sábado, 27 de dezembro de 2014

5ª S. Silvestre Pirata noturna na mata de Monsanto em Lisboa em 26/12/2014

Graças ao empenho e dedicação dos amigos, Paulo Pires, Boleto, Orlando Duarte, Manuela, Parro e tantos outros que estiveram na 1ª linha foi possível organizar de novo mais uma edição de S. Silvestre Pirata nas matas de Monsanto cujo objectivo é reunir os amigos e em conjunto festejar o final de mais um ano nas nossas vidas. A corrida é sempre o pretexto para a reunião, foi a 5ª edição e a todas elas eu estive presente, a organização pirata aproxima-se da perfeição em
organização de uma outra prova qualquer das mais consagradas, inscrições via Internet gratuitas (no local apela-se a uma dádiva de 1€ para pagamento do caldo verde e um contributo para a ajuda das despesas da Colectividade que nos acolhe. Depois é a reunião da foto antes da partida para a galeria das S.Silvestres da nossa história, desta vez ouve a separação dos piratas dos 17kms e dos 10 kms, creio que foi uma evolução positiva, os inscritos eram
mais de 400 e a confusão foi evitada separando desta forma os afoitos  desta paródia. 

Monsanto à noite mais uma vez ficou pejada de pirilampos, os 17 e os 10 kms permitiram esticar os kms de floresta engalanada com as luzes dos frontais dando uma beleza rara a este pulmão da Cidade muito carenciado de quem o abrace, felizmente que este punhado de amigos mantêm a nobre vocação de ali nos reunir abrindo também desta
forma a possibilidade de cada um contribuir com um gesto de solidariedade para com aqueles que mais necessidades têm e que possam nesta quadra festiva serem lembrados e apoiados.
Sem pressas de andar no tempo que vem, conto continuar a ir sempre que a piratagem decida reunir, o êxito de mais esta iniciativa deixa boas indicações para os anos seguintes e os amigos que vieram pela 1ª vez são o garante que esta porta continuará
aberta para que todos possam via a engrossar estes movimentos espontâneos que nasceram de uma vontade colectiva muito abrangente.
Obrigado aos piratas/mor pela diversão e pelo que nos ofereceram sem exigir nada em troca.

O NOSSO VASSOURA, LUÍS PARRO, FOI IMPECÁVEL NA BUSCA DOS SINAIS LUMINOSOS, (COM A "HUMIDADE" MUITOS CAÍRAM ), E ASSIM CONSEGUIMOS DAR COM O CAMINHO DE REGRESSO, ATÉ AQUI A PIRATAGEM ESTÁ A EVOLUIR.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Ultra Trail de Barrancos 29/11/2014


Barrancos era de facto um mistério para mim, conhecia a luta pela morte dos touros, figuras públicas como o Paulo Guerra, o José Maria e mais recentemente o nosso ilustre amigo Francisco Bossa, Este Ultra Trail ali realizado era uma oportunidade que não podia perder de por lá poder passar, sim porque para se ir a Barrancos tem de se ter um motivo, pelo menos, forte. Vinha de uma prova muito dura dos Amigos da Montanha na semana anterior onde pus à prova as minhas reais capacidades físicas de momento durante aqueles 63 kms e quase 12 horas de duração, superada esta sem mazelas de maior entrou no cone de imediato Barrancos, em 2013 falhara esta prova exactamente por causa daquela mas desta vez tudo teria de mudar, devidamente acompanhado pelo meu genro Vitor Pinto, que me acompanhou também a Barcelos cedo decidimos avançar para Barrancos, à condição gentilmente cedida pelo Ico, inscrevemo-nos na semana anterior. Para mim
seria um desafio enorme porque nunca tinha feito duas corridas de 60 kms cada no espaço de uma semana, mas estava determinado, queria conhecer Barrancos e estar junto dos amigos, em especial do Ico Bossa por quem tenho muita estima e admiração.
Durante a viagem até Barrancos, por estradas nacionais por ser mais em conta e por se ficar com um melhor conhecimento dos sítios nunca antes visitados, fomos observando ainda a partir de determinada altura o grande deserto em que está transformado uma boa parte alentejana, agricultura é quase nula, não sei se é da época, o que vi foi muito sobreiro, azinheiras, oliveiras, videiras e alguns animais pastando, estradas mais ou menos bem arranjadas e uma paisagem, apesar de desolação, muito bonita, creio que isto é a realidade alentejana e um pouco da realidade do nosso país, lamentavelmente!
