quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ultra Trail Amigos da Montanha, 23/11/2014

Pelo 3º ano consecutivo fui a Barcelos participar em mais um Ultra Trail superiormente organizado pelos Amigos da Montanha sediados em Barcelos.
São notórias e espectaculares as diferenças entretanto operadas, creio que já vão na 4ª edição da prova, perdi a 1ª edição mas em todas as outras guardo ricas e extraordinárias recordações que ficam para a vida, a evolução é bem visível em termos organizativos, abandonaram já as antigas instalações demasiado exíguas para a imensidão de tarefas e actividades que têm no dia a dia a nível desportivo e cultural, as suas novas instalações respondem ás suas necessidades da sua actividade e não é sem uma ponta de vaidade que orgulhosamente mostram aos seus amigos e convidados aquelas modernas e bonitas instalações. Deram-me a oportunidade de pernoitar nas suas instalações, o bonito Albergue ali edificado de apoio aos peregrinos com capacidade para 16 pessoas é de excelência cuja inauguração é recente (Junho de 2014), servindo de apoio nesta ocasião a atletas e membros de apoio à prova, da minha parte fico-lhes eternamente agradecido pela gentileza concedida.

 Os meus receios para superar esta prova prendiam-se como único ponto de controlo situado nas margem do Rio Cávado, tal como nas edições anteriores o meu pensamento desde o ponto de partida estava ali centrado, era preciso percorrer a distância de 52 kms em 9,45h para evitar a eliminação por excesso de tempo caso não conseguisse aquele objectivo, pensaria depois nos 10 kms finais que me levariam até Barcelos onde terminaria a prova.
As condições climatéricas bastante adversas dos últimos dias não era problema para mim porque sempre gostei do tempo agreste, partimos ainda de noite e debaixo de chuva, estava bastante fresco e o percurso sempre bastante lamacento e escorregadio, contudo não é esse o meu principal adversário, o relógio sim, é terrível a pressão que exerce quando pretendemos atingir os nossos objectivos, chegar ao Cávado e ser travado por não ter os meios (barcos) para passar para o lado de lá é terrível, é como morrer na
praia quando avistamos a nossa tábua de salvação ali tão perto, tal como aqueles que ainda em prova são aconselhados a parar porque não têm a mínima hipótese de lá chegar, confesso que não sei se foi o que aconteceu, mas é bastante desanimador para quem tem a esperança de conseguir esse objectivo e fracassar porque está longe de possuir os índices físicos suficientes para o conseguir. 
Por norma gosto de correr sozinho, precisamente para não me sentir pressionado com ritmos que não são os meus, mas desta vez quebrei a regra ao pressentir que as coisas estavam muito justas, ter por perto 2 amigos que seguiam mais ou menos ao mesmo ritmo perto do 1º terço da prova e dadas as dificuldades que sentíamos juntámos os esforços e a partir dali partimos para uma corrida controlada de forma a que chegássemos ao rio dentro do tempo limite que nos era imposto pelo regulamento, neste aspecto eu tive muita sorte com a companhia do Rui Pedras e do Luís Canhão, 2 amigos muito experientes e com características próprias,
um sobe bem mas desce mal, o outro desce bem mas sobe mal, eu no meio fazia a ponte e o da frente não podia parar à espera do último, isoladamente era provável que nenhum de nós conseguisse superar aquilo. Finalmente o Rio e os kayakes, apenas 1 minuto nos separou do tempo limite de chegada, mas o suficiente para festejar esta "pequena" vitória mal descobrimos a tenda e o local de passagem.
Para trás tinham ficado obstáculos bem difíceis de ultrapassar, o terreno lamacento, estradões cobertos de água e lama, rochas escorregadias, percorrer aquele rio junto ao abastecimento dos 37 kms com um caudal de meter respeito e o caminhar ao longo das suas margens, tudo foi superado com a entreajuda fortuita e ocasional que conseguimos montar entre os 3.
Ao contrário do ano anterior desta vez tive a companhia do Pedras na travessia do rio e rapidamente alcançámos a margem oposta, o caudal do rio era forte mas o Kayak levou-nos em segurança, podíamos finalmente respirar de alívio, estava cumprida a missão mais difícil desta prova, agora era chegar e se possível dentro do tempo limite das 12h.
A noite chegou rápido, frontais acesos e caminhar os últimos 10kms por entre hortas e terrenos bravios ali junto à margem esquerda do Cávado até chegar a Barcelos, apenas caminhámos a um ritmo perto dos 6 kms hora, correr ali era quase impossível devido à noite e ao terreno muito irregular, mesmo assim deu para cumprir o objectivo de chegar dentro do tempo limite, 11,39,49h, para a distância percorrida de 62,260kms. Deixo aqui uma saudação amiga para o Pedras e para o Canhão pela entreajuda que nos permitiu chegar à meta com sucesso e em condições de a partir daquele momento começarmos a pensar já em próximos objectivos. Por mim estarei já no próximo Sábado em Barrancos na tentativa de superar mais um Ultra Trail de 60 kms, se bem qoe os avisos do nosso amigo barranquenho aquilo não vai ser pera doce, mas vamos à luta. 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Maratona do Porto 2014

