Para minha satisfação cheguei ao fim de um ciclo que considero espectacular.
|
Uma pequena amostra |
Com a participação no dia 30 de Junho de 2012 no Ultra Trail da Serra da Freita fechou-se um capítulo de provas de dureza assinalável que fazia parte de um lote cuja ambição de concretizar era um claro objectivo nesta fase da minha condição de trailista cuja ascensão dou como terminada, isto é, de agora em diante ficar-me -ei por provas cuja dimensão não ultrapasse os 50 kms.
O Ultra Trail da Serra da Freita era e foi um objectivo conquistado no passado dia 30 de Junho, foi uma prova extrema, a mais dura que encontrei até hoje, já o sabia antes de a iniciar pois fui lendo nos últimos tempos pequenas dicas que iam deixando na Internet, as fotos entretanto publicadas indiciavam isso mesmo, mesmo assim a vontade de lá estar ultrapassava tudo independentemente das dificuldades criadas para esta Edição de 2012.
Tinha feito a 1ª tentativa em 2010 mas diversos factores aliados à inesperiência e a uma deficiente preparação física fez com que não conseguisse ir para além dos 40 kms por ter excedido o tempo limite imposto pela organização da prova nessa altura (8,30h.).
Conhecedor das dificuldades até pouco mais de meio da prova (excepto as novas alterações) preparei-me excepcionalmente bem para a Edição deste ano, para isso participei em algumas provas de Trail, acompanhado ainda de alguns treinos, com o objectivo de acumular kms e ir ao mesmo tempo vencendo dificuldades que me iriam ajudar a enfrentar esta prova rainha do Trail em Portugal, desde o trilho dos Abutres, Sicó, Penafirme, Ultra trail de Sesimbra, Ultra Trail de S. Mamede, Vale de Barris, Reixida, são alguns exemplos, daí a confiança com que parti a caminho destas magníficas Serras.
Queria terminar, tinha 5 horas para fazer a cada 20 kms e sabia que se tudo corresse bem iria terminar dentro do tempo limite imposto pela organização que são as 17,30h.
|
Sinto-me feliz por isto |
Tinha previsto não fazer a prova sozinho, conversei com alguns amigos em sondagem prévia e não encontrei grande receptividade, algum receio à mistura com ritmos que não podiam acompanhar inviabilizou logo à partida essa possibilidade e como se pode agora concluir após o termo da prova eles tinham razão. Ao fim de 1 km de prova olho para trás e já não vejo quem queria ver e prossigo em frente, não queria ser barrado de novo por exceder o tempo previsto como acontecera há 2 anos ainda que tivesse de assumir alguns riscos para o conseguir. Tinha chovido toda a noite e isso iria representar mais dificuldades à nossa progressão no terreno escorregadio, com muita pedra e rocha bem como os rios com os caudais mais elevados em que era preciso cuidados redobrados, contudo enquanto corremos não pensamos muito nisso, vamos vencendo metro a metro e ultrapassando os obstáculos que nos vão surgindo de forma progressiva e a cada momento com dificuldade maior.
|
Subindo, uma constante m toda a prova |
Até chegar ao Rio Paivô (creio ser assim que se chama), com cerca de 17 kms de prova, o percurso é muito acessível mesmo com as alterações também ali efectuadas que aumentaram o grau de dificuldade após a descida do Trilho dos Íncas. É por esta altura que encontro uma atleta a sangrar abundantemente dos 2 joelhos, estava junto a ela outra atleta a dar-lhe algum apoio, soube mais tarde que foi levada para o Hospital de Arouca por familiares ou amigos!!!
Prossegui e pouco depois na aproximação ao Rio Paivô num trilho com muita pedra solta (percurso novo) dou o 1º trambulhão de costas que me deixou muito maltratado na zona do cocsis (deve ser assim que se escreve) mesmo ao fundo das costas, logo ali pressenti que o resto da prova iria ser doloroso pois os movimentos das pernas e a cada passava as dores eram imensas, tomei consciência de imediato que teria de conviver com aquilo até ao final da prova se a quizesse concluir.
