Quando eu era criança ia a uma mina buscar água para beber e para todas as necessidades em casa, naquele tempo não havia água canalizada, hoje já homem vou à mesma mina e já lá não consigo entrar porque entretanto cresci. Isto vem a propósito da edição 2014 do Ultra Trail dos Abutres ontem realizado, totalista nas edições anteriores (com uma desistência), desde a 1ª edição a Ultra tem vindo sempre a crescer em número de kms e dificuldades e eu no mesmo período tenho vindo sempre a decrescer mas sentindo sempre o aumento das dificuldades e com e cada vez mais problemas para lhe fazer frente, resumindo: a mina está lá intocável como sempre e a serra não alterou em nada a sua forma inicial, eu é que cresci, vivi e nesta fase do ocaso olho e vejo que a natureza é igual a ela própria, só temos é de desfrutar dela e deixar que as coisas aconteçam.
Os Trilhos dos Abutres foram sempre de alta dificuldade em transpor, a serra, seja qual o ângulo que seja traçado, é e será sempre de uma beleza extrema, chova ou faça sol as dificuldades para nós nunca abrandam, antes pelo contrário, a tendência normal é torna-la aliciante e deste modo desafiar a capacidade física humana a partilha-la nos seus múltiplos obstáculos quase virgens que ainda conserva.
Para mim, que sempre gostei de desfrutar esta prova, este ano ultrapassei em demasia essa barreira, entrando mesmo em estado de alguma ansiedade devido aos limites impostos pela organização (e bem) nos tempos de passagem em alguns pontos de controlo, contudo, bem longe estava eu de pensar que em apenas 2 anos o traçado da prova mudaria tão radicalmente, pelo menos no 2º terço do trail, isto é, depois da 1ª subida ao alto quase tudo mudou, e foram estas alterações que me surpreenderam e deixaram em maus lençóis, tinha 5h para chegar aos 25 kms e não consegui por 20m, (o vencedor da prova já tinha chegado à meta com 4,44h), valeu-me que a organização estendeu em mais uma hora os 2 controlos (25 e 35 kms) dando-nos um pouco mais de fôlego mas mantendo a rigidez do tempo final nas 12 h.
Eu estava ali com o Daniel, o meu genro, tal como no ano anterior na semana que antecedeu a prova choveu muito e deixou a serra pejada de rios e ribeiros e o terreno muito mole que se transformaria muito facilmente em lama assim que os primeiros começassem a passar, não chovia quando partimos e o céu estava encoberto, o vento era praticamente nulo mas tínhamos tido um aviso que no alto da serra fazia muito vento e frio, e a acrescentar a isto digo eu também que em toda a serra a partir logo do início o nevoeiro era muito intenso e que por vezes dificultava a visão sobre as fitas que nos guiavam, os primeiros 9 kms até ao abastecimento foram um bom aperitivo (ajudaram por certo a que os primeiros a chegar fizessem tempos canhão, juntando aqui também os 6 kms finais quase planos), o certo é que aos 3 kms de prova já eu vinha em último, bem atrás do atleta que fazia de "vassoura" o meu grande amigo e camarada paraquedista José Carlos Fernandes, tinha feito uma paragem "técnica" e ninguém se apercebeu, contudo mais à frente reentrei no grupo de trás e ali fui mais algum tempo até que tive a necessidade de tirar os bastões do kamelbeck e começar a utiliza-los contrariando as ideias que tinha de os usar só lá mais para o alto da serra face à necessidade de ter as mãos libertas para melhor enfrentar os diversos obstáculos e quedas que iriam surgir, ora esta operação motivou novo atraso e comigo ficou o "vassoura", entrámos no abastecimento dos 9 kms em último mas ainda lá estavam alguns atletas a abastecerem-se. Para além de um pedacito de banana e um cubo de marmelada nada mais ingeri, despeço-me do "vassoura" e sigo, até final nunca mais o vi mas tinha sempre a informação nos PACs que os últimos vinham com ele e dentro dos limites horários, alguns deles bem conhecidos e amigos.
