quarta-feira, 16 de julho de 2014

1º Trilho dos Moínhos Saloios

Como se vê foi pouco utilizada
Desta vez aceitei o convite que a organização me fez para seguir na cauda do pelotão e ter a missão de trazer todos os atletas até à linha de chegada. Para o efeito tive a ajuda preciosa do Juca Jacob, colega de equipa, que desde cedo se prontificou acompanhar-me nesta missão, o que muito lhe agradeço. 
As parecenças aproximam-se
Pode parecer insignificante mas esta tarefa é muito importante não só para a organização que assim tem mais facilmente todo o controlo de quem está em prova mas também para os próprios atletas que se sentem apoiados de perto e mais seguros quando as dificuldades começam a apertar.
A juntar a esta função juntámos outra, apanhar as fitas que serviram de guia aos atletas de forma



A prova teve a distância de 20 kms, tendo fechado com a entrada dos "vassouras" com o tempo de 3,35h.
Últimos a chegar
a que rapidamente o percurso ficasse limpo e sem vestígios visíveis de por ali ter passado centenas de atletas em competição preservando-se assim a defesa do meio ambiente, apanágio e ponto de honra para todas as organizações de provas de trail acompanhados de um cada vez maior consciencialização de todos os participantes nestas provas de trilhos.
Até aos 10 kms nós os "vassouras" andamos sós na rectaguarda, porque isto de cortar as fitas, a maior parte delas presas em silvas, não é tarefa fácil, a cada 20 metros uma fita e isto representava sempre uma paragem na corrida,
por esse facto perdemos por momentos a cauda do pelotão que voltaríamos a encontrar no alto do Moínho por volta dos 12 kms. Aqui já tínhamos
deixado de apanhar as fitas devido aos caminheiros que a partir dos 10 kms ocuparam também o percurso da prova principal.
A partir dali reocupámos o nosso lugar na cauda do pelotão fazendo sempre o acompanhamento dos últimos atletas em competição incentivando-os sempre quando as dificuldades começaram a aparecer.

Gostei desta missão e agradeço à organização terem-me dado esta oportunidade, já em algumas provas tinha tido o previlégio de ser eu ajudado pela prestimosa ajuda dos amigos que em todas as provas de trail têm esta missão,
A distinção
pela experiência positiva estarei de novo ao dispor para o ano seguinte se para isso for convidado.
Decidiu também a Organização prestar uma singela homenagem, quer a mim, quer à Analice Silva pelo modesto contributo dado na divulgação das provas de trail entre nós,
pela minha parte agradeço aqui publicamente essa iniciativa sentindo como é óbvio honrado por essa distinção.
Parabéns a toda a organização pelo excelente trabalho realizado,
nas marcações...ufff, na presença de muita gente espalhada no percurso para que nada falhasse, nos abastecimentos com muita fartura de fruta e outras iguarias muito úteis aos atletas e por último o excelente convívio na Colectividade onde foi serviço um farto e  saboroso almoço.
Até para o ano.

domingo, 13 de julho de 2014

Trail do Almonda, 6 de Julho de 2014

O Trail do Almonda, do qual sou totalista, conheceu nova alteração no local de partida e chegada mantendo sempre o traçado com pequenas variantes, a Serra D`Aire serve-lhe de principal aliciante com a beleza dos acessos à serra, cujos trilhos são do melhor que tenho encontrado. Uma semana depois da minha desistência na Serra da Freita esta prova serviu para desanuviar um pouco da frustração então sentida, pena o tempo não ajudar muito, estava fresco e com chuva, tal como eu gosto, mas ao mesmo tornou o percurso penoso e algo perigoso, nomeadamente nas zonas mais rochosas e com pedras provocando inúmeras quedas de alguns atletas devido a escorregadelas e tropeções em obstáculos invisíveis e submersos pela imensa água que caiu invadindo os trilhos de passagem.
A prova teve 29,600 kms tendo gasto 3,38h. para a concluir
Como de costume a organização esteve impecável, mudando de local conseguem sempre manter um altíssimo nível organizativo, quer na corrida quer no local do secretariado onde nada faltou, reunindo aquele local de estruturas de apoio aos atletas desde a sua chegada ao local e até à sua partida, excelente. 