Apesar de ter chovido o caudal do Paivô poucas alterações teve mas as rochas que ladeiam as margens do rio tornaram perigosas e escorregadias ao ponto de eu ter caído pelo menos duas vezes dentro de água sem qualquer consequência física de assinalar.
|
Uma pausa para a foto |
Embora a dor no cocsis me limitasse o andamento e também a reação aos desiquilíbrios constantes consegui sair deste rio sem mais mazelas, contudo foi satisfação por pouco tempo. Ao sair deste rio e com destino ao estradão que passava ali perto com destino ao 1º abastecimento e posto de controlo desiquilibro-me para trás quando subia uma pequena inclinação, tentei equilibrar-me dando uns passos para trás mas o calcanhar bate numa pedra e a queda é inevitável, enrolei-me todo para tentar evitar grandes estragos já que o local era rochoso e muito irregular, depois de parar e deitado de costas comecei a fazer o exame do que podia estar mal e aparentemente pareceu-me que tudo estava bem, o camelback safou-me as costa e a cabeça protegi-a om o enrolamento que tinha feito, levantei-me e reparo de imediato que do meu braço esquerdo jorra um fio de sangue em resultado de um golpe profundo no antebraço com cerca de 5 cm de extensão, tentei estancar a hemorragia mas sem sucesso, segui e vejo logo ali 2 elementos junto ao rio (não sei se eram da organização) que se preocuparam mais com a sinalização do que com o estado em que eu estava, dizem-me que o apoio estava ali a 1,5km, foi sínica esta atitude pois tinham ali uma viatura a escassos metros onde tinha tido o acidente. Prossigo resignado, o sangue começa a coalhar e pára de escorrer, 10 minutos depois chego ao posto de controlo e abastecimento e não vejo qualquer posto de socorro, nem ambulância nem nenhum socorrista por perto que era suposto estar por ali, as duas pessoas que estavam no apoio dos abastecimentos viram-me e ficaram como não tivessem visto nada, ignoraram pura e simplesmente, foi um atleta que ali estava (José Guimarães a quem mai uma vez muito agradeço) que me socorreu dando-me um pouco de Betadine e uma ligadura para proteger a ferida que estava muito feia, trabalho este feito pela senhora que estava no apoio mas que teve alguma relutância em o fazer, creio que pelo facto de estar cheio de sangue e nem todos estarem preparados para ver aquilo.
|
A falar com a Analice, ela estava pouco confiante |
Isto passou-se no 1º ponto de controlo e abastecimento, deixei recado para comunicarem o meu estado e para que os meios de socorro viessem ao meu encontro porque eu ia prosseguir, como resposta obtive a frustrante comunicação de que ali não havia rede e não era possível comunicar, parti na esperança de ter sido ouvido e que alguma coisa iria ser feito.
Depois de ter atravessado novos trilhos abertos exclusivamente para esta prova e outros mais antigos, atravessado a Drave e outras encostas bastante agrestes e rochosas chego ao abastecimento dos 30 kms que estava colocado na base da subida à Garra, aqui chegado pergunto novamente pelos meios de socorro que tinha pedido anteriormente, informam-me que nada sabem, talvez no próximo abastecimento aos 40 kms dizem-me. A ligadura estava agora enterrada entre 2 inchaço que sobressaíam nos topos da ligadura e comecei a recear o pior, pedi de novo para ligarem a pedir socorro e de novo me dizem que não têm rede telefónica!!!
Embrenho-me rio abaixo à espera de iniciar a subida da Garra mas depressa percebi que também ali o percurso foi alterado, nada que já não estivesse à espera e por isso não me senti surpreendido, estava ali o novo trilho batizado dos aztecas, mal se percebia o trilho a seguir e não fora as fitas bem assinaladas no mato rasteiro seria dificil encontrar o caminho.