Mas Barrancos é outra coisa, surpreende quem por lá passa, a vida e o dia a dia das pessoas não se vê, tem de se por lá demorar para começar a entender aquilo, pessoas afáveis e carregados de simpatia, mal entrámos em Barrancos e logo nos deram como referência para encontrar o nosso destino a famosa praça dos touros de morte, como aquilo não é pequeno foi o cabo dos trabalhos, rua acima rua abaixo e tivemos de voltar à Rotunda inicial sem conhecer
a famosa praça. à noite a vida transforma-se como que por magia, o sossego dos mais idosos a contrastar com a irreverência e o espírito divertido da juventude, assim chamada. Para felicidade nossa a juventude de Barrancos, e eram tantos, juntou-se na noite de Sábado no mesmo local onde jantámos para comemorar a ida ás sortes de 2 dos seus, é uma tradição e uma das coisas mais bonitas a que assisti, cantou-se e bebeu-se, nós apesar de muito cansados da dura luta que travámos durante o dia para vencer aquele obstáculo de 56 kms, entrámos na festa e fomos brindados com cânticos alusivos ao evento, que rapaziada simpática que se exprimiram assim dando corpo e sentido a uma tradição bem enraizada pelas gentes mais antigas. Dali regressámos a casa, de peito feito e extasiados pela juventude de Barrancos, uma Vila assim só se pode orgulhar por ter uma chama acesa a fluir para o futuro com uma juventude desta qualidade, bem hajam.
Quase que passava por cima  daquilo que me trouxera a Barrancos, o Trail e Ultra Trail de Barrancos, provas que prometiam as maiores dificuldades para os atletas, era o mau tempo dos dias anteriores e os sucessivos avisos (meio a sério meio a brincar do Ico), confesso que foi coisa que não me preocupou muito, aliás sempre tenho dito que gosto de correr à chuva mesmo que isso implique haver muita água e lama no caminho. Pior foi mesmo levantar-me ás 6h da
manhã para partir ás 9h de Espanha em Encinazola e voltar a Barrancos ao fim de 20 kms para abastecer quando a escassos 500 metros, ou menos, está a fronteira que divide os 2 países. Em resultado disto e devido ao elevado caudal dos rios o tempo de controlo foi reduzido em uma hora, de 7 para 6 horas (eliminação), entrei em parafuso, tinha passado uma forte provação em Barcelos na semana anterior para passar o Rio Cávado aos 52kms e agora estava com o mesmo dilema, com a agravante de ainda sentir os efeitos de então. Mais tarde tivemos a prova da justeza da medida quando chegámos à hora da verdade junto ao rio nas suas margens. Creio que seria acertado e a exemplo do ano anterior, (salvaguardando os compromissos fronteiriços com a comunidade espanhola), começar e terminar a prova em Barrancos permitindo assim começar a corrida uma ou duas horas antes
criando-se assim condições para que todos, ou quase, terminassem a Trail ainda de dia aliviando um pouco a pressão sobre a eliminação como aconteceu com alguns atletas nesta edição.
Em Encinasola, terra fronteiriça com Barrancos, poucos deram pela nossa presença, para isso muito contribuiu o local escolhido para a partida, é uma terra pequena é certo mas a população local ignorou a nossa presença, apenas fomos recebidos por duas ou três mulheres que estavam no mercado a dar café, ou vender? a quem chegava, talvez por ter pouca freguesia depressa foram embora dali.
Estava ali com vários amigos do meu Clube (Amigos do Vale do Silêncio) uns para a Ultra e outros para o Trail com partidas separadas de 15 minutos. 
