segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Trail Terras de Sicó, 26/2/2012

Continuando a preparação para os grandes desafios desta época, Serra de S. Mamede e Serra da Freita de 100 e 70 kms respectivamente e que se situam entre Maio e Junho deste ano de 2012, estive hoje a participar nos Trilhos de Sicó em Condeixa a Nova na distância exacta de 38 kms. É a 3ª vez consecutiva que lá vou a corresponder com igual número de realizações até ao momento. Fui acompanhado de mais 2 colegas dos AVS (Amigos do Vale do Silêncio), um deles já repetente, o Paulo Portugal, e o Eurico Charneca que mais uma vez representou as cores do nosso Clube.
Depois de há uma semana ter concluído a Maratona de Sevilha esperava grandes dificuldades para esta prova, já conhecia de anos anteriores e por isso quando vi quem era o homem vassoura que acompanharia a cauda da corrida (José Magro) disse-lhe logo que era ali que eu seguiria e assim foi desde o início da prova até chegar perto dos 20 kms. Fiquei ali atrás por duas razões: Salvaguardar do esforço da Maratona de Sevilha e para ajudar o Paulo de Portugal, colega da minha Equipa, e que nunca tinha enfrentado tal distancia. Cedo ficámos para trás e fechávamos a cauda do pelotão, o José Magro sempre com a preocupação de não deixar ninguem para trás ia-nos incentivando, (de salientar que o J. Magro na semana anterior tinha também participado e terminado com sucesso a Maratona de Sevilha) e agora seguia ali numa missão nobre e de grande sacrifício, o de não deixar para trás nenhum atleta. Por volta dos 20 kms decido avançar mais, os joelhos já começavam a ceder e tinha de aumentar o ritmo para chegar o mais depressa possível, a partir dali segui sempre sozinho ao mesmo tempo que as dificuldades do percurso iam aumentando.
Seguia descansado porque o Paulo estava bem entregue e sabia que iria chegar bem à meta embora esta distância de 38 kms ainda fosse desconhecida para ele. O Charneca já ia bem lá para a frente e também sabia que ele iria fazer uma excelente prova pois está habituado ao Trail através da sua participação em diversas edições da Volta ao Minho. Fui sempre ultrapassando outros atletas que entretanto entraram em maiores dificuldades. Na subida para as antenas, depois de Jasmilo e quando já estavam decorridos 28 kms deparo-me com um amigo da Açoriana prostrado no chão e em grandes dificuldades, nem exitei e auxiliei-o de imediato, as câimbras estavam a dominá-lo na perna esquerda e fiz o que era preciso naquele momento pressionando a ponta do pé com a perna esticada na sua direcção até que a dor passasse e tudo voltasse à normalidade. Depois de o colocar de pé de imediato verificou que aquilo ficara melhor tendo de imediato iniciado a sua marcha. Fiquei feliz por ele poder prosseguir, não o conhecia mas sei que ganhei ali mais um amigo, no final da prova lá estava ele e não deixou de me agardecer mais uma vez a ajuda que lhe dei, aqui fica o seu nome: Vitor Rafael, foi um valente ter prosseguido depois daquele susto.
O maior tormento para mim continuavam a ser os joelhos mas hoje conseguia descer as serras de Sicó sem o sofrimento comparável com a Serra da Lousã cuja organização pertenceu à Associação Abútrica de Miranda do Corvo há 1 mês atrás, o percurso muito bem traçado era na sua maioria constituído por trilhos com muita pedra tornando-se em alguns casos muito complicado superar as dificuldades que iam surgindo, os pés a partir dos 30 kms começaram a criar bolhas junto aos joanetes mas não dava para estar preocupado com isso, queria era chegar o mais depressa possível e ir descansar, nos abastecimentos muito bem compostos divertia-me bastante com o pessoal de apoio, ora tirava fotos ora filmava para mais tarde recordar e ia seguindo encontrando de vez em quando um amigo em dificuldades, uma palavra de apoio e os olhos bem postos no chão pois não queria voltar a cair depois de um valente trambulhão devido a torção num pé quando entrei no Ribeiro (seco) logo a seguir às Buracas.
