sábado, 26 de abril de 2014

Ao fim de mais de 200 kms de trail em 2014, este ano voltei à estrada para fazer a Corrida da Liberdade, mais por ser uma prova comemorativa da Revolução do 25 de Abril mas também porque alguns amigos fizeram uma "forcinha" para que estivesse presente, pois nesta altura as minhas atenções estão mais viradas para o Ultra Trail de Portalegre já a 17 de Maio e para as provas de trail que ainda tenho de fazer para lá chegar. Posso contar com os dedos de uma mão as vezes que fiz esta prova, não me penalizo por isso embora ela seja emblemática, neste dia sempre tive provas comemorativas do 25 de Abril, principalmente no Concelho de Loures, por isso gostei de regressar à estrada e principalmente a esta prova. Muitos dos amigos que tenho foi ali, na estrada, que os ganhei, e só ali os posso voltar a encontrar quando tenho o desejo de os voltar a  ver, foi isso que aconteceu.
A prova em si, neste caso para mim, decorreu como o previsto considerando o facto que o ritmo de corrida neste momento para mim é quase nulo, a média final de 5,50m  por km mostra isso mesmo, este ritmo também permitiu que fizesse outras coisas durante a prova, tirar fotos, realizar um vídeo e fazer companhia a alguns amigos durante a prova, Ana Pereira, Esmeraldo Pereira, Mário Lima, Luis Parro de entre outros, mesmo assim os 2 últimos kms foram demasiado puxados para aquilo a que estou habituado, mas como era a descer deixei-me ir na "roda" da Ana Pereira, o que me valeu é que os Restauradores estava logo ali!
Com a minha idade pode parecer presunção ou arrogância dizer que a prova tinha poucos kms,
mas a verdade é que a prova mais pequena que fiz este ano tinha quase 15 kms e a mais longa cerca de 52 kms, daí parecer-me que numa prova de estrada de pouco mais de 10 kms não dá nem dará para aquecer convenientemente os músculos e a partir daí correr com alguma resistência e estabilidade. Seguir-se-à o 1º de Maio daqui a 5 dias para regressar de novo à estrada só com a realização da Corrida da Festa do Avante em Setembro próximo, até lá mais de 450 kms serão percorridos em percursos de trail e de areia. Veremos se esta vontade entronca numa fase regular onde não apareçam lesões ou problemas de saúde muito próprias no meu caso quando já caminho para fechar portas e não para as abrir.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Trail de Montejunto 2014