|
A partida ás 8h. |
De volta ao rio, que devia estar seco mas com as chuvas da noite tinha um caudal assinalável obrigou-nos a andar pelas bermas subindo e descendo pedregulhos e rochas de alguma dimensão até que nos apareceu finalmente a indicação da subida da Garra que não sendo a mais alta ia deixar mossa, o início foi muito penoso dada a forte inclinação e a inesistência de qualquer trilho por onde passar, foi subir, subir até encontrar o trilho dos Íncas que nos levaria depois até à Póvoa das Leiras onde estava o 2º ponto de controlo e também o abastecimento, cheguei lá com 8,45h. (Foi precisamente ali que há 2 anos desisti da prova juntamente com o Fernando Andrade por termos chegado fora do controlo), desta vez já tinha amealhado 1,15h para o pecúleo final e era já uma enorme esperança que ia conseguir concluir aquilo, registo a chegada ali com o meu chip e de novo pergunto pela assistência que devia estar ali e informam-me que de ambulância nada sabem, passo-me dos carretos e manifesto o meu desagardo e mostro o estado em que tenho o braço, não serviu de nada e de novo peço ajuda e voltam a dizer que ali não existe rede!!! Incrível, como é possível? Peço-lhes para comunicarem com o Moutinho para tomar previdências para me resolverem o problema, irritado volto-lhes as costas e prossigo, logo um elemento (da organização?) veio atrás de mim e obriga-me a mostrar todo o equipamento obrigatório, não fosse o desejo tão grande que me acompanhava em terminar esta prova e tinha ignorado aquela exigência (apesar de estar no regulamento) (o apoio médico também estava!) como sou educado e respeitador das regras deixei para segundo plano o mal que já me tinham feito e parei, voltei atrás e mostrei aquilo que pretendiam, creio que nem um obrigado consegui ouvir mas também não esperava mais do isso, o silêncio.
|
José Guimarães que me socorreu |
Parti à procura de atravessar o ponto mais alto do percurso, creio que a subida das leiras, embora seja a Serra mais alta, a mais de 1.100 metros de altitude, foi aquela que menos me custou a fazer, o trilho era feito de pedra e na maior parte dava gosto caminhar por ali, foi uma longa subida até chegar ás Eólicas, depois foi descer até chegar aos 50 kms onde estava situado mais um abastecimento, apenas estavam duas pessoas e uma mesa de apoio onde estavam alguns produtos para comer e beber. Perguntei de novo informações sobre os meios de socorro que de há muito venho pedindo, obtive a resposta já esperada, nada sabiam. Disse o meu nome e apelei para que contactassem o Moutinho para ter os meios indispensáveis para me socorrer à minha chegada, nesta altura já não pedia para irem ao meu encontro mas sim que esperassem por mim e me levassem ao Hospital quando chegasse.
Abasteço o camelback e prossigo à procura de chegar ao ponto de controlo seguinte que estava nos 60 kms de prova, ultrapassei encostas e vales, rios com água cristalina que bebia apesar de levar a camelback cheia, mas aquilo dava-me um prazer enorme, esquecia por vezes as dores no cocsis e ignorava o estado em que se encontrava o meu braço, queria era chegar mas novo adversário se aproximava, a noite.
Chego aos 60 kms já de noite mas ainda em condições de ver onde punha os pés, o frontal de pouco valia ali pois os sinais luminosos estavam colocados apenas para lá dos 60 kms. Estava com um avanço de +- de1,30h. em relação ao fecho do controlo de passagem naquele local, o suficiente para me sentir feliz por conseguir chegar ali e sonhar com a chegada. Desisti de procurar pelos bombeiros e peço novamente apoio para a chegada, ali informam-me que vão fazer o que podem, como uma sopa e sigo com mais 3 amigos que tiveram a gentileza de esperar por mim para atacar mais uma Serra de extrema dureza até ao planalto a mais de mil metros de altitude, antes visto o corta vento para me proteger do muito frio que fazia e finalmente coloco o frontal.
|
Hugo Santos, autor de algumas fotos |
Partimos para o ataque a mais uma brutal subida mas depressa concluí que não tinha andamento para os acompanhar e fui ficando aos poucos para trás, achei bem que tivessem seguido pois estava tranquilo e sabia que eles não deixariam de ir dando uma olhadela a ver se eu por lá vinha. Esta subida, tal como as outras foi brutal ainda por cima debaixo de uma escuridão total, a certa altura aponto o frontal para a minha direita e dou conta que caminho ao lado de um temível precipício, redobro os cuidados a ter mas as forças já não são muitas, procuro caminhar por locais mais seguros mas tenho de seguir os pontos luminosos que ficam mesmo à beira do abismo, aquilo deve ser bonito para quem lá passou de dia mas à noite aquilo é medonho. À frente vejo os meus companheiros e são um bom ponto de referência, atrás já vejo alguém ao fundo a subir a Serra e fico mais tranquilo, ao fim de mais de 3 kms chego ao planalto da Serra, agora com nova ameaça, o nevoeiro estava a tomar conta do alto da Serra tornando inoperacional o frontal na descoberta dos sinais luminosos indispensáveis á minha progressão, receei o pior pois não via nada nem sabia por onde prosseguir, não existia sequer um trilho que me conduzisse e o pouco que existia deixava-me baralhado, procurava não perder a orientação ia e vinha e assim fui descobrindo caminho até começar a descer para a povoação onde estava situada o controlo dos 65 kms. Mal avisto a Aldeia a emoção tomou conta de mim, dali já podia ver o alto da Mizarela, local de chegada e apesar de ainda estar a 5 kms de distância, mas a satisfação era enorme, à cerca de 15 kms que não fazia outra coisa que andar, andar sempre, queria era chegar ali.
