheguei assim parti sem uma palavra nem incentivo por ali abaixo durante 1,5km à procura da viatura e do banho retemperador. Chego à conclusão que estamos mimados demais, estamos habituados ao calor e carinho de quem nos recebe um pouco por todo o lado, podem não dar mais nada mas isso enche-nos a alma, tudo isso faltou ali, a mim pelo menos que o senti.
Nem sei se fui classificado, nenhuma informação surge, no Site o silêncio é total.
Não sei se voltarei, se o fizer é pela beleza da Serra de Montejunto e por ser vizinha da terra onde passei a minha infância.
Classificações
terça-feira, 8 de abril de 2014
Maratona de Trilhos de Almourol
Apetece-me chamar a esta preciosidade de trilhos, do Nabão, do Tejo e de Almourol, poderia ainda acrescentar também do Zêzere mas não o faço porque a visita foi curta e não deixou saudades (adiante explicarei), de resto poderei dizer que ao fim várias participações nesta prova fiquei surpreendido por ver e desfrutar de tanta coisa bonita que ainda estava por descobrir. Ainda bem que há última da hora consegui uma inscrição oferecida pelos amigos do Atletismo Clube de Portalegre para esta prova, tendo a honra de os representar.
A partida, ao contrário das edições anteriores teve lugar a escassos 500 metros do lado norte do pontão da Barragem de Castelo de Bode, um pelotão compacto com cerca de 350 atletas a chegarem rapidamente aos primeiros obstáculos da prova onde apenas podia passar um atleta de cada vez, aos 3 kms o 1º embaraço, virar à esquerda com passagem junto ao leito do rio Zêzere local pouco técnico mas que gerou logo ali uma fila infindável que chegava quase aos 50 metros no estradão que lhe dava acesso, logo ali foram "queimados cerca de 20 minutos, como se não bastasse à saída deste troço com cerca de 500 metros nova dificuldade e nova fila para subir uma pequena enseada com a ajuda de uma corda onde só podia passar um atleta de cada vez, mais uns minutos queimados e definitivamente por força destes estrangulamentos a prova decorreu sem mais embaraços até chegarmos ás margens do Nabão onde encontrámos de novo um local de difícil transição ultrapassado com a ajuda de uma corda e onde a solidariedade entre os atletas se fez notar com a entreajuda a funcionar extraordinariamente, isto só foi possível porque naquele local a fila também se formou até aos últimos lá chegarem.
O Nabão era apenas conhecido pela generalidade dos atletas com a passagem em ponte improvisada magistralmente (muito segura) ali junto à foz com o rio Zêzere pelos militares de engenharia sediados em Tancos, mas a organização dicidiu este ano oferecer-nos a contemplação e passagem pela sua margem norte durante alguns kms, muito técnico e difícil, mas eu gostei imenso desta inovação, como de outras que tive oportunidade de verificar, foi ali que encontrei um dos elementos da organização que estava vigilante e a ver se tudo corria bem, pouco antes tínhamos passado um obstáculo difícil com cordas, dando os incentivos a todos, principalmente aos que vinham mais atrasados como era o meu caso. Nesta altura já a organização se penalizava pela confusão gerada ao km 3 e foi ali que o reconhecimento do erro começou a gerar a necessidade de se melhorar aquele traçado em próximas edições, até porque há alternativas no local sem ser necessário mexer no resto da prova.