Até ao alto da Serra (km 14) nada de novo, muita água, pontes improvisadas com troncos, lama e pedras e rochas escorregadias, Há 2 anos não choveu a água daqueles ribeiros era cristalina, desta vez estava barrenta e de todas as vezes que já lá fui esta foi a única em que não bebi do ribeiro mas a tentação foi grande. A partir do alto da serra foi descer até à represa por um caminho, também novo para mim, cheio de água e lama onde o cuidado imperava para evitar as quedas, de resto nada de novo até chegar aos 17 kms onde estava o 2º abastecimento. A partir daqui o único pensamento eram os 25 kms e as 5 horas impostas para lá chegar, a Susana Brás ainda me interroga se chegaremos a tempo a este controlo e eu naturalmente tranquilizei-a dizendo-lhe o pior já estava para trás, a partir dali prossegui sozinho mas passado pouco tempo começo a aperceber-me que o percurso tinha sido alterado até chegar ao topo da montanha (890m), melhor é certo mas o pior estava ainda para vir, em 2012 descemos por pistas de ciclo-cross, socalcos enormes e um corta fogo a descer que era difícil travar e logo de seguida subir de novo ao topo sem dificuldades de maior, nesta edição descemos por uns socalcos bem mais pequenos e depois sempre a descer vertiginosamente a serra aos ziguezagues até encontramos de novo outro rio e as mesmas dificuldades já conhecidas na 1º subida. Este rio levou-nos de novo até ao fundo da serra onde estava instalado o 3º abastecimento e o controlo dos 25 kms (este local já conhecia de anos anteriores), esforcei-me ao máximo para chegar ali dentro co controlo, as 5h de prova mas não consegui, foram precisos mais 20 minutos.
Esperava já o pior com a eliminação, o meu estado físico era já muito débil e por isso qualquer decisão era aceitável, não sei porquê a organização decidira dar mais uma hora, creio que por algum atraso na partida e também face ao estado do terreno nos tivessem facilitado a vida, seguramente se assim não fosse perto de 20 atletas não teriam prosseguido em prova. Do mesmo modo sou informado que em Gondramaz seria também cedido mais uma hora para lá chegar, passariam a 10h. Pouco nada comi ali, o estomago como é habitual chega a uma altura pouco tolera em relação a alimentos, mesmo assim forço a banana, laranja e marmelada, muito pouco para as necessidades mas foi o que consegui. Encho de novo o kamelback e sigo viagem, pensando eu que iria encontrar o caminho mais fácil até chegar ao ponto mais alto deste trail (aliás como acontecera em 2012), mas não, novo rio e as mesmas dificuldades, o nevoeiro continuava, a visibilidade era agora mais difícil, o arvoredo era imenso, o caudal deste rio era forte e as pontes improvisadas serviam de passagem de um lado para o outro por forma a permitir a nossa progressão serra acima, as fitas de sinalização cor de tijolo nada ajudam, passam quase despercebidas, valeu-nos algumas vezes as autênticas avenidas que os atletas da frente iam deixando com a sua passagem, agora já percebia porque é que a organização nos concedeu 4 h para fazer apenas 12 kms de prova, ouve alturas de tanto serpentear com subidas e descidas íngremes, com quedas à mistura, uma delas de cabeça a baixo, me sentia sem forças para continuar mas ali não havia espaço para parar, trazia por perto mais dois atletas e isso deu-me alguma confiança quanto aos riscos que íamos correndo a cada instante, as cascatas impressionantes iam aparecendo, isto representava mais um esforço suplementar para prosseguir mas aquilo que os nossos olhos viam sempre nos dava outro alento para vencer aquela batalha,
finalmente aproximo-me do cume da serra de forma mais suave, o vento já é forte e o frio muito intenso e quanto mais cima pior vão ficando as coisas, não levo corta vento vestido, apenas uma camisola térmica e outra de alças, muito pouco para aquelas condições climatéricas. Um pouco antes de chegar ao topo os 2 atletas que vinham atrás de mim já seguiam à minha frente e encontram um atleta caído, falam com ele sem parar mas seguem sem prestar qualquer auxílio, não gostei da acção os regulamentos do trail impõem que caso encontremos um atletas impossibilitado de prosseguir se deve dar assistência até o próximo atleta chegar e assim sucessivamente, como já aconteceu anteriormente eu não preciso de regulamentos para assistir e ajudar quem precisa e foi o que fiz, aquele amigo estava com uma forte cãibra na coxa da perna esquerda e não conseguia sequer andar, deitei-o e forcei-lhe a ponta do pé com a perna esticada até ele sentir a dor, com mais 2 repetições levantei-o e lá seguiu andando atrás de mim, passado cerca de 1 km vinha perto e pergunto-lhe se está bem e faz sinal que sim. Aos 31 km novo abastecimento, mesmo no topo mais alto da serra, o frio era intenso e parecia que me entrava pelo corpo a dentro, nevoeiro com queda de cacimbo e vento forte fizeram com que abalasse depressa dali, avisei que vinha um atleta por perto em dificuldades e prossigo. Agora era a descer mas enquanto não saímos daquele alto despido de arvoredo o frio e o vento forte não nos abandonada, aqui as forças ainda eram escassas face à subida de 6 km que acabara de fazer, por isso corria de forma lenta mas constante até encontrar o refúgio da mata e do arvoredo dando quase a sensação que acabáramos de entrar numa estufa de ar quente, como ia molhado o frio nunca me abandonou.
