quarta-feira, 12 de junho de 2013

Corrida do Sal, Alcochete, 9 de Junho 2013

Corrida do Sal, assim designado por se disputar numa das zonas onde ainda se produz o sal junto do estuário do rio Tejo. Este ano fui até lá, disseram-me que o percurso era todo em terra batida e areal, bem como a ausência de sobe e desce como convém em provas de curta distância, o ideal para continuar a recuperar os meus depauperados joelhos e articulações dos pés, um legado que ainda perdura da Ultra de S. Mamede.
Era um Trilho ainda desconhecido para mim e tinha alguma curiosidade em ver e conhecer as salinas do Samouco já que era novidade para mim observar isto de perto. Ir a Alcochete é somente para quem tem mesmo alguma coisa para fazer, apenas tinha ido lá por curiosidade e para ver uma superfície comercial bem conhecida,
como foi de Inverno para além da chuva que caiu e do frio que se fazia sentir, aliado a uma falta de abrigo coletivo num local que nem cobertura tem que proteja os visitantes no seu passeio pedonal junto ás lojas acabei por de lá sair bastante desiludido e sem vontade de voltar a Alcochete, até ao dia 9/6/2013 para participar na Corrida do Sal.
O dia esteve excelente, céu nublado sem vento e com temperatura amena, o secretariado da prova funcionava de forma simples ali em plena praia céu aberto, duas mesas a servir de suporte aos meios técnicos, distribuição de dorsais e sistema informático, funcionava de forma organizada e competente "despachando" rapidamente todos os que se aproximavam para levantar o seu kit desportivo.
Por ali deambulavam muitas caras conhecidas do Trail, da estrada e de outras iniciativas ligadas à corrida como no areal e ou provas e treinos noturnos. Do meu clube A.V. Silêncio estavam 4 elementos, todos eles já experientes nestas provas até 10 kms mas para mim ia ser mais um momento de algum aperto pois tal representa ritmos e esforço elevados a que normalmente não sou chamado a fazer.
De uma linha imaginária em pleno areal da praia partimos na direção da ponte Vasco da Gama, à direita viam-se os apanhadores de marisco que aproveitavam a maré baixa para tentar a sua sorte, nós indiferentes a isso percorríamos aquele pedaço de areal limpo e húmido com o prazer de podermos desfrutar de um dia tão bonito à descoberta de coisas e novidades ainda para alguns, como era o meu caso.
Parti mesmo no fim do pelotão, como normalmente faço, na companhia da Ana Pereira e assim segui durante as primeiras centenas de metros de praia, como não havia qualquer pacto entre nós aos poucos fui soltando a passada até adquirir um andamento confortável e resistente, foi desta forma que fui ultrapassando com naturalidade muitos atletas que entretanto tinham estabilizado da sua correria inicial.
Pouco depois entrámos no espaço reservado ás salinas do Samouco, creio que na edição anterior não se passou por lá, não sei o motivo, era um dos motivos que me levara a inscrever na prova pois tinha curiosidade em ver aquilo de perto, rapidamente fiquei desiludido pois esperava ir encontrar a cor branca do sal, os aparelhos para a sua extração e os montes formados
de sal tão caraterísticos que os comparo ás pirâmides do Egipto, salvaguardando como é óbvio as devidas proporções, mas não, encontrei sim vastos lagos de água como em qualquer lugar se encontram por ali e arredores, nem sinal de sal, a sua ausência leva-me a pensar que deve estar em maturação???, contudo em contra partida os locais por onde passámos permitiu ver a dimensão daquele espaço enorme, o piso bem tratado estava em excelentes condições para correr salvaguardando os cuidados mínimos para se evitar possíveis lesões . A reentrada no areal da praia dá-se exatamente por baixo da ponte Vasco da Gama com a ida ao Samouco e voltar, creio que já não me cruzei com os que seguiam na frente da corrida, nem isso era importante, eu continuava a forçar mas sem atingir l
imites proibidos, ultrapassava e era ultrapassado e tinha agora apenas os olhos postos na chegada, após a passagem de novo por baixo da ponte voltamos a ver ao longe a silhueta das casas de Alcochete, uma ligeira neblina impedia-me de fixar com clareza o que se via, o areal estendia-se agora à nossa frente, aqui e ali os ténis enterram-se na lama e na areia mais solta, o sol continuava escondido, do lado de lá do Tejo vislumbro muito te nuamente Santa Iria da Azoia, terra onde moro. O prazer desta corrida ia-se esfumando aos poucos na medida em que nos aproximávamos da chegada à meta, o piso de areia molhada e dura permitia rolar a bom ritmo e era uma pena estarmos já tão perto da meta. Na chegada os amigos lá estavam a saudar-nos, um pouco de areia solta e a meta, 58,42minutos depois de partir, para mim foi ótimo se considerar que este tempo foi conseguido ao mesmo tempo que levei a correr os 10,120kms do
percurso.