Em Almourol
Os Trilhos de Montejunto foram um bom treino nos objectivos que tenho para Portalegre, mas não se pense que aquilo foi apenas treino, vou sempre nos meus limites mas tenho sempre de refrear quando sinto o limite a ir além do possível, a tensão arterial elevada provocada pelo esforço manifesta-se sempre que dou um "cheirinho" a mais, então nada mais que ir evoluindo até a coisa acalmar e prosseguir de novo conforme as possibilidades do momento.
Em Montejunto foi concretizada a 3ª prova em duas semanas, 31kms no Pastor, 44 em Almourol e 37,5 kms em Montejunto, tudo isto para ir fortalecendo a resistência muscular e psicológica para chegar à Ultra de S. Mamede de 100 kms em Maio próximo, +- 112 kms para um total de 20 h. consolidando assim a ideia de que nas 24h concedidas pela Organização da prova de Portalegre é possível finalizar mais uma vez a prova depois de no ano passado me ter ficado pelos 90 kms.
Montejunto 2013
Montejunto também apareceu no meu programa de provas à última da hora, mais propriamente por ser perto da minha "Terra" e enquadrar-se nas minhas necessidades de treino, mas também porque era uma Serra que desconhecia, é muito visível para quem de longe vai transitando e de vez em quando os meteorologistas a ela recorrem para detalhar o estado do tempo que se faz ou se venha a sentir.
Sobre a Organização da prova pouco sabia, apenas o que vinha descrito no seu Site, vídeos e fotos eram convidativos e por isso parti na convicção que do princípio ao fim as coisas iam correr bem.
Pragança, entranhado na parte norte da Serra era o local onde funcionava o Secretariado da Prova, não foi difícil de encontrar com a ajuda do GPS, contudo o parque de estacionamento das viaturas estava situado numa empresa ("Aviário do Pinheiro S.A.) e principal patrocinador deste evento a mais de 1 km de distância (Quinta da Senhora da Luz) , foi ali que distribuíram também os dorsais e mais tarde serviu também para o tomar o banho retemperador.
Foi a partir daqui que também fomos transportados para o local de partida em Abrigada em autocarros, esta fórmula de organização de transporte cedo se mostrou muito frágil quanto a horários a cumprir e deixar todos os atletas no local por forma a que fosse dado o tiro de partida à hora marcada (9h.), pelo atraso verificado a partida dos atletas apenas se deu meia hora depois, creio que sem prejuízo para ninguém, estava fresco e nebulado nos dois lados da Serra e só lá no alto é que o sol reinava mostrando toda a beleza ao longo de montes e vales no seu interior.
Não foram muitos os trailistas que integravam o grupo do trail longo (cerca de uma centena)  permitindo assim um fácil escoamento ao longo da serra, aliás a serra apenas foi alcançada já iam decorridos alguns kms e quando lá cheguei já estava a ser ultrapassado por alguns atletas do trail curto (22kms) que partiram alguns minutos depois de nós. A ascensão ao ponto mais alto da serra do percurso (648 metros) começou pouco depois (partiramos aos 75m de altitude), foram 3 kms de subida brutal e bem difícil mas ao mesmo tempo muito bonitos, dali das antenas dava para ver a parte os picos mais elevados de toda a serra, as partes mais baixas estavam cobertas por um manto branco de nuvens ou nevoeiro.
Dali até ao km 27 (165m de altitude) fomos descendo e subindo constantemente alguns pontos mais salientes e com algum grau de dificuldade, para trás ficavam imagens espectaculares a convidarem a uma visita com a família e desfrutar de tudo o que a Natureza nos pode oferecer. Os abastecimentos espalhados ao longo do percurso foram diversos e colocados à nossa disposição, quando por lá passava só podia contemplar a sua pobreza, ou porque chegava tarde e o recheio já tinha sido consumido ou porque era mesmo assim e então só encontrava salgados (bolacha) e fruta (pêra rocha), aqui e ali também ás vezes encontrava laranja, líquidos havia sempre com fartura e a água foi e será sempre a minha bebida favorita. Por mim até podia estar sempre e só na mesa a pêra rocha, não precisava de mais nada, para além de ser muito nutritiva é também fresca e sumarenta, o que para o caso é um precioso auxiliar para quem faz desta provas de trail a sua distracção na corrida. Como sempre vou atestado de guloseimas para as provas e só me sirvo da minha artilharia se não encontrar algo que me satisfaça, ontem tive a sorte de encontrar aquele fruto genuíno daquela região, pode até ser uma boa sugestão para inovar noutras provas, embora saiba que se trata de um fruto cuja exposição ao ar livre não pode ser retardado depois de ser cortado mais que alguns minutos antes de ser consumido, coisa que pode ser resolvido se o manterem dentro de água mais algum tempo.