Face ao "corte" de uma hora só tinha uma solução, partir e aproveitar aqueles kms iniciais que desciam por estradões carregados de pedras e pedrinhas, muita lama e rochas escorregadias, era correr e procurar andar o mais rápido possível onde não me era permitido mais do que isso, não queria morrer na praia dos 34 kms e por isso tinha de fazer pela vida, as brutais paredes que tivemos de escalar (não sei se no país vizinho ou no nosso) começaram a preocupar-me, se houvesse mais daquilo a coisa podia complicar-se. É no final da 2ª parede aos 10 kms que sou "apanhado" pelo meu genro Vitor Pinto que partira 15m depois, a partir dali até Barrancos o percurso tornou-se bastante acessível com muita subida e descida acompanhado quase sempre de muita lama e pequenos cursos de água rodeados de mato e bastante arvoredo. Aos 18 kms separam-se os atletas
das duas provas, aos 20 estava no centro (bem no alto) de Barrancos a abastecer para voltar de novo ao campo e percorrer os 40 kms que ainda faltavam, psicologicamente aquilo não é bom para muita gente, talvez na aba da Vila fosse mais indicado mas provavelmente foi ali que o Ico começou a mostrar a sua tendência de complicar a nossa vida face à ausência de alta montanha no Alentejo (salvo raras excepções). Perto dos 25 kms 2 Amigos do nosso grupo chegam-se a mim, o Fernando Silva e o Juca Jacob, assim mesmo, e juntos partimos decididos à procura do posto de controlo dos 34 kms, era suposto estar aos 33, e aí começámos a recear o pior, tínhamos 5,15h e receámos que este controlo estivesse mais longe do que pensávamos, mas não, para enorme satisfação ali estava ele exactamente aos 34 kms e 5,30h, valera bem a pena pelo esforço despendido para ali chegar, voltava a sentir a ansiedade a abalar por superar mais esta barreira,
agora era comer e beber e descansar um pouco, combinámos 10 minutos de paragem e um pacto de não agressão durante a próxima hora, era andar enquanto fazíamos a digestão, contudo pré-estabelecemos um ritmo próximo dos 5,5kms por hora mesmo a andar. Foi assim que chagámos ao Castelo de Noudar, uma pérola local mas que nos passou ao lado, isto é, nós é que passámos ao lado dele e não sei porque razão não tivemos a oportunidade de o percorrer no seu interior, depois lá bem no alto uma vista surpreendente e espectacular sobre o rio que serpenteava no vale cujo leito bem forte de água banhava as margens ali mesmo junto aos nossos pés, é ali no meio de obstáculos muito difíceis de ultrapassar que encontrámos o Ico, percebe-se agora as suas preocupações com a noite e a perigosidade daquele local, por isso ele estava ali, podia vê-lo e não valorizar a sua presença, mas a sua dedicação e preocupação não o deixou estar noutro local senão ali ao pé de
nós, podia até estar na meta e esperar os atletas de forma cómoda mas merecedora pelo seu empenho e trabalho ao longo de tanto tempo, mas não, num dos locais mais agressivos lá estava, dei-lhe um abraço e segui com o meu grupo com ele a acompanhar-nos durante algum tempo, depois deixou-se ficar para trás aos poucos. Pouco depois as luzes dos frontais substituem a luz do dia, as forças para correr já faltam, aproveitamos a parte plana e as descidas para nos aproximarmos o mais possível da meta, já prefiro só as subidas mas tenho de correr atrás dos meus colegas para não ficar sozinho, é assim que chegámos ao abastecimento dos 51 kms, viro mais duas sopas, abasteço água e abalamos, aproxima-se agora mais uma enorme subida, é agora que transparece as dificuldades que já sentimos, Barrancos à vista dá-nos outro alento, alento este que se vai desvanecendo, subimos, descemos, voltamos a subir e perdemos Barrancos de vista, ainda
faltavam kms mas aquela referência fazia-nos falta (lembrei-me de Portalegre na 1ª edição e aqueles 10 kms infernais), seguimos agora pelo meio de um eucaliptal a meia encosta e de repente o corta-fogo, talvez esteja ali a razão do Ico ficar para trás, ele não se atreveria a ficar connosco até ali, iria ser um problema, quero acreditar que ele não fez aquilo por maldade, talvez houvesse por ali umas cercas a isolar as propriedades que não nos deixaram outra hipótese senão subir aquilo, não me lembro de subir coisa assim em plano inclinado, mas como era para acabar virámos mesmo à direita quando o João Campos (companheiro de quase toda a jornada)  já seguia bem lá no alto dando-nos em plena noite um plano daquilo que nos esperava. Dali até à meta e desde que a noite chegou a nossa corrida foi caminhar, mesmo assim conseguimos terminar num tempo que considero para mim excepcional dadas as dificuldades encontradas (10,28h para 56 kms) e os efeitos retardatários dos Amigos da Montanha. A festa da chegada e o ambiente
criado à volta dos atletas que iam chegando enche-nos o peito de satisfação e um bocadinho de vaidade interna, Obrigado à organização do Mundo da Corrida e todos os que estavam espalhados ao longo do percurso a apoiar-nos, e um abraço fraterno ao Ico pelo grande trabalho efectuado e pela forma sempre simpática como nos recebeu na sua terra.
Aos meus companheiros de viagem e de prova aquele abraço.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ultra Trail Amigos da Montanha, 23/11/2014

Pelo 3º ano consecutivo fui a Barcelos participar em mais um Ultra Trail superiormente organizado pelos Amigos da Montanha sediados em Barcelos.
