Continuando a preparação para os grandes desafios desta época, Serra de S. Mamede e Serra da Freita de 100 e 70 kms respectivamente e que se situam entre Maio e Junho deste ano de 2012, estive hoje a participar nos Trilhos de Sicó em Condeixa a Nova na distância exacta de 38 kms. É a 3ª vez consecutiva que lá vou a corresponder com igual número de realizações até ao momento. Fui acompanhado de mais 2 colegas dos AVS (Amigos do Vale do Silêncio), um deles já repetente, o Paulo Portugal, e o Eurico Charneca que mais uma vez representou as cores do nosso Clube.
Depois de há uma semana ter concluído a Maratona de Sevilha esperava grandes dificuldades para esta prova, já conhecia de anos anteriores e por isso quando vi quem era o homem vassoura que acompanharia a cauda da corrida (José Magro) disse-lhe logo que era ali que eu seguiria e assim foi desde o início da prova até chegar perto dos 20 kms. Fiquei ali atrás por duas razões: Salvaguardar do esforço da Maratona de Sevilha e para ajudar o Paulo de Portugal, colega da minha Equipa, e que nunca tinha enfrentado tal distancia. Cedo ficámos para trás e fechávamos a cauda do pelotão, o José Magro sempre com a preocupação de não deixar ninguem para trás ia-nos incentivando, (de salientar que o J. Magro na semana anterior tinha também participado e terminado com sucesso a Maratona de Sevilha) e agora seguia ali numa missão nobre e de grande sacrifício, o de não deixar para trás nenhum atleta. Por volta dos 20 kms decido avançar mais, os joelhos já começavam a ceder e tinha de aumentar o ritmo para chegar o mais depressa possível, a partir dali segui sempre sozinho ao mesmo tempo que as dificuldades do percurso iam aumentando.
Seguia descansado porque o Paulo estava bem entregue e sabia que iria chegar bem à meta embora esta distância de 38 kms ainda fosse desconhecida para ele. O Charneca já ia bem lá para a frente e também sabia que ele iria fazer uma excelente prova pois está habituado ao Trail através da sua participação em diversas edições da Volta ao Minho. Fui sempre ultrapassando outros atletas que entretanto entraram em maiores dificuldades. Na subida para as antenas, depois de Jasmilo e quando já estavam decorridos 28 kms deparo-me com um amigo da Açoriana prostrado no chão e em grandes dificuldades, nem exitei e auxiliei-o de imediato, as câimbras estavam a dominá-lo na perna esquerda e fiz o que era preciso naquele momento pressionando a ponta do pé com a perna esticada na sua direcção até que a dor passasse e tudo voltasse à normalidade. Depois de o colocar de pé de imediato verificou que aquilo ficara melhor tendo de imediato iniciado a sua marcha. Fiquei feliz por ele poder prosseguir, não o conhecia mas sei que ganhei ali mais um amigo, no final da prova lá estava ele e não deixou de me agardecer mais uma vez a ajuda que lhe dei, aqui fica o seu nome: Vitor Rafael, foi um valente ter prosseguido depois daquele susto.
O maior tormento para mim continuavam a ser os joelhos mas hoje conseguia descer as serras de Sicó sem o sofrimento comparável com a Serra da Lousã cuja organização pertenceu à Associação Abútrica de Miranda do Corvo há 1 mês atrás, o percurso muito bem traçado era na sua maioria constituído por trilhos com muita pedra tornando-se em alguns casos muito complicado superar as dificuldades que iam surgindo, os pés a partir dos 30 kms começaram a criar bolhas junto aos joanetes mas não dava para estar preocupado com isso, queria era chegar o mais depressa possível e ir descansar, nos abastecimentos muito bem compostos divertia-me bastante com o pessoal de apoio, ora tirava fotos ora filmava para mais tarde recordar e ia seguindo encontrando de vez em quando um amigo em dificuldades, uma palavra de apoio e os olhos bem postos no chão pois não queria voltar a cair depois de um valente trambulhão devido a torção num pé quando entrei no Ribeiro (seco) logo a seguir às Buracas.
Finalmente chegava a Condeixa, desta vez por um caminho diferente das anteriores edições, apesar de dura aquela subida final junto a uma povoação gostei de avistar logo dali a meta a pouco mais de 1km, o apoio recebido ao longo das últimas centenas de metros foi espectacular, compensou-nos do esforço e da dureza que tivemos de vencer e no centro da localidade no local de onde tinha partido umas horas antes lá estava a meta de passadeira vermelha a receber-nos. Muitos amigos por perto, como gostei de os ver, lá estava também o Charneca que chegara com 3,47h de prova, impressionante, já tinha tomado o seu banho e o almoço repousava já regaladamente no seu estômago. Comi e bebi no Buffet posto logo ali à nossa disposição onde não faltou a cerveja a copo e outras bebidas adequadas ao momento.
Finalmente encerrou mais esta Edição de Trail com a chegada do José Magro (com o estatuto de vassoura) e o Paulo Portugal, meu colega dos AVS, com 6,09h de prova.
Concluí mais este desafio, repartido com uma 2ª parte mais rápida, com a marca de 5,25h. para os 38 kms exactos.
Uma palavra de apreço a toda a equipa da Associação o Mundo da Corrida pela excelência e dedicação que puseram no terreno para que nada faltasse aos atletas no desempenho da sua missão. Para o Bombeiros uma saudação pelo seu empenho durante todo o percurso e pelos incentivos e conselhos que foram danto aos atletas. Aos meus colegas de Clube agradeço a companhia neste fim de semana e a forma como nos divertimos durante este período de tempo. Voltaremos ali.
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