Em Constância, 21 kms, as dificuldades acumuladas já pesavam bastante nas pernas, os pés, os joelhos e também os rins já começavam a reagir mal àquilo que era preciso fazer, tinha sido bastante duro chegar até ali mas pelo que conhecia do percurso o pior já estava para trás. mas logo a seguir a Constância virámos para junto do leito do rio Tejo, foi mais uma surpresa para mim pois nunca tinha feito aquele trajecto à beira do rio, ( provavelmente devido ás cheias do rio em anos anteriores), eram uns trilhos espectaculares que para além de planos também nos oferecia bonitas paisagens ali junto ás margens que ligam Constância à Praia do Ribatejo passando ainda pelo Castelo de Almourol cuja passagem é obrigatória pela beleza e esplendor deste bonito monumento nacional e que dá o nome a esta extraordinária prova de trail. A partir daqui o percurso tem novas alterações, principalmente a sua parte final, atravessava agora uma zona a sul da Base Aérea nº3 de Tancos, com sorte, pois consegui observar o lançamento de 2 paraquedistas em queda livre ali mesmo por cima de mim, o arvoredo dificultava um pouco mas mesmo assim pelo que vi levou-me a gratas recordações do passado, da Base, dos aviões que a partir dali nos levavam para o espaço e permitiam realizarmos o sonho de saltar e ganhar um símbolo que nos orgulha para o resto da vida que é a Boina Verde.
Aos 35 kms chego ao penúltimo abastecimento, dali em linha recta consigo ver o Pavilhão onde estava instalada a meta mas dizem-me que ainda faltam cerca de 9 kms para lá chegar, longe estava eu de pensar no que ia ainda encontrar, quando já tinha deixado as serras para trás e via ali ao lado o casario pensava que ia agora pela vázea abaixo até encontrarmos o acesso à ponte ali juntinho ao Pavilhão, foi assim nas edições anteriores, mas não, virar de novo à direita e subir, subir até já não haver mais montanha,
depois inicia-se o calvário de lama e mais lama, nunca na vida tinha encontrado nada igual, mais de mil atletas das 3 provas já ali tinham passado antes de mim, seguíamos o leito de rios onde não era possível desviar, os túneis sob as diversas estradas que servem para a passagem das águas dos rios eram os mesmos que serviram para nós passarmos, de cócoras ou de pé era obrigatório por lá passar, nunca me deu tanto prazer o contacto com água como ali, a lama era tanta até quase aos joelhos que aquilo era um alento enorme no meio de tanta dificuldade, mas era momentâneo, no final de cada túnel a lama voltava de tal forma que só pude libertar-me dela já perto da meta quando atravessei o rio.
Apenas chegaram 17 atletas atrás de mim, ainda ultrapassei muitos destes ao longo do percurso, alguns faziam a prova de trail com esta dimensão pela 1ª vez, daí o excesso enicial mas vi em todos uma grande determinação em concluir, cheguei a ouvir reclamações à organização em Constância que os atletas tinham sido enganados com um percurso diferente do habitual, não levei aquilo muito a sério mas o certo é que muitos foram surpreendidos com a inovação da prova, por mim achei espectacular aquilo que me ofereceram,
trilhos muito bonitos e diversificados quer na mata quer no arvoredo, autênticos túneis de florestas, trilhos cujos nomes estão bem identificados onde apenas consegui decorar um, o da àgua, já conhecia de edições anteriores mas é sempre um prazer enorme observar aquilo.
O abastecimento fornecido e o apoio em todo o circuito foram excelentes, em todos os locais onde poderia haver algum engano por distracção lá estava alguém a ajudar-nos a seguir o caminho certo ou dos vários perigos que se aproximavam.
Na chegada à meta já muito cansado e com pouca reacção do corpo ao fim de 8,33h. soube-me bem a reacção e aplauso de quem ainda ali estava mo Pavilhão, principalmente da Organização, foram muito simpáticos. Vinha receoso com a eliminação, tinha 7h. para concluir mas cedo concluí que não era capaz, a prova teve 44kms, mas mesmo com estes 2kms a mais da maratona e o tempo de espera nos pontos negros se não existissem
o resultado não seria diferente, também aqui a Organização esteve muito bem ao classificar todos aqueles que chegaram mantendo de pé toda a estrutura montada para o efeito dentro do Pavilhão, um gesto que demonstra muito respeito por todos, pelos que chegaram na frente e pelos que chegaram no fim deixando uma imagem muito agradável a todos os que lá estiveram.
Subscrever:
Mensagens (Atom)