segunda-feira, 26 de junho de 2017

Uma miragem sobre a Serra da Freita, o sonho e a realidade!

A magia da Freita continua tal como sempre a encontrei, com alguns retoques ela vai-se actualizando conforme os traçados escolhidos ano a ano pelos responsáveis que a modernizam. Não há planos seja de quem for que ali chegue e saiba o que o espera com a certeza que quando parte a batalha será ganha. Tantos sonhos que mais uma vez ficaram adiados para muitos, alguns deles profundos conhecedores de todos os meandros da Freita mas que a resistência física e mental não conseguiram vencer. Organizar uma prova destas requer um estudo permanente aliado ao conhecimento da Serra e adaptá-lo à resistência e capacidade humana, ora isto tem sido feito ao longo das 12 edições que a prova já leva. Pelas imensas capacidades que a Serra da Freita tem é de prever que continuem os testes à nossa capacidade física e resistência mental continuando a aumentar as dificuldades a cada ano que passa. É com o sonho de a vencer que as centenas de atletas partem à sua conquista sempre que se apresentam à partida, a boa disposição, a confiança que em si depositam, a boa preparação que trazem e o bom conhecimento que já têm da serra é motivo suficiente para um sentimento positivo para vencer e ultrapassar todas as dificuldades. Este é o sentimento de todos quando partem mas a realidade dura e crua para todos aparecerá lá muito mais para a frente quando a dureza e as dificuldades da prova começam a aparecer, (até para os melhores e mais bem preparados, que têm pretensões em a vencer). Para a maioria a grande machadada começa quando já não conseguem alimentar-se, são líquidos e mais líquidos que o próprio organismo de seguida começa também a rejeitar, o calor não sendo por aí além afecta também o discernimento, depois as dificuldades técnicas do percursos a acumular cada vez a partir da 2ª metade da prova desmoraliza qualquer um que por ali ande. Quem tem uma grande capacidade de resistência moral, aliado ao que vai resistindo de ordem física vai conseguindo levar a sua água ao moinho, aos outros não resta outro resultado do que ir resistindo até serem vencidos e procurar um refúgio para serem recuperados da serra e levados para o conforto do banho e aguardar nova oportunidade. Este é um relato e uma visão que se adapta perfeitamente a mim, parti e acabei a minha odisseia perto dos 40 kms de prova, (eram 65kms pela frente) um pouco antes de chegar à Lomba. Claro que as minhas condicionantes nada têm a ver com a dos outros atletas, a não ser a vontade de vencer e por isso voltei, arrastando-me sempre na cauda do grupo fui resistindo até quase ao limite, na descida (brutal) para a Lomba encontrei a estrada de alcatrão com destino à povoação, 1,5km para lá chegar e a desistência. Para ali chegar mais de 95% foi a andar e os restantes em passo de corrida muito lento. 12,30h foi o tempo decorrido desde a partida, tinha mais 14,30h para terminar mas o corpo e a mente não tinha mais nada para dar! Ela, a Freita vai continuar por lá, eu não sei se voltarei!