|
Aos 60 kms, com a noite a cair |
Mal entro na povoação vejo o José Moutinho vir ao meu encontro (responsável máximo da prova e por quem tenho muito apreço) a informar-me que tinha tido conhecimento do meu problema e que nada pode fazer na altura, mas não era isto que eu queria ouvir e fiquei muito desiludido, mais desiludido fiquei quando ele me informa que a prova tinha sido interrompida naquele local à alguns minutos devido ao nevoeiro e à perigosidade daquele troço final com a descida e depois a subida do PR7, ainda insisti inocentemente para me deixarem prosseguir mas ele foi inflexível e informou-nos que seríamos todos classificados, faltavam 5 kms e ainda tinha um crédito de 2,30h para alcançar o meu sonho, em circunstâncias normais têlo-ia conseguido, por isso fiquei feliz por ali ter chegado e concluído com sucesso este meu grande objectivo. Fomos logo encaminhados (eu e os 3 colegas que seguiam à minha frente) para o local da meta onde já se encontravam de alerta os bombeiros de Arouca que já tinham sido alertados para o meu problema, logo fizeram o prognóstico e concuíram que tinha de passar pelo Hospital dada a gravidade da lesão e o estado em que também já estava o braço em torno da ferida devido à ligadura que protegia a ferida, foi tomar um banho e comer uma sopa no companhia do Luís Mota, brilhante vencedor desta magnífica prova.
|
Impressionante |
Fui bem tratado no Hospital apesar de agora a recuperação poder não ser total devido à morte de muitas células na parte que se separou e devido ás muitas horas (15 no total) que estive sem receber assistência, ficará lá possivelmente um buraco e uma cicatriz a assinalar a minha passagem e conquista da Freita. Agradeço também com uma palavra de muito apreço aos bombeiros que me levaram ao Hospital e de mim tomaram conta até voltar de novo ao Parque de Campismo da Mizarela onde estava acampado.
Deixo aqui também uma palavra de profundo desagrado pela falta de assistência nos locais onde não deveriam ter faltado, existe um regulamente em que se compromete a assistência médiaca aos atletas em prova, nós confiamos na organização quando partimos confiantes que em caso de necessidade os meios estão lá espalhados pelo terreno, o que se passou pode ser considerado um crime e a organização no terreno não se pode eximir de responsabilidades, ninguém no terreno estava em condições de apoiar fosse o que fosse, não se viu um responsável sequer em todo o percurso a acompanhar os atletas e a saber se estava tudo a correr bem, e como se sabe é ali que precisamos desse apoio e não na meta para nos saudar e dar os parabéns. Imensos atletas chegaram feridos com maior ou menor gravidade ao primeiro posto de controlo logo a seguir ao Rio Paivô, é de uma imensa irresponsabilidade a ausência de apoio médico naquele local, mas esta irresponsabilidade estendeu-se a toda a prova sem que alguém da organização tomasse medidas para resolver o problema, confiaram na sorte abandonando quem por ventura neles confiara.
|
Sálvio Nora, o mentor desta magnífica prova |
Esta crónica que faço não tem como objectivo denegrir a imagem seja de quem for, respeito demasiado esta prova e nas pessoas que com competência a têm realizado, as chamadas de atenção que faço ao pormenor pretendem que seja uma lição para quem tem a responsabilidade de conduzir um processo desta envergadura e que envolvem a vida de muitas pessoas pois os riscos que se correm são elevadíssimos e quem participa tem de ter a garantia que os mínimos (já para não falar nos máximos) de assitência estarão salvaguardados.