Finalmente chegava a Condeixa, desta vez por um caminho diferente das anteriores edições, apesar de dura aquela subida final junto a uma povoação gostei de avistar logo dali a meta a pouco mais de 1km, o apoio recebido ao longo das últimas centenas de metros foi espectacular, compensou-nos do esforço e da dureza que tivemos de vencer e no centro da localidade no local de onde tinha partido umas horas antes lá estava a meta de passadeira vermelha a receber-nos. Muitos amigos por perto, como gostei de os ver, lá estava também o Charneca que chegara com 3,47h de prova, impressionante, já tinha tomado o seu banho e o almoço repousava já regaladamente no seu estômago. Comi e bebi no Buffet posto logo ali à nossa disposição onde não faltou a cerveja a copo e outras bebidas adequadas ao momento.
Finalmente encerrou mais esta Edição de Trail com a chegada do José Magro (com o estatuto de vassoura) e o Paulo Portugal, meu colega dos AVS, com 6,09h de prova.
Concluí mais este desafio, repartido com uma 2ª parte mais rápida, com a marca de 5,25h. para os 38 kms exactos.
Uma palavra de apreço a toda a equipa da Associação o Mundo da Corrida  pela excelência e dedicação que puseram no terreno para que nada faltasse aos atletas no desempenho da sua missão. Para o Bombeiros uma saudação pelo seu empenho durante todo o percurso e pelos incentivos e conselhos que foram danto aos atletas. Aos meus colegas de Clube agradeço a companhia neste fim de semana e a forma como nos divertimos durante este período de tempo. Voltaremos ali.
Classificações Fotos

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Maratona de Sevilha 2012

Um pouco empenados após a chegada
Com a deslocação este fim de semana a Sevilha concluía a13ª Maratona de estrada, a 9ª nos últimos 3 anos. Foi a 3ª vez consecutiva que ali me desloquei, talvez por ser para mim aquela onde um corredor se sente mais à vontade desde o 1º ao último minto, mal se entra naquele Estádio Olímpico o esquema organizativo conduz-nos de tal forma que a nossa única preocupação é fazermos bem o nosso trabalho, isto é, desfrutarmos de todo aquele ambiente colocado à nossa disposição e correr aquilo que nos compete aproveitando o excelente percurso que a cidade nos oferece.
É por isso que voltei lá mais uma vez e voltarei se nos próximos anos tiver saúde e me sentir em condições de continuara fazer a distância da maratona. Não me vejo a fazer outra maratona fora do nosso país, embora pense que Sevilha estando num nível muito elevado haverá por certo outras que estarão ao mesmo nível ou superiores, a juntar a isto está também o excelente convívio que se consegue num fim de semana na companhia de muitos amigos, quer na viagem quer durante a estadiA.
Para esta Maratona fui acompanhado de muitos amigos cuja organização de toda a logística foi da responsabilidade da Associação do Mundo sa Corrida cujos resultados se podem considerar um sucesso, aliás como é apanágio das suas realizações cabendo aqui uma palavra de agradecimento à Margarida Henriques e ao Eduardo Santos do modo agradável como as coisas decorreram.
Os Amigos do Vale do Silêncio levaram uma equipa de 5 atletas, 3 deles eram estreantes na Maratona e quero deixar aqui uma palavra de apreço pela coragem demonstrada e por sem exitações terem cumprido desde a primeira hora o desafio a que se propuseram e ás 9,30h. lá estavam eles na partida no estádio olímpico de Sevilha, nervosos é certo mas com a confiança necessária para vencer aquele desafio.
Parti na companhia do Juca, era um dos estreantes e quis ir comigo para se sentir mais à vontade e fazer os primeiros Kms de forma controlada, marcámos o objectivo das 4 horas e para tal desde cedo que a média foi estabelecida nos 5,30m por km, o Hernâni e o Filipe ficaram juntos e o Joaquim Gomes ficou só e fez a sua prova tal como há 1 ano atrás. Os 10kms foram ultrapassados com 56m, bem dentro dos objectivos traçados, os abastecimentos estavam a cada 2,5kms entre si o que ajudava a uma boa hidratação, pelos 15 kms somos alcançados pelo Filipe e pelo Hernâni naquilo a que posso chamar de alguma surpresa pois imaginava-os lá mais para a frente, mas conforme chegaram depressa se puseram a andar, o Juca estava danadinho para ir com eles mas conseguiu conter-se e continuar comigo, penso que tomou a decisão certa pois ainda faltava muitos kms para o fim e pela forma como os nossos amigos chegaram e seguiram era arriscado demais para ele, do Joaquim não sabia nada nesta altura. Entretanto atingimos a meia maratona com 1,58h, já com pelo menos 2 minutos abaixo do nosso objectivo, mas sabia que era muito curto para o objectivo final das 4 horas.