São notórias e espectaculares as diferenças entretanto operadas, creio que já vão na 4ª edição da prova, perdi a 1ª edição mas em todas as outras guardo ricas e extraordinárias recordações que ficam para a vida, a evolução é bem visível em termos organizativos, abandonaram já as antigas instalações demasiado exíguas para a imensidão de tarefas e actividades que têm no dia a dia a nível desportivo e cultural, as suas novas instalações respondem ás suas necessidades da sua actividade e não é sem uma ponta de vaidade que orgulhosamente mostram aos seus amigos e convidados aquelas modernas e bonitas instalações. Deram-me a oportunidade de pernoitar nas suas instalações, o bonito Albergue ali edificado de apoio aos peregrinos com capacidade para 16 pessoas é de excelência cuja inauguração é recente (Junho de 2014), servindo de apoio nesta ocasião a atletas e membros de apoio à prova, da minha parte fico-lhes eternamente agradecido pela gentileza concedida.

 Os meus receios para superar esta prova prendiam-se como único ponto de controlo situado nas margem do Rio Cávado, tal como nas edições anteriores o meu pensamento desde o ponto de partida estava ali centrado, era preciso percorrer a distância de 52 kms em 9,45h para evitar a eliminação por excesso de tempo caso não conseguisse aquele objectivo, pensaria depois nos 10 kms finais que me levariam até Barcelos onde terminaria a prova.
As condições climatéricas bastante adversas dos últimos dias não era problema para mim porque sempre gostei do tempo agreste, partimos ainda de noite e debaixo de chuva, estava bastante fresco e o percurso sempre bastante lamacento e escorregadio, contudo não é esse o meu principal adversário, o relógio sim, é terrível a pressão que exerce quando pretendemos atingir os nossos objectivos, chegar ao Cávado e ser travado por não ter os meios (barcos) para passar para o lado de lá é terrível, é como morrer na
praia quando avistamos a nossa tábua de salvação ali tão perto, tal como aqueles que ainda em prova são aconselhados a parar porque não têm a mínima hipótese de lá chegar, confesso que não sei se foi o que aconteceu, mas é bastante desanimador para quem tem a esperança de conseguir esse objectivo e fracassar porque está longe de possuir os índices físicos suficientes para o conseguir. 
Por norma gosto de correr sozinho, precisamente para não me sentir pressionado com ritmos que não são os meus, mas desta vez quebrei a regra ao pressentir que as coisas estavam muito justas, ter por perto 2 amigos que seguiam mais ou menos ao mesmo ritmo perto do 1º terço da prova e dadas as dificuldades que sentíamos juntámos os esforços e a partir dali partimos para uma corrida controlada de forma a que chegássemos ao rio dentro do tempo limite que nos era imposto pelo regulamento, neste aspecto eu tive muita sorte com a companhia do Rui Pedras e do Luís Canhão, 2 amigos muito experientes e com características próprias,
um sobe bem mas desce mal, o outro desce bem mas sobe mal, eu no meio fazia a ponte e o da frente não podia parar à espera do último, isoladamente era provável que nenhum de nós conseguisse superar aquilo. Finalmente o Rio e os kayakes, apenas 1 minuto nos separou do tempo limite de chegada, mas o suficiente para festejar esta "pequena" vitória mal descobrimos a tenda e o local de passagem.
Para trás tinham ficado obstáculos bem difíceis de ultrapassar, o terreno lamacento, estradões cobertos de água e lama, rochas escorregadias, percorrer aquele rio junto ao abastecimento dos 37 kms com um caudal de meter respeito e o caminhar ao longo das suas margens, tudo foi superado com a entreajuda fortuita e ocasional que conseguimos montar entre os 3.
Ao contrário do ano anterior desta vez tive a companhia do Pedras na travessia do rio e rapidamente alcançámos a margem oposta, o caudal do rio era forte mas o Kayak levou-nos em segurança, podíamos finalmente respirar de alívio, estava cumprida a missão mais difícil desta prova, agora era chegar e se possível dentro do tempo limite das 12h.
A noite chegou rápido, frontais acesos e caminhar os últimos 10kms por entre hortas e terrenos bravios ali junto à margem esquerda do Cávado até chegar a Barcelos, apenas caminhámos a um ritmo perto dos 6 kms hora, correr ali era quase impossível devido à noite e ao terreno muito irregular, mesmo assim deu para cumprir o objectivo de chegar dentro do tempo limite, 11,39,49h, para a distância percorrida de 62,260kms. Deixo aqui uma saudação amiga para o Pedras e para o Canhão pela entreajuda que nos permitiu chegar à meta com sucesso e em condições de a partir daquele momento começarmos a pensar já em próximos objectivos. Por mim estarei já no próximo Sábado em Barrancos na tentativa de superar mais um Ultra Trail de 60 kms, se bem qoe os avisos do nosso amigo barranquenho aquilo não vai ser pera doce, mas vamos à luta. 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Maratona do Porto 2014

Com a Maratona do Porto assinalei a presença em 17 maratonas de estrada realizadas durante a minha vida de corredor a pé (26 anos), 13 das quais realizadas nos últimos 5 anos. Foi também nestes últimos 5 anos que me aproximei mais das provas trail realizadas um pouco por todo o país em desfavor das provas de estrada, contudo ainda conservo algumas como referência e que procuro nunca faltar, estão neste caso a corrida da Liberdade, o 1º de Maio, Corrida da Festa do Avante, S. João das Lampas e a Maratona do Porto, invariavelmente farei outras cujo objectivo é rolar na estrada com vista à realização das referidas provas.