O objectivo seguinte era o Penedo dos Corvos, descia agora a montanha e voltava a encontrar novo ribeiro com as mesmas dificuldades já conhecidas, aos 35km inicio a subida ao Penedo dos Corvos, estava curioso como chegaria a Gondramaz passando primeiro pelos penedos, há 2 anos fizera a entrada em Gondramaz por cima e depois descia os penedos, não sei porquê mas com 35 km em cima aquilo feito a subir é bonito mas bastante complicado, foi 1,5km com as costas viradas para a chegada e com entrada em Gondramaz por um sítio que não conhecia, depois foi descer até Espinho pelo mesmo caminho de então. Em Gondramaz tínhamos uma forte falange de apoio através dos amigos bombeiros a quem agradeço vivamente na pessoa da Sónia Antunes, minha amiga desde a 1ª edição, pelo fantástico trabalho que tiveram em toda a extensão da prova, por perto das dificuldades maiores da prova lá estavam eles, sem interferir mas sempre interessados no nosso bem estar, Ali em Gongramaz, fantástica aldeia entranhada em plena serra, estava o último controlo de tempo de passagem, precisamente aos 36,500kms, levei 9,25h para lá chegar, o limite eram as 10h de prova, entretanto estava preocupado com quem ainda vinha lá mais para trás pois sabia que alguns deles vinham com cerca meia hora de distância. Bebi uma mini e aconcheguei o estômago com duas tigelas de sopa, agradeci pessoalmente à Sónia Antunes e ao Sapador Bombeiro colega da minha filha dos sapadores de Lisboa que esteve sempre presente em toda a prova a apoiar os atletas e abalei serra abaixo já com a noite a cair.
Não tardou muito que tivesse de ligar o frontal, foi junto a uma ponte onde estavam 2 bombeiros, há 2 anos estavam lá outros e partilharam comigo um pouco do chouriço assado que estavam a comer, desta vez vi logo que não havia nada para partilhar, acendi o frontal e lá fui rio abaixo. Quem lá passou de dia sabe bem aquilo que vamos encontrar, imagine-se agora de noite! Por sorte quase colado a mim vinha um atleta que por ali ficou até chegarmos a Espinho com 41 kms de competição permitindo assim para mim e para ele maior tranquilidade naquela imensa escuridão e com tantos perigos à espreita. Havia partes desta descida para Espinho que andei ás arenhas, a noite não deixava ver as fitas, a cor de tijolo não ajudava nada, o branco ou o vermelho era o mais indicado, mas mesmo assim era de pensar colocarem naquele espaço entre Gondramaz e Espinho uns sinais luminosos bem visíveis para ajudar quem já ali chega de noite.
Até ao alto da Serra (km 14) nada de novo, muita água, pontes improvisadas com troncos, lama e pedras e rochas escorregadias, Há 2 anos não choveu a água daqueles ribeiros era cristalina, desta vez estava barrenta e de todas as vezes que já lá fui esta foi a única em que não bebi do ribeiro mas a tentação foi grande. A partir do alto da serra foi descer até à represa por um caminho, também novo para mim, cheio de água e lama onde o cuidado imperava para evitar as quedas, de resto nada de novo até chegar aos 17 kms onde estava o 2º abastecimento. A partir daqui o único pensamento eram os 25 kms e as 5 horas impostas para lá chegar, a Susana Brás ainda me interroga se chegaremos a tempo a este controlo e eu naturalmente tranquilizei-a dizendo-lhe o pior já estava para trás, a partir dali prossegui sozinho mas passado pouco tempo começo a aperceber-me que o percurso tinha sido alterado até chegar ao topo da montanha (890m), melhor é certo mas o pior estava ainda para vir, em 2012 descemos por pistas de ciclo-cross, socalcos enormes e um corta fogo a descer que era difícil travar e logo de seguida subir de novo ao topo sem dificuldades de maior, nesta edição descemos por uns socalcos bem mais pequenos e depois sempre a descer vertiginosamente a serra aos ziguezagues até encontramos de novo outro rio e as mesmas dificuldades já conhecidas na 1º subida. Este rio levou-nos de novo até ao fundo da serra onde estava instalado o 3º abastecimento e o controlo dos 25 kms (este local já conhecia de anos anteriores), esforcei-me ao máximo para chegar ali dentro co controlo, as 5h de prova mas não consegui, foram precisos mais 20 minutos.