Entretanto comecei a aperceber-me que algo não corria bem com os nossos estreantes que nos tinham ultrapassado aos 15kms, seguiam agora a cerca de 150 metros á nossa frente, não tentámos forçar para chegar até a eles pois isso poderia ser-nos fatal para o resto da prova e optámos por respeitar os tempos de passagem a cada km para atingir o objectivo fina, até aos 25/26 kms seguimos com eles à vista. Seguíamos ainda confortavelmente, até ali o Juca provavelmente para me agradecer pela prova que estava a fazer e o à vontade que seguia em toda a prova já percorrida prestou-me um excelente apoio durante os abastecimentos transportando até mim a água que recolhia em todos os postos que íamos alcançando, evitando assim que eu descordenasse o meu andamento e prejudicasse a nossa média. Aos 28 kms o Juca apercebe-se que eu começava já a ter algumas dificuldades de manter o ritmo que trazíamos e simpaticamente faz-me sinal que vai prosseguir sozinho, depressa dei o "meu consentimento" pois sabia que mais nada podia fazer para o ajudar pois encontrava-me dentro dos meus limites e ele ali já não fazia nada e partiu à procura do desconhecido e da glória final com a entrada em pleno Estádio Olímpico. A partir dali procuro manter o meu andamento pois encontrava-me ainda dentro do objectivo final, bastava-me manter o ritmo abaixo dos 6m e não fazer paragens junto dos abastecimentos como acontecera no ano anterior, com grande sacrifício ia conseguindo palmilhar os kms até que avisto o Filipe a andar a cerca de 200 metros, vi logo que as suspeitas que eu tinha estavam certas e tento aproximar-me mais para ver o que se passa, pouco depois voltou a correr para aos 38 voltar a andar, nesta altura colo-me a ele e ele diz-me que tem muitas dores e estava a tentar chegar, digo-lhe umas palavras de encorojamento e sigo sem saber da gravidade da lesão e aquilo que tinha sofrido até chegar ali. Aos 40 kms sou alcançado pelo Joaquim Gomes, ainda ia tentar chegar antes das 4 horas e convida-me a seguir com ele mas recuso pois o meu ritmo ia já nos limites e um pouco acima dos 6m. e só queria era chegar. Tento não perder esta referência do Joaquim e faço um esforço final e tal como no ano anterior entro no Estádio com uma sensação enorme dentro de mim por ter conseguido completar mais uma Maratona, desta vez sempre em passo de corrida contrariando a tendência das últimas que tenho feito. Termino com 4,01,30h, menos 12 minutos que a edição anterior e menos 36 minutos que a recente Maratona de Lisboa.
3 minutos depois chega o Filipe, dou-lhe um abraço tal como fiz aos outros, é então que fico a saber do sofrimento que teve de enfrentar para ali chegar, chegou mesmo a ser aconselhado palas equipas médicas de apoio a desistir para não agravar a lesão que trazia no pé, mas galhardamente voltou à estrada a chorar pois só queria era completar a maratona. Até final foi-se arrastando acabando por afectar também a outra perna por tanto ter procurado defender o pé da perna afectada, foi um herói revelador de um grande espírito de sacrifício tornando-o num verdadeiro maratonista cujo valor é merecedor de todos os elogios. Renovo-lhe daqui as rápidas melhoras com a certeza que voltará para vencer este desafio agora de forma mais confortável como sei que ele é capaz, o seu tempo final foi de 4,04h. Voltará para pulverizar esta marca, não tenho dúvidas.