Voltarei até me ser possível.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Ultra Trail Serra da Freita 2014

Freita... a sempre apaixonante Freita! Interrompi a caminhada mas não a paixão que sinto por ela, as "armadilhas" que lhe montaram impediram-me os planos de a abraçar quando atingisse o Alto da Mizarela! Fica para mais tarde? Creio que não, já não tenho forças para enfrentar as incríveis barreiras impostas pelo homem numa serra, ou conjunto de serras que são a mina dos meus olhos e sonhos incontidos por realizar.
Eram 5,45h quando partimos, transportando eu a confiança na condição física e mental suficiente para enfrentar a extrema dureza, que sabia eu, iria encontrar em todo o percurso.
Cedo perdi o meu companheiro de prova, o Rui Pacheco, logo no 1º km ficou para trás a programar o meu relógio Garmin com a intenção de pouco depois retomar a meu lado a corrida, perdeu de vista o último atleta e quando chegou ao Alto da Mizarela em vez de cortar à esquerda virou à direita descendo o PR7 no sentido contrário da prova, as fitas que nos levariam à meta já lá estavam colocadas e levaram-no ao engano, nunca mais encontrou o pelotão apesar de andar por ali a correr perto de 25 kms.
Os vassouras iam retirando as fitas na cauda do pelotão dificultando ainda mais a sua orientação acabando por regressar ao ponto de partida, optando por mais tarde voltar ao percurso e dar uma ajuda ao Daniel naqueles infernais kms finais.
Até ao rio Paivô tudo correu muito bem, estavam decorridos 18 kms, levava comigo a Anabela Pacheco mas desde que comecei o percurso do rio ela ficou logo para trás, é natural pois era a 1ª vez que ali entrava e eu já ia para a 4ª presença e conhecedor dos segredos que ele encerra. A chuva que caía tornou aquilo um pesadelo, rochas e pedregulhos muito escorregadias as quedas eram quase constantes, numa delas fiquei de costas pendurado por um pé valendo-me ali um amigo que de imediato me auxiliou puxando-me evitando assim males maiores dada a posição em que ficou o meu pé.