Com a Maratona do Porto assinalei a presença em 17 maratonas de estrada realizadas durante a minha vida de corredor a pé (26 anos), 13 das quais realizadas nos últimos 5 anos. Foi também nestes últimos 5 anos que me aproximei mais das provas trail realizadas um pouco por todo o país em desfavor das provas de estrada, contudo ainda conservo algumas como referência e que procuro nunca faltar, estão neste caso a corrida da Liberdade, o 1º de Maio, Corrida da Festa do Avante, S. João das Lampas e a Maratona do Porto, invariavelmente farei outras cujo objectivo é rolar na estrada com vista à realização das referidas provas.
A Maratona do Porto já vai na sua 11ª Edição, nas 5 últimas estive sempre presente, acumulava
com a de Lisboa, mas nos 2 últimos anos desisti de Lisboa com muita pena, o novo rumo organizativo que ela levou ainda não me cativou, com a agravante de a sua antecipação para os primeiros dias de Outubro ter vindo colidir com uma prova de trail que faz parte quase obrigatória das minhas preferências, a Serra D`Arga.
A Maratona do Porto para mim este ano teve mais uma vez o condão de a ver crescer, é uma satisfação enorme ver-me e encontra-me no meio daquela imensa multidão de atletas e de gente que ali vai à procura da sua identidade física e desportiva e na busca constante da sua superação. Não esperava já encontrar tanta disponibilidade de pessoas para enfrentar esta distância da Maratona, creio que este incremento muito se fica a dever à diversificação da corrida entre nós e que se desenvolve também no
estrangeiro com forte adesão popular como por exemplo as provas de Trail e Ultra Trail. É aqui que se ganha e garante a força e resistência necessitaria capaz de convencer qualquer um a tentar realizar mais tarde o sonho de todos os corredores, a Maratona de estrada. Depois cabe a cada organizador de maratonas convencer os potenciais aderentes e aqueles que ainda indecisos acabam por se dicidir. Neste particular a Maratona do Porto oferece as condições excepcionais para quem gosta de correr esta distância: organização, apoio aos atletas, diversão, respeito, carinho, segurança e tudo o mais que prende um atleta ano após ano, para o atleta estes são as condições ideais para se sentir bem e voltar sempre. 
A Runporto  merece pois todo o sucesso conseguido com muito trabalho ano após ano e isso como é notório tem sido premiado com a presença maciça de milhares de atletas em todas as suas realizações desportivas, nomeadamente a Maratona, é por isso que todos os que têm contribuído para o seu crescimento sonham fazer dela uma das maiores da Europa, o Porto tem todas as condições para que isso aconteça, oxalá nunca falte a força e a ambição àquele punhado de gente chefiada pelo Jorge Teixeira para que tal aconteça, por mim enquanto puder estarei lá.
Particularmente esta maratona pouco difere das anteriores, a meia dúzia de provas de estrada que faço por ano não me dão "estaleca" para sonhar com grandes resultados, depois os treinos normais que faço não passam pelo asfalto mas sim por terra batida em trilhos ou estradões, valem-me as provas mais longas que faço na montanha ou em trails longos de menor dificuldade, e claro, os resultados  traduzem depois essa realidade. As 4,46h que precisei este ano para percorrer a Maratona excedeu em apenas 1 minuto a marca do ano passado, tenho pois de concluir que foi muito positivo este desempenho. As dificuldades sentidas são as de um corredor normal, a primeira metade da prova com algum à
vontade e a segunda parte muito sofrível, neste caso uma dor muscular foi sempre a incomodar-me a partir do meio da prova, um brufene ajudou a minorar a dor e permitir que mais uma vez conseguisse atravessar aquele risco mágico de tão significado para todos os maratonistas.