O Hernâni fez também quase toda a prova com problemas físicos ao nível do joelho e acompanhou o Filipe enquanto ainda podecorrer, depois seguiu e conseguiu chegar com a marca de 3,54h. O Juca, que aparentemente seria aquele que estaria com a preparação mais atrasada devido a problemas físicos ainda conseguiu chegar com 3,56h. Finalmente o Joaquim Gomes com a sua corrida "solitária" conseguiria a marca de 4h, 1 minuto abaixo do alcançado no ano anterior nesta mesma maratona. Envio-lhes daqui os meus repetidos parabéns pelo feito na certeza que a partir daqui tudo será diferente para eles no que diz respeito ás corridas, ao superarem a prova rainha da estrada atingem um objectivo sonhado por todos os corredores, para eles nada mais será como antes.
Voltaremos para o ano, essa foi a vontade demonstrada por todos, esperamos aumentar o número de AVS para a próxima edição, ali existem todas as condições para o êxito de quem queira "atacar" esta mítica prova, ficam todos convidados.
Classificações Classificações diversas

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Maratona de Sevilha aí está, será a minha 13ª em estrada.

Em 2011
Vem aí a minha 13ª Maratona de estrada, a 9ª nos últimos 3 anos. A próxima é a de Sevilha já no próximo Domingo dia 19 de fevereiro de 2012.
Desta vez vou acompanhado de mais 4 atletas do meu Clube, Amigos do Vale do Silêncio, 3 deles vão ser estreantes o que a mim causa uma satisfação enorme. Esta é a 3ª vez consecutiva que vou a Sevilha, a 1ª fui com o Costa em representação do CCD de Loures, a 2ª em 2011 fui com o Joaquim Gomes (estreia na Maratona) em representação dos AVS e agora será a 3ª vez também em representação dos Amigos do Vale do Silêncio de novo com o Joaquim Gomes e com as estreias na Maratona dos Amigos, Filipe Ramalho, Juca Jacob e o Hernâni Monteiro, a partir daqui desejo-lhes desde já muita sorte.
Em 2010
A deslocação será feita como desde a 1ª vez em Autocarro alugado e sob o patrocínio do Forum O Mundo da Corrida, a quem desde já agradeço o trabalho desenvolvido a nível de logística, não só no que se refere ao transporte mas também no que se refere à estadia com a marcação prévia de Hotel para pernoitarmos.
Como sempre vamos mais uma vez contar com a excelente claque do Mundo da Corrida que de forma bem barulhenta tem  feito ouvir o seu apoio aos atletas portugueses na estrada e em pleno Estádio Olímpico de Sevilha.
Anexo duas fotos de 2010 e 2011 que demonstram bem a força e união que reprenta sempre cada deslocação desta fantástica família em torno do Fórum o Mundo da Crrida.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Cúmulo da Indecência no Parque Urbano de Santa Iria da Azóia.11/02/2012


Tinha estado a ver imagens em directo pela TV da grande manifestação de Lisboa de indignação pela política assassina do "nosso" governo e contra a política de miséria e de roubo que vêm impondo ao nosso povo, na impossibilidade de ter estado presente a proveitei o fim de tarde para mais um treino no Parque Urbano de Santa Iria da Azóia. Pelas 17 horas estava a iniciar o treino e quase me vieram as lágrimas aos olhos pelo que estava a assistir, LIXO E MAIS LIXO. Achei aquilo incrível e pensava que nos dias de hoje ouvesse mais respeito pelo meio ambiente e pela causa pública quando ocupamos o seu espaço. No dia 9 de Fevereiro disputou-se ali o Corta-Mato Escolar,aliás como acontece quase todos os anos, só que desta vez quem organizou aquele evento (Luís jesus Eventos) esqueceu-se que aquilo é um espaço público aberto a toda a gente desde crianças a idosos passando por desportistas que ali fazem a sua manutenção ou treino de competição. Na quarta-feira encarregaram-se de ocupar todo o espaço incluíndo os trilhos por onde normalmente passam os praticantes da corrida ou caminhada não se dando ao trabalho de os deixar abertos e no dia seguinte então fechá-los conforme planeado para a competição em causa. Nada dissemos e arranjámos trilhos alternativos, o Luís Jesus estava lá a vigiar e nem uma palavra dirigiu a justificar o quer que fosse. Após o Evento, na quinta-feira dia 9 de Fevereiro à tarde/final do dia observei o péssimo estado em que tinham deixado aquilo a nível de limpeza, ainda acalentei esperança que aquilo fosse limpo logo pela manhã do dia seguinte, mas nada agora era fitas espalhadas por todo o circuito paus caídos por todo o lado pondo em risco a integridade física dos frequentadores e visitantes. Hoje pela tarde a desilusão total, por aquilo que os meus olhos viam e por repulsa por quem teve a pouca vergonha de deixar o Parque naquele estado. Denuncio a total falta de respeito que a Empresa Luís Jesus Eventos demonstrou ao tomar a atitude de se ter servido daquilo enquanto responsável técnico pelo evento com a montagem de toda a estrutura de apoio ao evento e no final desmontar a "Tenda" mal e porcamente deixando todo o tipo de LIXO espalhado por onde diariamente passam centenas ou milhares de pessoas, grande parte delas são crianças acompanhadas pelos pais para pequenos passeios. Luís Jesus Eventos organizou em espaço público cedido gratuitamente o Corta-Mato Escolar e cobrou certamente ao Estado os honorários para pagamento dos seus serviços, logo é responsável por ter de deixar aquele espaço limpo tal como o encontrou, não cabe aos serviços camarários limpar a porcaria que lá ficou pela simples razão que nada cobrou a quem daquilo se serviu.