O controlo e apoios durante a prova também estavam a ser excelentes, as marcações também muito eficazes, aos 12 kms dá-se a separação do trail longo do curto, ali ainda exitei um pouco pois havia fitas para lados opostos mas as placas lá existentes tiraram as dúvidas, foi altura de me separar do meu amigo Beijinha que anda a contas com um problema na anca e que não deixa fazer voos mais altos, envio-lhe daqui de novo as melhoras e que possa preparar o melhor possível a sua/nossa Corrida do Mirante.
A partir do km 27 a conversa já foi outra, o calor já apertava bastante, o arvoredo envergonhadamente ia produzindo alguma sombra, a subida até aos 550 m de altitude era toda ela muito acentuada, o trilho estreito era todo ele espectacular mas muito técnico, tal como eu gosto, mas ali os meus bastões pouco podiam ajudar, conforme ia subindo serpenteando a serra a exposição ao sol ia-se agravando, os fogos também devastaram aquela serra, de uma linha telefónica que por ali passa serra acima apenas restam os postes em cimento numa paisagem desoladora mas a querer recuperar com um verde muito colorido a envolver troncos e mato queimado.
No alto encontro novo abastecimento aos 31 kms, a água já se está a acabar, já enchera o camelbeck duas vezes e ali era a altura de renovar e atestar, paro um pouco e conversa com 3 amigos que lá estão, ao mesmo tempo vou comendo alguns pedaços de pêra e devoro uma garrafa de água, também havia laranjas e bolachas mas ignoro-as, depois parto a pensar no que ainda faltava mas tinha a noção de que o pior já tinha ficado para trás, pouco depois dou conta que me esqueci de atestar de água, apalpo e sinto que ainda lá havia alguma, fico com a esperança de encontrar dentro em breve novo abastecimento. Durante 1,5km ainda andei pelo alto da serra até que iniciei uma descida bem acentuada mas cuja dificuldade era reduzida, apesar disso a organização não descurou os avisos necessários à sua perigosidade, no final desta descida estava novo abastecimento, a pêra já tinha acabado, em alternativa tinha umas barras, comi um pedaço bebi água e meti alguma no camelbeck e segui depois de alguma conversa à mistura. Estava perto do objectivo final, a meta, mas ainda passei um bocado difícil antes de lá chegar, via ali por baixo algumas povoações mas não sabia qual delas era o meu destino, até que cheguei ao alcatrão e me disseram que era ali, onde? pergunto eu! ali aquela, estava mesmo ali mas ainda faltavam quase 3 kms, nova incursão em trilhos dentro de hortas  e entrada pela parte norte da povoação, é agora bem audível a animação com música folclórica, ao mesmo tempo era possível ouvir o spiker a anunciar os números do sorteio dos dorsais dos atletas chegados à meta, mas como é possível??? eu ainda aqui vou e tenho o mesmo direito aos prémios a sortear!!! sigo estrada acima e corto a meta, dois ou 3 aplausos e nem uma palavra de animo ou incentivo, é sempre agradável ouvir, mais à frente um senhor pede-me o dorsal, é ele que o tira e diz como que envergonhado que o sorteio já está a ser feito, mas já não vai a tempo, tinha terminado e resignei-me, ficou-me também com os alfinetes que eram meus. Na mesa estava apenas um pêra, muito pequena por sinal, perguntei se havia mais e obtive como resposta, não, não há é a última!!! No palco ali ao lado a festa continuava, conforme cheguei assim parti sem uma palavra nem incentivo por ali abaixo durante 1,5km à procura da viatura e do banho retemperador. Chego à conclusão que estamos mimados demais, estamos habituados ao calor e carinho de quem nos recebe um pouco por todo o lado, podem não dar mais nada mas isso enche-nos a alma, tudo isso faltou ali, a mim pelo menos que o senti.
Nem sei se fui classificado, nenhuma informação surge, no Site o silêncio é total.  
Não sei se voltarei, se o fizer é pela beleza da Serra de Montejunto e por ser vizinha da terra onde passei a minha infância.
Classificações