Esperava já o pior com a eliminação, o meu estado físico era já muito débil e por isso qualquer decisão era aceitável, não sei porquê a organização decidira dar mais uma hora, creio que por algum atraso na partida e também face ao estado do terreno nos tivessem facilitado a vida, seguramente se assim não fosse perto de 20 atletas não teriam prosseguido em prova. Do mesmo modo sou informado que em Gondramaz seria também cedido mais uma hora para lá chegar, passariam a 10h. Pouco nada comi ali, o estomago como é habitual chega a uma altura pouco tolera em relação a alimentos, mesmo assim forço a banana, laranja e marmelada, muito pouco para as necessidades mas foi o que consegui. Encho de novo o kamelback e sigo viagem, pensando eu que iria encontrar o caminho mais fácil até chegar ao ponto mais alto deste trail (aliás como acontecera em 2012), mas não, novo rio e as mesmas dificuldades, o nevoeiro continuava, a visibilidade era agora mais difícil, o arvoredo era imenso, o caudal deste rio era forte e as pontes improvisadas serviam de passagem de um lado para o outro por forma a permitir a nossa progressão serra acima, as fitas de sinalização cor de tijolo nada ajudam, passam quase despercebidas, valeu-nos algumas vezes as autênticas avenidas que os atletas da frente iam deixando com a sua passagem, agora já percebia porque é que a organização nos concedeu 4 h para fazer apenas 12 kms de prova, ouve alturas de tanto serpentear com subidas e descidas íngremes, com quedas à mistura, uma delas de cabeça a baixo, me sentia sem forças para continuar mas ali não havia espaço para parar, trazia por perto mais dois atletas e isso deu-me alguma confiança quanto aos riscos que íamos correndo a cada instante, as cascatas impressionantes iam aparecendo, isto representava mais um esforço suplementar para prosseguir mas aquilo que os nossos olhos viam sempre nos dava outro alento para vencer aquela batalha,
finalmente aproximo-me do cume da serra de forma mais suave, o vento já é forte e o frio muito intenso e quanto mais cima pior vão ficando as coisas, não levo corta vento vestido, apenas uma camisola térmica e outra de alças, muito pouco para aquelas condições climatéricas. Um pouco antes de chegar ao topo os 2 atletas que vinham atrás de mim já seguiam à minha frente e encontram um atleta caído, falam com ele sem parar mas seguem sem prestar qualquer auxílio, não gostei da acção os regulamentos do trail impõem que caso encontremos um atletas impossibilitado de prosseguir se deve dar assistência até o próximo atleta chegar e assim sucessivamente, como já aconteceu anteriormente eu não preciso de regulamentos para assistir e ajudar quem precisa e foi o que fiz, aquele amigo estava com uma forte cãibra na coxa da perna esquerda e não conseguia sequer andar, deitei-o e forcei-lhe a ponta do pé com a perna esticada até ele sentir a dor, com mais 2 repetições levantei-o e lá seguiu andando atrás de mim, passado cerca de 1 km vinha perto e pergunto-lhe se está bem e faz sinal que sim. Aos 31 km novo abastecimento, mesmo no topo mais alto da serra, o frio era intenso e parecia que me entrava pelo corpo a dentro, nevoeiro com queda de cacimbo e vento forte fizeram com que abalasse depressa dali, avisei que vinha um atleta por perto em dificuldades e prossigo. Agora era a descer mas enquanto não saímos daquele alto despido de arvoredo o frio e o vento forte não nos abandonada, aqui as forças ainda eram escassas face à subida de 6 km que acabara de fazer, por isso corria de forma lenta mas constante até encontrar o refúgio da mata e do arvoredo dando quase a sensação que acabáramos de entrar numa estufa de ar quente, como ia molhado o frio nunca me abandonou.