Pouco depois chego ao abastecimento dos 21 kms com pouco mais de 4h, partindo pouco depois ao encontro da 1ª subida muito técnica e difícil que nos levaria a percorrer a meia encosta por trilhos muito bonitos até chegar a uma Aldeia muito antiga mas habitada, aqui parei para conversar um pouco com um senhor que me perguntou a idade que tinha, ficou muito satisfeito por saber que era do mesmo ano de nascimento que eu, gostou da nossa passagem por ali, pouco depois estava a iniciar a subida da Drave, muito difícil no seu início, mas continuava a sentir-me muito bem, pouco depois chego ao cimo e dá para observar todo o esplendor da Serra da Freita, dali dava para observar quase todos os passos que iríamos dar nos próximos 10 kms, tão pertinho mas tão longe!
No Abastecimento dos 30 kms encontro o Albino Daniel, tinha desistido por causa de uma queda no rio Frades??? um pouco mais abaixo quando seguia nos primeiros lugares da prova, avisa-me que este rio está pior que o Paivô e sigo rio abaixo, eram mais 2 kms muito difíceis. O caudal deste rio não era muito mas o suficiente para termos o máximo cuidado, a chuva era agora muita e as rochas e lages que tínhamos de pisar estavam muito perigosas, no espaço de 5 minutos fui ao chão 3 vezes, uma das quais rebentou-me um lábio ao cair de chapão e de barriga, os sapatos são de pouca aderência e é uma atleta que andava por perto a dar-me uma ajuda para sair dali, ora seguindo à minha frente baixando-se para diminuir o centro de gravidade ou levando-me os bastões onde precisava de utilizar as duas mãos.
As dores nos joelhos começam a dar sinal de alguma fadiga, os constantes saltos e sobe e desce junto ao rio vão deixando sinais preocupantes, é pois com um certo alívio que pouco antes de chegarmos ao Trilho dos Incas cortamos à direita serra acima por um trilho pouco técnico e que serviu para recuperar um pouco as forças e descansar os joelhos. Gosto daquela volta porque no alto deste trilho está uma fonte de água natural que elementos da organização tiveram a feliz ideia de ali colocar um tubo criando um caudal de água muito agradável para beber e refrescarmos, descemos de novo ao rio e vemos ao mesmo tempo ali em frente os atletas mais adiantados a subir já a interminável subida da Garra, mas para eu lá chegar tenho ainda uma longa e perigosa descida até ao rio, principalmente os últimos 200 metros cuja descida e o seu declive nos metem um respeito enorme, foi ali que dei mais uma queda sem consequências, a sorte continuava a acompanhar-me, já tinha visto dois amigos ficarem pelo caminho motivado por quedas e se calhar muitos mais que desconheço, mais tarde vim a saber de muitas mais desistências se verificaram devido a quedas mais aparatosas, que não foi o meu caso, muitas sim mas fui-me sempre safando.
Desta vez O Trilho dos Íncas foi feito com outrs disposição, o ano anterior tinha ido abaixo exactamente ali devido ao muito calor naquele dia, este ano estava mais fresco e algum vento, embora o sol tivesse aparecido mas nada comparado com a edição da prova no ano anterior. Foi cheio de vontade e com as forças a reduzir que cheguei à Póvoa das Leiras com 9,05h de prova, local de controlo de tempo e o 2º abastecimento líquido e sólido, tinha atingido um dos objectivos que era chegar antes das 10h de prova. Parei pouco tempo, como o controlo do material obrigatório era aleatório fui poupado e segui a caminho do desconhecido.
Em 2012 também parti dali com a esperança de chegar à meta, por pouco não o consegui, o nevoeiro travou-me na Aldeia da Castanheira a escassos 5 kms da chegada, dessa vez o caminho percorrido em nada se assemelha ao que agora tinha pela frente, por isso a partir dali ia totalmente ás escuras e receoso, ainda estranhei que o Alcino Serras me tivesse ali dito repetidamente que tinha 7 horas para fazer 25 kms e chegar à Castanheira, também me pareceu acessível e agradeci o apoio dispensado. Mas a tortura iria começar logo ali quando comecei a subir a "Besta", não porque aquilo é de facto difícil, mas pelas câimbras que comecei a sentir logo que comecei a levantar um pouco mais as pernas para fazer face à forte inclinação e à superação que era preciso fazer para ultrapassar aquela montanha de pedras e pedregulhos, aquele km foi um calvário,
a meio da subida a Otília dá-me um pacote de sal e outro de magnésio em pó, melhoro um pouco e vou muito de vagar a 4 patas para poupar, sempre que o lanço da perna é maior fico agarrado e procuro outros pontos de apoio mais curtos, a meio já tinha quase uma hora gasta do pouco tempo que podia desperdiçar, um pouco mais acima mais um casal de amigos se aproxima e têm a amabilidade de me darem mais uma ampola de magnésio chamando-me a atenção que no abastecimento existiam produtos que devia ingerir para evitar o aparecimentos dos problemas de câimbras, aceitei o raspanete pela razão que lhe assistia, a "besta" ainda não terminara mas 1,30h depois atingia o topo daquela subida que me pareceu espectacular debaixo de um arvoredo muito húmido e com água a correr constantemente junto dos nossos pés, não fora as câimbras nas coxas e por certo aquilo tinha sido muito divertido.