Na chegada fomos obsequiados com muita fruta que serviu para retemperar as forças depois daquele esforço que desenvolvemos nesta bonita prova.
Voltarei lá para o ano se tiver disponibilidade pessoal e física, gostei da simpatia das pessoas da organização à qual deixo desde já os meus parabéns na pessoa do seu responsável Fernando  Almeida, saliento também o apoio dado ao longo da prova com vários elementos a ajudar em pontos estratégicos do percurso para que não houvesse qualquer  confusão com enganos ou outros problemas a evitar.
O abastecimento de água no Samouco dado em copos de plástico foi brilhante, sinal que vamos aprendendo com alguns erros que se vão cometendo em provas que envolve a Natureza, ainda
assim alguns apressados não param, levam os copos e depois abandonam-nos espalhados pela praia, temos de continuar a sensibilizar as pessoas para o respeito que temos de ter para com a natureza e para com os outros que obrigatoriamente têm de fazer a limpeza do lixo lá deixado.
Espero que não mudem nada, o percurso é espectacular.
Fotos

5 comentários:

Anónimo disse...

Companheiro
a prova acaba por ser rápida e o ritmo elevado mas esteve muito bem.
Uma bela prova esta do Sal.
Abraço e continuação dessa garra.
António Almeida

Fernando disse...

Muito obrigado pela presença.
É sempre gratificante receber os atletas de referência nestas provas mais curtas. Partilho a sensação de tristeza, o sabor a pouco, quando chego à meta, especialmente neste percurso que faço com regularidade (excepto a entrada nas salinas que é restrito) mas em todas as provas curtas que preenchem a minha alma com emoções positivas.
Até sempre amigo Joaquim Adelino

Isa disse...

Gosto sempre dos seus relatos Joaquim. Descreve muito bem a prova e como se sentiu durante a corrida.
Beijinhos e boas corridas

Jorge Branco disse...

Cá um daquelas poucas provas que ainda me dão vontade de correr com dorsal, vamos ver se à terceira é de vez e para o ano consigo fazer a prova!

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Adelino, permita-me discordar que só vai a Alcochete tem tem de lá ir fazer alguma coisa! E claro que Alcochete não é o Centro Comercial. Eu "descobri" há pouco tempo, 2 ou 3 anos e é muito bonito! Para passear e há por lá bons restaurantes com boa comida também.

E agora temos também a Prova do Sal de que sou fã!

Pois partimos mesmo de trás e claro que não havia pactos... mas eu senti-me um bocado cansada e com algumas dificuldades respiratórias. Fui como consegui e já me dou por satisfeita (por esta vez!)

Fico contente por o Adelino estar a recuperar bem de S. Mamede, e descanse que espero ainda correr bons kms ao seu lado (sem pactos, simplesmente porque o ritmo de ambos pode ser semelhante, como foi nos Trilhos das Lampas)

O Sal...pois...também não percebo nada mas é ali - nas ditas águas que vimos - que se extrai, se forma ou produz, nem sei bem que palavra usar.

Creio que as Salinas tẽm também visitas guiadas e provavelmente teríamos a aprender...mas aina não foi desta