O objectivo seguinte era o Penedo dos Corvos, descia agora a montanha e voltava a encontrar novo ribeiro com as mesmas dificuldades já conhecidas, aos 35km inicio a subida ao Penedo dos Corvos, estava curioso como chegaria a Gondramaz passando primeiro pelos penedos, há 2 anos fizera a entrada em Gondramaz por cima e depois descia os penedos, não sei porquê mas com 35 km em cima aquilo feito a subir é bonito mas bastante complicado, foi 1,5km com as costas viradas para a chegada e com entrada em Gondramaz por um sítio que não conhecia, depois foi descer até Espinho pelo mesmo caminho de então. Em Gondramaz tínhamos uma forte falange de apoio através dos amigos bombeiros a quem agradeço vivamente na pessoa da Sónia Antunes, minha amiga desde a 1ª edição, pelo fantástico trabalho que tiveram em toda a extensão da prova, por perto das dificuldades maiores da prova lá estavam eles, sem interferir mas sempre interessados no nosso bem estar, Ali em Gongramaz, fantástica aldeia entranhada em plena serra, estava o último controlo de tempo de passagem, precisamente aos 36,500kms, levei 9,25h para lá chegar, o limite eram as 10h de prova, entretanto estava preocupado com quem ainda vinha lá mais para trás pois sabia que alguns deles vinham com cerca meia hora de distância. Bebi uma mini e aconcheguei o estômago com duas tigelas de sopa, agradeci pessoalmente à Sónia Antunes e ao Sapador Bombeiro colega da minha filha dos sapadores de Lisboa que esteve sempre presente em toda a prova a apoiar os atletas e abalei serra abaixo já com a noite a cair.
Não tardou muito que tivesse de ligar o frontal, foi junto a uma ponte onde estavam 2 bombeiros, há 2 anos estavam lá outros e partilharam comigo um pouco do chouriço assado que estavam a comer, desta vez vi logo que não havia nada para partilhar, acendi o frontal e lá fui rio abaixo. Quem lá passou de dia sabe bem aquilo que vamos encontrar, imagine-se agora de noite! Por sorte quase colado a mim vinha um atleta que por ali ficou até chegarmos a Espinho com 41 kms de competição permitindo assim para mim e para ele maior tranquilidade naquela imensa escuridão e com tantos perigos à espreita. Havia partes desta descida para Espinho que andei ás arenhas, a noite não deixava ver as fitas, a cor de tijolo não ajudava nada, o branco ou o vermelho era o mais indicado, mas mesmo assim era de pensar colocarem naquele espaço entre Gondramaz e Espinho uns sinais luminosos bem visíveis para ajudar quem já ali chega de noite.
Em Espinho a preocupação já era outra, chegar antes do tempo da desclassificação, tinha 1,10h para fazer aqueles 6 kms finais e chegar antes das 12 h de prova, corri quase sempre até Miranda do Corvo, excepto junto à Levada, entretanto o meu Garmin já assinalava a bateria fraca e por isso já via mal os algarismos tapados com o aviso na horizontal, perto do jardim central um elemento da organização aparece ali a dizer que faltavam 3 minutos, pensei que era para as 12h, forço ainda mais o andamento pois ainda estava distante cerca de 500 metros, subo a rampa final num andamento mais rápido e entro no pavilhão de forma emocionada, corto a meta e vejo logo o Daniel junto à linha de chegada, o speaker anuncia o meu tempo 11,46h, tranquilizei, afinal faltava 3m para a meta e não para o limite de tempo, dobrei-me sobre os bastões para disfarçar a emoção do momento e recordar muito rapidamente as peripécias sofridas para chegar ali. Esta narrativa pode ocasionalmente ser inexata em alguns pontos de referência mas certamente não andarão muito longe da realidade.
Há alguns amigos a quem não posso deixar sem uma palavra de agradecimento, felizmente tenho muitos amigos ligados ao trail espalhados pelo país fora, ali em Miranda do Corvo não é excepção, eles andavam no terreno e eram tantos mas alguns nomes eu não consigo fixar, deixo um abraço de amizade a todos nas pessoas do Pedro Caetano, do João Lamas e da Sónia Antunes pela simpatia e apoio que deram. Eles estavam lá, mesmo que nada dissessem só a sua presença amiga e conhecida era o suficiente para aumentar a nossa auto confiança. Não esqueço também o trabalho dos voluntários, que simpatia, um muito obrigado.
Há alguns amigos a quem não posso deixar sem uma palavra de agradecimento, felizmente tenho muitos amigos ligados ao trail espalhados pelo país fora, ali em Miranda do Corvo não é excepção, eles andavam no terreno e eram tantos mas alguns nomes eu não consigo fixar, deixo um abraço de amizade a todos nas pessoas do Pedro Caetano, do João Lamas e da Sónia Antunes pela simpatia e apoio que deram. Eles estavam lá, mesmo que nada dissessem só a sua presença amiga e conhecida era o suficiente para aumentar a nossa auto confiança. Não esqueço também o trabalho dos voluntários, que simpatia, um muito obrigado.