Aquilo que exigimos é que rapidamente seja feita a limpeza e reposta a higiene necessária que tem sido apanágio daquele espaço, Pela Jesus Eventos ou qualquer outra entidade porque a saúde pública pode estar em risco se isso não for feito com a máxiama urgência. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

G.P. de Grândola, 5 de Fevereiro de 2012

Desta vez fui assistir em Grândola ao G.P. de Grândola em Atlrtismo, aproveitei uma oferta que os Amigos da minha Equipa me fizeram e nem exitei. Da deslocação fazia parte um grelhado no campo após a conclusão da prova. Aproveitei ainda para tirar algumas fotos que podem ser vista no link publicado em baixo.
Aproveitei ainda para descansar um pouco das corridas e cumprimentar alguns amigos que por lá apareceram.
Dentro de 15 dias será a vez de Sevilha, a Maratona que até ao momento mais gostei de fazer, e já vai para a 3ª vez.

Fotos G.P.Grândola

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ultra Trail dos Abutres, 3ª Parte

Após a queda levantei-me lentamente e vi que estava inteiro, só feri a parte do joelho que estava destapada mas não dava para grandes preocupações já que a rótula não tinha sido afectada, de seguida voltei à corrida com cuidados redobrados já que o carreiro era fundo e muito estreito com a agravante de ser a descer, aqui os bastões foram um auxiliar muito importante já que permitia aliviar um pouco a carga sobre os já depaupurados joelhos. Mal tínhamos começado a percorrer o novo percurso, os tais 13 kms acrescentados à Edição deste ano, as dificuldaes começaram logo a aumentar com o aparecimento de uma descida terrível apimentada com cerca de 20 sucalcos, uma espécie de muros em terra batida com desnível de mais de 50% e com cerca de 2 metros de fundo, para muitos descer aquilo era a mesma coisa que fazer SCU na Serra da Estrela pois não havia outra forma de o fazer. o Jorge já resmungava a plenos pulmões atrás de mim e eu ia descendo já cheio de dores nas articulações dos joelhos, olhei para o fundo e vi aquilo espalhado por ali abaixo vaticinei logo que iria sair dali muito mal tratado, mas segui e o Jorge ia lentamente descendo cada um daqueles sucalcos, de repente passa por nós a Célia Azenha que nem um foguete, estava no seu terreno preferido que são as descidas, tinha-a ultrapassado cá bem para trás durante as duras subidas que enfrentámos e por isso vi logo que uma prova com aquelas carateríscas está bem talhada para ela.