terça-feira, 8 de abril de 2014

Maratona de Trilhos de Almourol

Apetece-me chamar a esta preciosidade de trilhos, do Nabão, do Tejo e de Almourol, poderia ainda acrescentar também do Zêzere mas não o faço porque a visita foi curta e não deixou saudades (adiante explicarei), de resto poderei dizer que ao fim várias participações nesta prova fiquei surpreendido por ver e desfrutar de tanta coisa bonita que ainda estava por descobrir. Ainda bem que há última da hora consegui uma inscrição oferecida pelos amigos do Atletismo Clube de Portalegre para esta prova, tendo a honra de os representar. 
A partida, ao contrário das edições anteriores teve lugar a escassos 500 metros do lado norte do pontão da Barragem de Castelo de Bode, um pelotão compacto com cerca de 350 atletas a chegarem rapidamente aos primeiros obstáculos da prova onde apenas podia passar um atleta de cada vez, aos 3 kms o 1º embaraço, virar à esquerda com passagem junto ao leito do rio Zêzere local pouco técnico mas que gerou logo ali uma fila infindável que chegava quase aos 50 metros no estradão que lhe dava acesso, logo ali foram "queimados cerca de 20 minutos, como se não bastasse à saída deste troço com cerca de 500 metros nova dificuldade e nova fila para subir uma pequena enseada com a ajuda de uma corda onde só podia passar um atleta de cada vez, mais uns minutos queimados e definitivamente por força destes estrangulamentos a prova decorreu sem mais embaraços até chegarmos ás margens do Nabão onde encontrámos de novo um local de difícil transição ultrapassado com a ajuda de uma corda e onde a solidariedade entre os atletas se fez notar com a entreajuda a funcionar extraordinariamente, isto só foi possível porque naquele local a fila também se formou até aos últimos lá chegarem. 
O Nabão era apenas conhecido pela generalidade dos atletas com a passagem em ponte improvisada magistralmente (muito segura) ali junto à foz com o rio Zêzere pelos militares de engenharia sediados em Tancos, mas a organização dicidiu este ano oferecer-nos a contemplação e passagem pela sua margem norte durante alguns kms, muito técnico e difícil, mas eu gostei imenso desta inovação, como de outras que tive oportunidade de verificar, foi ali que encontrei um dos elementos da organização que estava vigilante e a ver se tudo corria bem, pouco antes tínhamos passado um obstáculo difícil com cordas, dando os incentivos a todos, principalmente aos que vinham mais atrasados como era o meu caso. Nesta altura já a organização se penalizava pela confusão gerada ao km 3 e foi ali que o reconhecimento do erro começou a gerar a necessidade de se melhorar aquele traçado em próximas edições, até porque há alternativas no local sem ser necessário mexer no resto da prova.
Em Constância, 21 kms, as dificuldades acumuladas já pesavam bastante nas pernas, os pés, os joelhos e também os rins já começavam a reagir mal àquilo que era preciso fazer, tinha sido bastante duro chegar até ali mas pelo que conhecia do percurso o pior já estava para trás. mas logo a seguir a Constância virámos para junto do leito do rio Tejo, foi mais uma surpresa para mim pois nunca tinha feito aquele trajecto à beira do rio, ( provavelmente devido ás cheias do rio em anos anteriores), eram uns trilhos espectaculares que para além de planos também nos oferecia bonitas paisagens ali junto ás margens que ligam Constância à Praia do Ribatejo passando ainda pelo Castelo de Almourol  cuja passagem é obrigatória pela beleza e esplendor deste bonito monumento nacional e que dá o nome a esta extraordinária prova de trail. A partir daqui o percurso tem novas alterações, principalmente a sua parte final, atravessava agora uma zona a sul da Base Aérea nº3 de Tancos, com sorte, pois consegui observar o lançamento de 2 paraquedistas em queda livre ali mesmo por cima de mim, o arvoredo dificultava um pouco mas mesmo assim pelo que vi levou-me a gratas recordações do passado, da Base, dos aviões que a partir dali nos levavam para o espaço e permitiam realizarmos o sonho de saltar e ganhar um símbolo que nos orgulha para o resto da vida que é a Boina Verde.
Aos 35 kms chego ao penúltimo abastecimento, dali em linha recta consigo ver o Pavilhão onde estava instalada a meta mas dizem-me que ainda faltam cerca de 9 kms para lá chegar, longe estava eu de pensar no que ia ainda encontrar, quando já tinha deixado as serras para trás e via ali ao lado o casario pensava que ia agora pela vázea abaixo até encontrarmos o acesso à ponte ali juntinho ao Pavilhão, foi assim nas edições anteriores, mas não, virar de novo à direita e subir, subir até já não haver mais montanha,
depois inicia-se o calvário de lama e mais lama, nunca na vida tinha encontrado nada igual, mais de mil atletas das 3 provas já ali tinham passado antes de mim, seguíamos o leito de rios onde não era possível desviar, os túneis sob as diversas estradas que servem para a passagem das águas dos rios eram os mesmos que serviram para nós passarmos, de cócoras ou de pé era obrigatório por lá passar, nunca me deu tanto prazer o contacto com água como ali, a lama era tanta até quase aos joelhos que aquilo era um alento enorme no meio de tanta dificuldade, mas era momentâneo, no final de cada túnel a lama voltava de tal forma que só pude libertar-me dela já perto da meta quando atravessei o rio.

Apenas chegaram 17 atletas atrás de mim, ainda ultrapassei muitos destes ao longo do percurso, alguns faziam a prova de trail com esta dimensão pela 1ª vez, daí o excesso enicial mas vi em todos uma grande determinação em concluir, cheguei a ouvir reclamações à organização em Constância que os atletas tinham sido enganados com um percurso diferente do habitual, não levei aquilo muito a sério mas o certo é que muitos foram surpreendidos com a inovação da prova, por mim achei espectacular aquilo que me ofereceram,
trilhos muito bonitos e diversificados quer na mata quer no arvoredo, autênticos túneis de florestas, trilhos cujos nomes estão bem identificados onde apenas consegui decorar um, o da àgua, já conhecia de edições anteriores mas é sempre um prazer enorme observar aquilo. 
O abastecimento fornecido e o apoio em todo o circuito foram excelentes, em todos os locais onde poderia haver algum engano por distracção lá estava alguém a ajudar-nos a seguir o caminho certo ou dos vários perigos que se aproximavam.

Na chegada à meta já muito cansado e com pouca reacção do corpo ao fim de 8,33h. soube-me bem a reacção e aplauso de quem ainda ali estava mo Pavilhão, principalmente da Organização, foram muito simpáticos. Vinha receoso com a eliminação, tinha 7h. para concluir mas cedo concluí que não era capaz, a prova teve 44kms, mas mesmo com estes 2kms a mais da maratona e o tempo de espera nos pontos negros se não existissem
o resultado não seria diferente, também aqui a Organização esteve muito bem ao classificar todos aqueles que chegaram mantendo de pé toda a estrutura montada para o efeito dentro do Pavilhão, um gesto que demonstra muito respeito por todos, pelos que chegaram na frente e pelos que chegaram no fim deixando uma imagem muito agradável a todos os que lá estiveram.