A Maratona do Porto já vai na sua 11ª Edição, nas 5 últimas estive sempre presente, acumulava
com a de Lisboa, mas nos 2 últimos anos desisti de Lisboa com muita pena, o novo rumo organizativo que ela levou ainda não me cativou, com a agravante de a sua antecipação para os primeiros dias de Outubro ter vindo colidir com uma prova de trail que faz parte quase obrigatória das minhas preferências, a Serra D`Arga.
A Maratona do Porto para mim este ano teve mais uma vez o condão de a ver crescer, é uma satisfação enorme ver-me e encontra-me no meio daquela imensa multidão de atletas e de gente que ali vai à procura da sua identidade física e desportiva e na busca constante da sua superação. Não esperava já encontrar tanta disponibilidade de pessoas para enfrentar esta distância da Maratona, creio que este incremento muito se fica a dever à diversificação da corrida entre nós e que se desenvolve também no
estrangeiro com forte adesão popular como por exemplo as provas de Trail e Ultra Trail. É aqui que se ganha e garante a força e resistência necessitaria capaz de convencer qualquer um a tentar realizar mais tarde o sonho de todos os corredores, a Maratona de estrada. Depois cabe a cada organizador de maratonas convencer os potenciais aderentes e aqueles que ainda indecisos acabam por se dicidir. Neste particular a Maratona do Porto oferece as condições excepcionais para quem gosta de correr esta distância: organização, apoio aos atletas, diversão, respeito, carinho, segurança e tudo o mais que prende um atleta ano após ano, para o atleta estes são as condições ideais para se sentir bem e voltar sempre. 
A Runporto  merece pois todo o sucesso conseguido com muito trabalho ano após ano e isso como é notório tem sido premiado com a presença maciça de milhares de atletas em todas as suas realizações desportivas, nomeadamente a Maratona, é por isso que todos os que têm contribuído para o seu crescimento sonham fazer dela uma das maiores da Europa, o Porto tem todas as condições para que isso aconteça, oxalá nunca falte a força e a ambição àquele punhado de gente chefiada pelo Jorge Teixeira para que tal aconteça, por mim enquanto puder estarei lá.
Particularmente esta maratona pouco difere das anteriores, a meia dúzia de provas de estrada que faço por ano não me dão "estaleca" para sonhar com grandes resultados, depois os treinos normais que faço não passam pelo asfalto mas sim por terra batida em trilhos ou estradões, valem-me as provas mais longas que faço na montanha ou em trails longos de menor dificuldade, e claro, os resultados  traduzem depois essa realidade. As 4,46h que precisei este ano para percorrer a Maratona excedeu em apenas 1 minuto a marca do ano passado, tenho pois de concluir que foi muito positivo este desempenho. As dificuldades sentidas são as de um corredor normal, a primeira metade da prova com algum à
vontade e a segunda parte muito sofrível, neste caso uma dor muscular foi sempre a incomodar-me a partir do meio da prova, um brufene ajudou a minorar a dor e permitir que mais uma vez conseguisse atravessar aquele risco mágico de tão significado para todos os maratonistas.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

AXtrail, Trail 42 kms Serra da Lousã em Castanheira de Pera


Era Meia noite e vi-os partir, uma sensação muito estranha pois nunca vira partir uma prova de ultra trail e eu ficar ali pregado ao asfalto a vê-los partir serra acima debaixo de um temporal bem invernoso, limitei-me a desejar boa sorte aos amigos, a conviver um pouco com alguns deles mas com a noção que também deveria estar ali ao lado deles e fazer parte daquela extraordinária aventura que lhes fora oferecida pela excelente equipa que realizou a prova, tirei fotos e realizei um pequeno vídeo da sua passagem do local onde me encontrava, pouco depois vejo-os embrenhar-se pelos trilhos citadinos à procura da mãe natureza situada a poucas centenas de metros na majestosa Serra da Lousã.
Vi nos rostos de cada um a satisfação de poderem partir e ir à procura de realizar mais um desafio  e ultrapassar barreiras do que está para além do imaginável, vencer o receio e o medo, porque não, mas também iam à procura da sua aventura onde o desconhecido era o aliciante principal e a superação das suas capacidades físicas nunca testadas até então, eram estes a maioria dos que partiram. 