Ultrapassado aquele "mimo" continuámos a descer a Serra na mesma encosta que subíramos até aos 800 metros mas agora num grau mais acentuado na vertente de descida, de súbito surge-nos um corta-fogo que era uma autêntica auto-estrada com muita terra e pedra solta cuja extensão se perdia de vista e muito acentuada, aqui os bastões mais uma vez ajudaram-me bastante, tentei correr naquela brutal descida mas aquilo que consegui foi seguir num ligeiro trote já que os joelhos mais não permitiam, mais atrás o meu camarada de corrida continuava a praguejar e a ameaçar que iria parar pois não conseguia correr com as dores que sentia em todas as articulações dos membros inferiores, desejava chegar para dizer umas coisas feias ao Vitorino, claro que entendi isso como um desabafo mas em termos psicológicos pouco resultou porque passado uns instantes já me estava a dizer que não conseguia e para eu seguir, continuei por mais alguns momentos por ali e ia de vez em quando olhando para trás a ver se ele vinha, mas não, vinha descendo muito devagar e a andar tomando eu então a decisão de prosseguir  sozinho naquele meu suplício pelo corta-fogo abaixo, via-se ao fundo Miranda do Corvo local de onde tínhamos partido ácerca de 25kms e ainda faltava mais 20 para lá chegarmos. Mas a descida implacável continuava tendo-se agravado a sua inclinação nos últimos 200 metros que para eu responder não tive outro remédio senão descer o resto a andar tendo cuidado de onde punha os pés sob o risco de voltar a cair.
Olho para trás e já não vejo o Jorge aquela inclinação final não me permitia vê-lo e por isso prossegui. Não tardou muito que após andar um pouco no plano para a esquerda voltámos a apontar ao alto da montanha para voltar quase até ao ponto onde desviáramos para percorrer estes 13kms, enfrentámos então uma subida duríssima, tinha pouco antes ultrapassado 3 atletas e seguia agora rampa acima com determinação ajudado pelos meus bastões, cabe aqui acrescentar que a utilização dos bastôes permite uma economia de esforço na ordem dos 35% já que o auxílio dos braços é determinante na divisão do esforço necessário, ainda assim é necessário também ter uma boa preparação muscular para enfrentar  aquela brutal subida. Esta subida não contorna a Serra, vai a pique por um pequeno corta fogo com muitos ramos de arvores caídas obrigando-nos a fazer grande ginástica para ultrapassar aquilo. Num ponto já muito alto volto a olhar para trás e continuo sem ver o meu companheiro, aqueles a quem tinha ultrapassado iam parando de vez em quando para recuperar forças, sigo agora numa zona ainda a subir mas onde se pode já correr um pouco, os meus joelhos recuperaram um pouco na subida e permitiam-me agora correr sempre que a inclinação da Serra o permitisse. Chega o abastecimento dos 30 kms a mesa estava bem recheada de de comida apropriada para nos alimentar do esforço já dispendido, depois de me considerar satisfeito, e não é preciso muito, peço ajuda aos bombeiros para me fazerem o curativo das feridas que trazia desde a queda, coisa que uma simpática bombeira fez com muito carinho.
Sigo depois de novo Serra acima com o pensamento no Jorge que provavelmente iria ficar por ali... ao mesmo tempo pensei no meu colega Paulo Portugal e se ele teria tido o bom senso de parar num dos abastecimentos e ficar por ali, e neste meio tempo já estou de novo perto dos 700 metros de altitude quando a Dina Mota me alcança e mais um amigo das Lebres do sado que a acompanhou sempre, aproveito e sigo com eles com alguma dificuldades mas consigo apanhar o passo até àAldeia de Gondramaz, a descida foi longa até atingirmos esta Aldeia e de novo os joelhos a obrigarem a ter algum cuidado, ainda assim consegui aquela companhia tão preciosa até chegar ali. Parei ali mesmo e descansei um pouco pedi para me tirarem uma foto junto daquela pequena mas bonita Aldeia tendo até pedido a um miúdo que ficasse a meu lado enquanto pai nos fotografava, mas o meu encanto por aquela Aldeia não ficava por aqui e enquanto corria ao atravessar a Aldeia ia filmando com a minha pequena máquina aquela maravilha para o meu arquivo pessoal ao mesmo tempo que arfando ia falando com alguma pessoas  que me ia cruzando. Dali até à meta faltariam uns 13 kms, 8 deles em descida brutal e ainda não sabia que o pior estava para vir. Conhecia a descida do ano anterior e era essa que eu imaginava que tinha pela frente, puro engano, como estava bom tempo a organização traçou um percurso alternativo pelo Penedo dos Corvos na distância aproximada de 1 km, isto é, subimos um pouco acima do nível do Ribeiro até atingir os penedos e por ali andámos saltitando de pedra em pedra agarrados a correntes e cordas com o perigo sempre presente face aos precepícios que constantemente nos surgiam ora de frente ora de lado, eu ali andei quase a rastejar com escorregadelas constantes tentando minimizar algum estrago maior, qualquer queda ali seria fatal.