Deixo claro que não fiquei traumatizado, adorei explorar aquelas imensas serras que envolvem toda a Freita, sabia ao que ia e os perigos envolventes e voltaria a fazer tudo de novo mas chegou a altura de parar um pouco e refletir, atingi nesta altura aquilo que pretendia, vou continuar porque não prescindo de tantos e bons amigos que tenho encontrado e que estimo mas de forma mais moderada, dificilmente farei provas acima dos 50 kms e assim de forma progressiva vou ao encontro do que se impõe a um homem a entrar daqui a pouco na casa dos 65 anos, até lá estarei sempre onde estiverem os meus amigos.
Eis o local onde terminou a minha corrida aos 65 kms e o vídeo a mostrar o fascinante local da descida e a subida do PR7 que terminava com a meta ali a 1km.
Veja aqui as classificações
15 comentários:
Brilhante e emocionante relato, amigo. Nºao fazia a mínima ideia do que te tinha acontecido.
Passeì a probva a tentar alcaçar-te e tu a pensares que eu ia à tua frente. Deves ser a pessoa de quem o Rui Pinho e eu mais falamos durante a prova, pois tinhamos a esperança de te alcançar.
Quem me dera aos 45 ser como tu aos 65. Um enorme abraço.
ANTES DE TUDO DUAS PALAVRAS: GRANDE HOMEM!!!! MAS, O QUE FIZEMOS NO SÁBADO FOI BRINCAR COM O FOGO. CEDO PERCEBI (AOS 20KM) A AUSÊNCIA DE QUALQUER AUXÍLIO MÉDICO E APOIO AO LONGO DO PERCURSO QUE FIZ. NEM VIVALMA DA ORGANIZAÇÃO TIRANDO OS ABASTECIMENTOS QUE ESTAVAM A FAZER UM FRETE (EXCEPÇÃO DOS 40KM QUE NÃO TENHO NADA A APONTAR. NO ENTANTO TIVE DE IR À BOLEIA PARA A META, NÃO DA ORGANIZAÇÃO MAS DE PESSOAS AMIGAS QUE VIERAM DE PROPÓSITO AÍ RECOLHER-ME AO FIM DE 2 HORAS!!.TAMBÉM TIVE 1.15H DE AVANÇO EM RELAÇÃO AO CONTROLO DOS 40KM...QUE SE ESFUMARAM NOS EXCESSOS DE RIOS.....E AS 4 HORAS DE DIFERENÇA NA SAÍDA FIZERAM-TE MUITA FALTA NO FINAL POR CAUSA DO NEVOEIRO. ELE BEM DIZIA QUE, A TER DE PREJUDICAR ALGUÉM SERIAM OS ÚLTIMOS.(VÁ-SE LÁ PERCEBER O QUE PRETENDE COM ISSO???) INCLUSIVÉ TIVER DE DAR BOLEIA AO VASSOURA, QUE AOS 40KM CHEGOU COM A ANALICE COM 12.15H DE PROVA!!!!E QUE, AO PRETENDER PROSSEGUIR A RECOLHER AS FITAS, TEVE DE DESISTIR POIS OS DO ABASTECIMENTO DOS 50KM NÃO IAM ESPERAR POR ELE!!!! ALGO ESTÁ MAL NESTA ORGANZAÇÃO NÃO TE PARECE? FALAREMOS MELHOR DEPOIS E UM BARAÇO MAIS PARA TI, Ó PÁRA DO CAMANDRO, DO CATANO E DO CAR....
Bravo Joaquim Adelino!
Esta prova não é para qualquer um e é preciso mesmo muita raça e determinação para conseguir ultrapassá-la...
Nem mesmo as adversidades que lhe surgiram o fizeram desistir do sonho e só mesmo a interrupção da prova, pelos motivos que referiu o obrigou a ficar pelos 65km!
Parabéns pela prova, pela determinação e garra que demonstra!
Abraço
Antes de mais os parabéns pelo seu excelente desempenho e a sua força de vontade absolutamente extraordinária.
Sou um amante incondicional das provas de trail e da dureza das mesmas.
Mas há provas que já roçam mais um desafio de sobrevivência extrema que uma normal prova de trail mas quem participa sabe ao que vai e se gosta tudo bem!
A grande questão é que não basta traçar um percurso de extrema dureza e muito perigoso tem que se ter meio proporcionais aos perigos que o percurso encerra.
Pelo seu relato a prova não tem meio de segurança, não de perto nem de longe, proporcionais aos perigos que o percurso contem.