Para mim acabava ali o primeiro dia de contacto com esta gente heróica que abalara e me deixara para trás à espera que no dia seguinte os voltasse a encontrar algures em plena Serra numa altura em que já se encontrassem no último terço da prova e onde as suas forças já reduzidas bem necessitavam do nosso apoio para conseguirem concluir com êxito este bonito desafio a que se tinham proposto concluir.
Regresso ao Pavilhão um pouco ansioso para dormir um pouco, no dia seguinte tinha lugar marcado para a partida do trail de 42 kms pelas 09.30h e queria descansar o máximo possível mas a tarefa não foi fácil, do tecto do pavilhão vem um barulho ensurdecedor, a chuva caía copiosamente deixando-nos apreensivos não só com os amigos da Ultra mas também por nós que partiríamos no dia seguinte, e para quem conhece a Serra da Lousã sabe bem que aquilo mesmo sem mau tempo não é uma pêra doce.
O nervosismo de muitos atletas que iam participar no trail depressa e bem cedo se começou a manifestar, ás 4h 5, 6, e 7h era ver a rapaziada a caminho dos balneários fazendo aquele barulho habitual acordando toda a gente, pelas 5h também lá fui e já havia alguém a banhar-se para preparar o corpo para acolher sem impurezas a sagrada água vinda da Natureza quando por lá se encontrasse, tentei ainda depois dormir mais um pouco mas foi impossível e resignei-me a esperar que chegassem as 7h para começar a preparar o que era necessário levar e também a ornamentação pessoal que normalmente também me acompanha.
Pelas 7h começam a chegar os primeiros desistentes do UTAX, eram fundamentalmente atletas já experientes mas que as mazelas adquiridas na prova os forçara a desistir, não era nada de grave
mas que se podia tornar complicado se continuassem em prova, para mim e para os outros do trail que iriam partir ás 9,30h era um mau pronúncio, era um sinal que o percurso a fazer ia estar mesmo muito mau, mesmo assim procurei afastar essas preocupações para bem longe já que estou habituado a apanhar o pior que se pode imaginar e onde é necessário o máximo cuidado e ás vezes alguma perícia, que no meu caso já pouco funciona devido à minha natureza de veterano já de idade avançada.
Na partida dei comigo a pensar que já devia ter quase 10h de montanha, é a 1ª vez que me desloco para um local e não participo na prova principal, uma situação muito estranha para mim, mas aqui eu tinha de ser muito realista, 24h para fazer esta prova era demasiado para mim, com a agravante de existirem dois controlos de eliminação pelo meio quase impossíveis de alcançar, ainda assim a organização decidiu, e bem, dar mais uma hora de tolerância devido ás péssimas condições do terreno e meteorológicas, depressa me concentrei que era esta que tinha pela frente e que sabia pelos relatos dos desistentes que a coisa iria estar muito "preta". 
Gostei de ver por ali muitos amigos e outros que também por o serem me escapam por a minha memória estar sempre a atraiçoar-me, por isso não me canso de lhes pedir desculpa por este defeito que tenho, dou só um pequeno exemplo deste apagão que de vez em quando aparece: no abastecimento de Telesnal, o 1ª deles, dois atletas chegaram e preparam-se para tirar uma foto, eu estava ali e depressa me puxaram para o grupo e para a foto, incluindo os simpáticos voluntários, a meu lado estava a Sónia Dionísio que não reconheci e por quem tenho muita admiração, mais tarde identificaram-me na foto e ela apareceu na minha página do Facebook, é assim lamentável.
A Serra da Lousã desta vez não me surpreendeu, esperava o pior mas depois de a percorrer a partir de Castanheira de Pera tenho a convicção que as 3 versões que conheço da Serra a partir e chegar a Miranda do Corvo é bem mais complicado devido à natureza do terreno e ás condições climatéricas que temos encontrado. Felizmente a organização do AXtrail não limitou a prova de
trail a ninguém, graças ao UTAX, que tinha 24h para se realizar, permitindo assim os atletas participantes a enfrentassem mais descontraídos e sem qualquer tipo de pressão, tanto assim é que pouco passava das 10h de prova chegava o último atleta juntamente com o "vassoura". 