No planalto e já na descida para Manhouce falta-me a água, por ali não havia nascentes tendo eu encontrado mais água quando descemos à base da serra onde se encontrava mais um riacho de água de nascente vindo da montanha. Os 50 kms estavam mesmo ali junto a um edifício abandonado e com escritos para venda ou aluguer que me pareceu uma escola, por certo se trata de mais um acto criminoso do "nosso" governo nesta ânsia desmesurada de encerrar escolas para poupar mais alguns cobres e colocar mais funcionários no desemprego. Encontrava-me bem aproveitei o abastecimento e cuidei melhor das minhas necessidades, nomeadamente o sal e açúcar e segui de novo à procura dos 10 kms seguintes que eram uma incógnita. Tinha sido informado que não passaríamos pelo rio mas passado pouco tempo somos encaminhados para ele sem apelo nem agravo, resigno-me e sigo conforme determinado, longa descida  e breve passagem pelas margem sem irmos à água, conforme se desce também se sobe, e de novo a brutal subida que é feita a passo muito lento,
os joelhos já doem de forma permanente e é com bastante sacrifício que vou progredindo, até que chegado a um ponto já bastante elevado e quando pensava que já íamos a caminho da Lomba viramos à esquerda e pouco depois nova descida ao rio por caminhos muito sinuosos e técnicos, desço agarrado ás árvores para auxiliar e poupar um pouco mais os joelhos, levava os bastões mas só me estorvavam pois precisava das duas mãos, ia ainda acompanhado de um amigo que por ali ficou perto de mim mas também sentia sérias dificuldades, mais abaixo cruzo-me com um atleta que vem subindo muito queixoso, tinha caído e vinha acompanhado de um elemento da organização até chegar à próxima Aldeia, a 2kms, pois de outra forma não conseguiria sair dali, mais abaixo as dificuldades aumentaram para mim com o aparecimento de cordas face ao perigo que representava descer naquele local, para agravar ainda mais aquilo o chão estava muito escorregadio e as cordas untadas com lama, era uma dança constante em cerca de algumas centenas de metros por ali abaixo.
No fundo da descida lá estava de novo o rio, aqui esperavam-nos 2 elementos em cima de duas rochas para nos ajudar a passar de uns pedregulhos para os outros, se estivéssemos sozinhos não sei se conseguiríamos passar por ali. Cheguei ali já destroçado, sem forças e muito dorido, devia já ter deixado para trás cerca de 55 kms, comecei então a fazer contas e cheguei à conclusão que não conseguiria chegar à Lomba com 15 horas de prova, dali até lá era uma serra com uma subida brutal onde os socalcos eram permanentes e difíceis de subir, o meu companheiro de prova abalou logo a seguir ao rio e palmilhei aquilo por ali acima com a esperança de a qualquer momento avistar a Lomba, quando isso acontece já tinha tomado a decisão de desistir, agora só queria ali chegar mas começo a ver que as fitas me levam de novo para baixo por caminhos muito tortuosos até chegar a outro ribeiro, aqui paro e sento-me um pouco na rocha e refresco-me, já pouco importa o tempo que falta, só quero é chegar à Lomba, mas para lá chegar mais um longa subida tive de enfrentar, agora mais suave é certo mas a inclinação continua brutal, por meio de escadarias e muitas hortas consigo finalmente chegar ao alcatrão e pouco depois ao abastecimento.
Estava esgotado e cheio de frio, 16,15h para chegar ali, tinha ainda 3,30h para fazer 10 kms até à meta, mas para isso tinha de gastar apenas 45 minutos para chegar à Castanheira (5kms) com 3 kms de subida brutal até chegar ao planalto, tarefa impossível daí a desistência logo ali porque avançar até à Castanheira seria um esforço inglório que não serviria para nada, a eleminação ás 17h era mais que certa. Na Lomba tive logo apoio do pessoal que lá estava, uma manta de pano e a minha manta de sobrevivência foram suficientes contra o frio, comi pouco porque já lá estava uma carrinho para nos levar para o local de chegada, comigo foram mais 9 e por certo que outros que vinham mais atrás também me seguiram as pisadas. Queria muito acabar aquela prova mas na parte final fui caindo na realidade e conformei-me aos pouco conforme ia enfrentando as dificuldades, A Freita é aquilo tudo mas é também aquilo que o homem quer que ela seja, para o bem e para o mal.
Obrigado ao Daniel e ao Rui pela companhia e apoio que me deram, à Susana , minha filhota por de vez em quando me despertar em plena serra, ao míster Fernando por o sentir bem perto através do toques que ia ouvinho alertando-me para a existência de mais um empurranzinho a caminho da meta, aos organizadores e apoiantes pela simpatia demonstrada. A apreciação global da prova no que diz respeito ao trajecto não o faço, fica para mim, agradecendo a todos os que me felicitaram e apoiaram pelo esforço despendido.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Trilhos Loucos de Reixida, 22 de Junho de 2014

Os Trilhos Loucos de Reixida levaram-me de novo a uma prova que corresponde àquilo que gosto de percorrer, muita serra, com dificuldades moderadas e onde se pode correr alguma coisa, dentro das minhas capacidades, claro, porque para os outros as dificuldades sentidas por mim aquilo não é nada. Voltar a subir aquele pico enorme e bem acentuado e no final pisar as águas daqueles ribeiros quando toda a estrutura dos músculos bem precisam de se refrescar compensam bem do esforço que é feito para terminar uma prova que bem cedo aprendi a gostar, esta 4ª edição com a minha presença bem augura uma 5ª vez para o próximo ano, Obrigado à organização pela excelente apoio no terreno e a todos os colaboradores que a ela estiveram ligados.