A continuarem a actuar dessa maneira os responsáveis da prova arriscam-se a que venha a acontecer uma tragédia na mesma.
Uma coisa é um grupo de amigos organizar um treino / aventura outra é organizar um prova com todas as responsabilidades que isso implica.
Se não há condições para dar segurança a uma prova simplesmente tem que baixar o nível de risco da prova para os meios que a prova pode proporcionar.
Mais não digo por respeito ao passado dos organizadores do Ultra Trail da Serra da Freita e por tudo o que tem dado ao trail em Portugal, mas é altura de repensar o futuro se não querem ficar na historia do trail em Portugal pelos piores motivos.
Palavras para quê?! Adorei a narrativa, uma autêntica epopeia. Lamento pelo teu ferimento.
É inacreditável e inaceitável a falta de assistência médica prontamente. Os atletas ficam durante a prova por sua conta e risco. Não devia ser assim.
Pelos vistos a Organização esteve mal.
Parabéns por levares a cabo tão dura aventura.
Um abraço
Leonel Neves
Amigo,
Mais uma vez um relato extraordinário de uma aventura que não o deve ter sido menos! Lê-se sem parar. Quanto à insegurança no decorrer da prova, que obviamente nos preocupa a todos, os que amamos este desporto (mesmo que já não tenham condições físicas para o praticar, como eu), certamente que os organizadores, por quem todos temos o maior respeito, vão procurar resolver e não arriscar em futuras edições. Uma palavra final para a memória de um grande amigo, o saudoso Sálvio Nora, que ninguém, que tenha tido o privilégio de o conhecer, esquece. Grande abraço e parabéns por mais esta proeza.
Caro Amigo
Espero que se encontre bem. Volto a felicitá-lo pelo desafio superado.
Os meios de evacuação e socorro são uma situação a melhorar, acredito que a organização tudo fará para melhorar em futuras edições.
A prova tem um enorme carisma e será, em meu entender, a “Meca do Trail” com inscrições a esgotar em menos de 24 horas.
Para que isso aconteça é implementar as sugestões de melhoria e todos nos sentiremos satisfeitos.
Votos de rápidas melhoras.
Relato vivo, bem vivo de quem gosta da corrida e acima de tudo tem o objetivo de atingir uma meta, uma meta dificil mas SUA. É isto que carateriza o espírito do corredor de fundo...
Sobre o perigo de um dia acontecer um acidente fatal nos Trails em Portugal é algo que nos preocupa pois uma coisa é a dureza dos percursos das condições atmosféricas, do volume dos Km, outra é colocar a vida e a integridade física dos participantes em perigoe sem os devidos cuidados de assistência média efetiva e rápida. Temos estado em várias provas de ultra distãncia quer a trabalhar nas organizações quer como modesto corredor mas reparo sempre que há um "atrás do palco" onde equipas de profissionais e com bom equipamente estão em alerta permanente para que não aconteça desastres graves.
Em Portugal ainda essa é uma situação bastante rara.
Para´béns pelo esforço, pela vontade de querer CHEGAR MESMO AO FIM!
Mário Machado
Grande Adelino. Um relato soberbo, que deu para visualizar o cenário até à Povoa das Leiras(40Km) que já conheço. Pelo que contas, nada foi feito em relação à segurança (bem sei que quem quer segurança, não pode meter-se nestas provas "extreme"), mas seria essencial que, nos pontos de maior risco, ou pelo menos, em cada posto de controlo, houvesse uma caixa de primeiros socorros. Ou então que isso faça parte do material obrigatório (ou aconselhável) a transportar por cada um. É uma pena que o nosso amigo Moutinho, com larguíssima experiência nesta Prova, descure esta matéria de tão grande importância. É que, como tem sido dito, se acontece um azar que, por falta de assistência, pode ser fatal...adeus provas de Trail, que deixam de ser autorizadas. Isso seria a pior coisa que podia acontecer, principalmente porque sabemos que era possível evitar, ou pelo menos minimizar os efeitos. Outra coisa que não percebi, foi a mudança da hora da partida. Ora não seria melhor que se passasse de noite a parte menos perigosa do percurso, quando todos estão ainda muito agrupados, do que pôr os atletas a contornar e descer precipícios, quando estão sozinhos e sem visibilidade? E depois, com um ar protector, vem impedir que, depois de um esforço de 65Km, se conclua o desafio! É claro que isto é correcto, o que não é correcto é não se ter previsto que isto iria acontecer. Se estava previsto, foi maldade.