O meu objectivo para esta prova era conseguir chegar ainda de dia, como precaução levei o frontal para precaver qualquer percalço e não conseguir este objectivo, por antecipação a organização também esteve muito bem ao incluir à última da hora o material obrigatório para esta prova de 42 kms, nomeadamente a manta de sobrevivência e o corta vento. A ordem de partida já foi dada com quase meia hora de atraso e isso começou desde logo a complicar as minhas contas, os primeiros metros nos trilhos foram caóticos, caminhos estreitos para tanta gente, filas com escoamento lento (quase que se justificava uma pequena volta pela Povoação para estender um pouco mais o pelotão), por mim estava bem assim, corria-se andava-se e eu também ia descansando as pernas. No ataque à Serra com estradões e trilhos espectaculares a Selecção foi-se fazendo cá atrás, provavelmente na frente também se fazia, mas aí a guerra era outra, a minha não a preocupação de ser o último ou não, era chegar de dia e depressa arranjei o meu ritmo com a ajuda dos bastões e vencer aquela primeira barreira que nos levaria aos 1.005 metros de altitude apenas com 5,700kms de prova
(partíramos dos 470 metros de altitude). Foi aqui que começaram a passar por mim os primeiros atletas da mini, partiram pouco depois de nós, fizeram-me companhia durante 2/3 kms até saírem do nosso trilho e virarem noutro com destino à meta. A chuva, o frio e o vento acompanhou-nos durante mais 4 kms até começarmos a descer para o 1º abastecimento que nos esperava em Telesnal, até lá dureza nas descidas, trilhos e estradões com muita pedra solta, lama e pequenos ribeiros, raízes e pedras com muito musgo, assisti a muitas quedas, todas bem sucedidas (até uma atleta chegou a ser surpreendida quando pisava uma lage  com musgo e ficou estendida sem saber o que lhe aconteceu, ia a falar ao telemóvel!!! Tínhamos percorrido até Telesnal o mesmo caminho que os ultra heróis tinham feito, notava-se já a degradação do piso devido também à sua passagem, estávamos agora na parte mais baixa de todo o nosso percurso (243 metros acima do nível do mar), era ali também que a Ultra e os nossos heróis voltariam para a esquerda e iam "visitar" parte do percurso que habitualmente é utilizado pelo Trail dos Abutres que se realiza habitualmente na últimas semanas do m~es de Janeiro de cada ano. 
Perto dos 20 kms de prova começo a encontrar atletas do UTAX, já trazem cerca de 70 kms de prova e vêm com sérias dificuldades, passo por 2 deles que já vêm a passo, provavelmente não
chegaram ao fim, perto dos 24 kms, 2º abastecimento, passo pela amiga Paula Fonseca tira-me uma foto e paro um bocadinho a falar com ela, esperava pelo seu companheiro de vida Carlos Fonseca, a sua expressão era de alguma preocupação pois ele não vinha bem, desejei-lhe sorte e subi aquela enorme escadaria (iria encontrar mais duas entranhadas no interior de aldeias de casas muito antigas e bonitas) até ao local onde estava o abastecimento. Ali já estava o sempre jovem Vitorino Coragem que mais uma vez não receou aquela Serra que tão bem conhece e os 109 kms que a abraçam quase de uma ponta à outra, era o digno e único representante sexagenário presente em prova a merecer da minha parte rasgados elogios, depressa partiu pois faltavam-lhe ainda 35 kms e um controlo de eliminação pela frente, não vacilou e venceu com grande brilho mais esta dura batalha.
Aproveito este 2º abastecimento para comer bem pois vinha uma das partes mais difíceis da prova, estava com 5,20h de prova e a previsão final apontava para chegar ainda de dia à meta. mas depressa começámos a subir para o ponto mais alto da Serra por trilhos muito difíceis, incluindo uma levada espectacular com um diâmetro de caudal de água de 1 metro quadrado, durante mais de 1 km esta levada acompanhou-nos com a água a correr em sentido contrário ao nosso e não raras vezes serviu para beber e refrescar sempre que estava à altura da nossa cintura, depois foi trepar Serra acima até chegar ao alto, a meio desta começa o frio e o vento a fustigar e o nevoeiro já lá está também mais acima, 2 elementos da organização estão ali no estradão onde desembocava o trilho por onde seguíamos, informa que no alto o frio é muito intenso, parei e com a sua ajuda vesti o corta vento mesmo por cima da t,shirt molhada que levava vestida e depressa continuei a
marcha, pouco depois chego ao cimo sem conseguir ver nada em volta, olho para o Garmin e marca-me 1.215 metros de altitude, creio que erradamente pois o registo que tem gravado vai só até aos 1.186 metros, ainda assim foi ao ponto mais alto que alcancei em prova. A partir daqui já levava um companheiro de corrida, chegou numa boa altura, a pouco mais de 2 km tinha outra montanha para escalar, segundo o gráfico que nos acompanhava, mas dali não se via nada pois o nevoeiro escondia tudo o que estava à nossa frente, assim, descemos um pouco para voltar a subir e dar por encerrado este capítulo das subidas que culminava exactamente aos 30 kms de prova, o resto seria a descer. 