Alcancei um casal que seguia à minha frente, ela à mais pequena dificuldade já não tirava o trazeiro do chão fazia-se escorregar, havia muita lama e as pedras eram escorregadias e por isso nem sei como aquilo já não ia tudo rôto, consegui livrar-me daquele suplício já com os joelhos de novo em muito mau estado, pensei no Filipe e no Hernâni ainda com pouca esperiência em Trails e ainda por cima com esta dureza, como não cheguei perto deles presumi que se estariam a dar bem com aquilo.
Atinjo de novo a orla do Ribeiro depois de descer nem sei como aqueles montes de pedra e lama numa percentagem de descida a rondar os 50%, quase a pique, e sigo agora Serra abaixo por trilhos mais acessíveis e onde se podia de novo correr. Até à Aldeia de Espinho onde estava o último abastecimento ainda encontro pelos 36 kms de prova uma equipa de bombeiros que ali mesmo à beirinha do Ribeiro tinham a mesa bem composta e uma fogueira a seu lado onde tinham acabado de assar um chouriço da Região, não me fiz de rogado e abanquei logo ali, estava com 8 horas de corrida e a fome já era muita, mas bastou duas rodelas de chouriço, pão, um pouco de água e a simpatia  daqueles rapazes para que saísse dali com a barriga aliviada e o coração cheoi de gratidão. Até ao abastecimento em Espinho situado no sopé da Serra fui quase sempre acompanhado com alguns atletas que já trazia desde os rochedos dos corvos, ali chegado já sozinho, tínha-os deixado para trás, parei apenas 1 minuto tempo suficiente para comer um pedaço de marmelada e beber um copo de água partindo logo de seguida, faltavam 5 kms para a meta agora num percurso quase todo ele plano e acessível a fazer-se em passo de corrida, já perto de de Miranda sou ultrapassado por dois dos meus companheiros anteriores de corrida, vinham muito bem e não fui capaz de os acompanhar e segui no meu passo que era já de grande sacrifício. 
À chegada invadiu-me uma grande satisfação e em certos momentos a emoção apoderou-se de mim, subia agora aquele pequeno monte como que a despedir-me daquela linda Serra e dos tremendos sacrifícios que lá passei. no alto deste pequeno monte lá estavam alguns amigos a dar uma forcinha moral para aqueles metros finais, parei junto deles emocionado comprimentei-os, já tinham chegado e ali estavam eles à espera dos que ainda iam chegando, a seu lado mais 3 trailrs espanhóis também me filicitavam fui junto deles e agradeci e só depois é que me lembrei que ainda não tinha cortado a meta, 200 metros à frente entrei no Pavilhão e fiquei maravilhado, uma volta de honra e a meta ali mesmo a meio do recinto, estava feliz e o spiker logo tratou de me arrancar algumas palavras sobre a prova, creio que não disse nada de jeito e até parece que não estava ali, tinha acabado de fazer a prova mais dura que tenho memória e também aquela mais longa que fiz até hoje. De seguida aparece-me o Filipe e de novo tenho dificuldade em falar, recupero um pouco e então pergunto pelos outros e fico ainda mais contente por saber que tudo tinha corrido bem com eles, o Filipe fez um tempo muito bom 7,39h. o Hernâni 8,17h. e o Paulo tinha desistido aos 30 kms.
O Jorge Pereira acabou por chegar à meta não se deixando vencer pelas dificuldades que foram surgindo.
Dada a inutilidade do meu Garmin nesta prova tive dificuldade na obtenção exacta dos números conseguidos por mim, entre os 44,800kms de alguns e os 46kms da Carmen andará o meu registo de kms, no final obtive a marca oficial de 9,00,27h. (o 2º maior tempo utilizado por mim em provas depois da Serra da Freita onde gastei 9,20h. para percorrer 40 kms).
Já muito foi dito sobre a prova, partilho da opinião que esta será das mais duras e difíceis que por cá se vão fazendo, compará-la à Freita talvez seja despropositado mas salvaguardando as devidas proporções não tenho dúvidas que as supera todas.
Voltarei em breve nas terras de Sicó.