sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Ultra Trail Noturno de Óbidos, 1/8/2015

Ao fim de 1,5 kms de sofrida corrida parei, as dores eram insuportáveis na zona interior do joelho esquerdo, andei ali um pouco em diante para ver se normalizava a situação, ao mesmo tempo ia interiorizando que faltavam mais 55 kms para chegar até à meta e se estava disposto a sofrer arrastando-me sem que daí retirasse qualquer proveito, sou ultrapassado pelos últimos atletas que se interrogam com o que se está a passar comigo, volto a tentar correr mas a única coisa que sai é um esgar de dor quando tento um passo de corrida, a perna esquerda já não responde e resignado paro, olho para o relógio assiná-la 13 minutos de prova, hoje não era mesmo o meu dia, ao descer aquela calçada e escadaria o joelho cedeu mesmo, o impacto que senti foi demasiado violento para me convencer que não iria longe, mesmo assim não quis parar logo ali, escondia a dor e as limitações quando recebia incentivos de amigos que iam passando sem se aperceberem que ia em grandes dificuldades, fui reduzindo o andamento para adaptar a dor e a corrida até que tive mesmo de dizer basta, não me restava outro destino do que voltar ao ponto de partida e terminar aquele tormento.
Cabisbaixo vou-me cruzando com os participantes da caminhada dos 10 kms que tinham partido connosco, aqui e ali alguns vão-me reconhecendo, vou explicando ao mesmo tempo que procuro o caminho mais rápido para chegar ao carro, apesar dos bastões darem muito jeito nestas situações nem assim as dores me abandonavam, chego de novo à estrada e engano-me de imediato, ando mais 1km sem necessidade circulando pela estrada de alcatrão até chegar ao ponto de partida. À chegada parecia que tinha acabado de fazer a Ultra de Portalegre, empenado, coxo e sem vontade de sair dali para lado nenhum. Com calma mudei de equipamento e vou para a muralha à espera dos atletas, não foi fácil chegar lá mas tinha o meu genro Vitor Pinto em prova e não queria vir embora sem o ver chegar.
Neste meio tempo declarei a minha desistência à organização e recebi o apoio da esposa do Orlando Duarte com comida e roupa mais quente para me agasalhar. Apesar de estar numa zona restrita à organização e aos atletas que iam chegando não quis utilizar os abastecimentos que ali estavam à mercê por entender não ter direito a eles, ainda assim comi uma sopa que a leonor me foi buscar para aquecer um pouco. Os atletas iam chegando, primeiro os do trail de 25 kms e intervalados iam chegando também os da Ultra Trail de 57, com satisfação vejo chegar o Rui Pacheco ao fim de 5,30h. de prova na 9ª posição da geral, excelente para quem sofreu uma grave lesão há apenas 3 meses. o Vitor Pinto acabaria por chegar ao fim de 7,20h após a partida com sinais de algum à vontade e sem mostrar grande desgaste provocado pelas dificuldades da prova. Pelo que observei a organização esteve bem, estive atento aos comentários dos atletas e em momento algum ouvi recriminações por parte deles, quando assim é resta-nos dar os parabéns a toda a organização e apoiantes pelo trabalho realizado e dizer-lhes que com muita pena deixei de ser totalista desta prova que muito me honra em participar.
O meu registo da Ultra cinge-se a 3,98kms e aos 45,05 minutos que levei para os concluir, nada mau!
Agora, parado paradinho e aguardar que a medicina me ajude a regressar o mais depressa possível e ver se não deixo cair a Serra D´Arga e a Maratona do Porto.
Garmin