Mas o importante, amigo Adelino, é que conseguiste cumprir o objectivo, embora com um sabor amargo. Ah... e já agora, desculpa que te diga, mas não acredito que tenhas fixado a fasquia nos 50Km!.
Grande Abraço e as melhoras dessa ferida que, pelo que contas, terá a função de tatuagem, tipo "Amor *a Freita",eheh.
Joaquim, fico mto contente pelo facto de ter conseguido realizar o seu objectivo, mas mto triste por tudo o que lhe aconteceu, durante a prova. De facto é cada vez mais complicado organizar provas com grau de dificuldade elevada que consiga satisfazer a todos ( os que lutam pela vitória e os que tentam chegar ao fim sem pensar em tempos ou classificações ) mas uma coisa não pode ser deixada para trás que é garantir a segurança de todos. Isso tem de ser garantido!!! O ano passado participei na freita e n passei nem presenciei nada de mais a não ser lesões musculares em alguns atletas, mas deixa-me preocupado este relato, esperando que a organização fará tudo para que no próximo ano não se repitam os problemas. As melhoras e que tudo corra bem..
Joaquim tb senti a mesma falta de meios de socorro, na Geira e na nocturna do Axtrail!!! Em ambas estive para desistir, numa aos 44 km, por causa de um pequena dor na perna, e na 2ª devido a uma ferida na palma do pé!!!
Continuo a afirmar que os percursos são maravilhosos, mas penso que o pessoal de socorro (principalmente na Geira), não estava ali motivado!!!
Falei com o Sr. Moutinho antes da Prova de Alvaiázere sobre falhas graves na Geira, mal eu sabia que não teria qq assistência ao longo de toda a PROVA NOCTURNA!!!
Lamento, mas acho que estas críticas têm como motivação a melhoria, já que os Bombeiros noutras provas foram fantásticos...
Dou o exemplo dos Bombeiros no Trilho dos Abutres!!! Simplesmente FANTÁSTICOS!!!
Na dúvida, fiz mt bem não ir à FREITA, não vou a ÓBIDOS, nem à próxima do AXTRAIL!!!
Há que seleccionar as PROVAS que tenham condições mínimas de segurança!!!
Melhoras rápidas e boa sorte.
Grande Adelino, parabéns em 1º lugar pela excelente prova e em 2º pelo relato que nos deixa da mesma.
Subscrevo as palavras do Fernando Andrade quanto às questões relativas à segurança e à prestação de cuidados médicos. É incrível como organizadores tão cotados ainda sujeitam quem neles acredita a este tipo de tratamento, como alguém já aqui escreveu "criminosos".
Questões como a mudança da hora, aparentemente questão 'menor' e que se vem a revelar afinal de capital importância. Bastava à organização pensar um bocadinho antes de fazer ...
Mas o realce vai sem dúvida para a prestação extraordinária que o Joaquim conseguiu, fruto de muito trabalho prévio e de um querer e abnegação ímpares.
Muito Parabéns.
Adelino
Está tudo dito. Tentei entrar em contacto contigo através do tlm e falei nisso à tua filha ao verificar que vocês não tinham "rede". Se acontecesse alguma coisa como é que poderiam entrar em contacto com a organização? Aconteceu e mesmo assim não tiveste o apoio médico necessário quando chegaste aos locais de controlo.
Já me tinha acontecido na Geira a falta de profissionalismo do pessoal da ambulância que me recolheu, agora a ti acontece isto, sei que és um homem duro de roer e daí teres acabado a prova nas condições que acabaste, mas como eu digo no meu 'face', nessas não me meto eu, quero ver os meus netos crescerem.
Recupera bem e até aos 50 km tens-me como companhia, mas em provas onde a segurança dos atletas não seja uma palavra vã.
Para sobreviver já tivemos a nossa guerra, lá longe onde o sol castiga mais.
Grande Abraço!
Parabéns companheiro pela grande conquista.
Abraço,
António Almeida.
Parabéns pela conquista Sr. Adelino! O seu relato teve o condão de por vezes me sentir no meio da prova... magnífico.
1 abraço
Rui Almeida
Enviar um comentário