O atleta que seguia comigo era inexperiente em provas longas, 30 kms era o seu máximo e seguia com dificuldades evidentes, levava em mente desistir no abastecimento dos 31 kms mas seguindo o
exemplo de quem vai comigo não fica para trás consegui convencê-lo a prosseguir até à meta, incluindo chegar de dia já que ele não tinha frontal para enfrentar a noite se ela entretanto caísse. Foi neste tom de conversa que chegámos ao abastecimento depois daquela tormentosa descida de quase 2 kms de pedra solta e trilho muito estreito mas ao mesmo tempo com uma vista espectacular agora que o nevoeiro eo frio tinham ficado para trás. 
Logo que partimos deste 3º abastecimento para a etapa final e depois de assegurar que este amigo que me acompanhara os últimos kms tinha partido e abandonara de vez a ideia da desistência parti à procura de baixar das 10h de prova e chegar ainda de dia à meta, para isso contei ainda com uma condição física excelente naquele momento que me permitia correr onde era possível a 6 minutos o km, contei ainda com a companhia de um atleta do UTAX  durante alguns kms naquela parte final mas depois fui mesmo embora para chegar o mais rápido possível, valendo aquele cenário espectacular do rio que nos
acompanhou até quase cortar a linha de chegada.
Finalmente depois de andar por ali um pouco ás voltas após a espectacular passagem do rio vislumbro a meta pela mesma rua por onde tínhamos saído à algumas horas atrás, uma sensação muito agradável, excelente recepção por parte de todos os presentes que me sensibilizaram, não mais os vou esquecer.
Terminava assim mais uma prova com intensidade elevada, 42,700kms e o tempo de 9,12,50h. com 12,57 minutos por km.
Apraz-me registar que o amigo que querias desistir acabou por chegar acompanhado do "vassoura" e estava feliz por ter terminado, também eu fiquei feliz por ele.
Espero agora chegar à Maratona do Porto recuperado e fazer um bom desempenho, o qua não será nada fácil, ali são 42 kms corríveis e isso anda pela hora da morte, mas vamos la!!!

domingo, 12 de outubro de 2014

Meia Maratona da Moita, 2014


Levanto-me ás 08,30h e verifico que está a chover, já de noite tinha dado conta que que ela caía com alguma intensidade mas isso não me incomodou porque até gosto de ouvir o ruído da água a bater nos vidros ou nos estores, é sinal de vida e a Natureza soberanamente a exercer o seu papel neste já depauperado Planeta, mas aquilo que me interessava estava por decidir, tinha de treinar, se possível em estrada, exitava em fazê-lo aqui perto de casa ou ir até à Moita onde se realizaria a Meia Maratona anual neste Domingo, não estava inscrito e não gosto de correr infiltrado, respeito o suficiente quem organiza as provas para me aproveitar e usufruir dos apoios que disponibilizam aos atletas que se inscreveram e pagaram para terem o direito de participarem na corrida com todos os direitos e regalias. Ás 9,15h decido ir até à Moita, vou pela Ponte Vasco da Gama e é rápido a chegada à Moita, a chuva continua a cair e estava fresco, o meu genro Vítor Pinto está inscrito (bem como o meu Sobrinho Filipe Torres e o seu irmão Marco),
durante a semana desafiara-me a fazer esta Meia Maratona devido ao facto de eu ir à Maratona do Porto a 2 de Novembro, mas como ainda tenho de ir ao UTAX versão 42kms já no dia 18 (próximo Sábado) antes da Maratona estava exitante, mas ao chegar à Moita depressa ganhei alento para fazer a prova, faltava meia hora para o início e logo ali encontrei um amigo que tinha um dorsal a mais, a chuva a cair e a temperatura a condizer ajudaram à decisão, agarrei em 5€ e dei-lhe, tendo aceite apesar de alguma resistência, mas é assim que eu gosto, depois fui legalizar a minha participação com o meu próprio nome e o do meu clube, Amigos do Vale do Silêncio.
Ia preparado com equipamento para treinar e foi assim que parti, t,shirt e calção preto, ténis misto de trail e terra batida, boné laranja já muito usado e o meu Garmin 305, se tivesse planeado a
prova com tempo lá teria levado os amuletos todos e também o camelback me teria feito companhia, assim nada como voltar ás origens das minhas provas de estrada, não que tenha saudades, mas que por necessidade do calendário não pude fugir.
No início da corrida vem o Tozé de trás a ralhar comigo porque tinha começado muito depressa, apanha-me e lentamente vai embora, nunca mais o vi, a não ser quando já eu vinha a chegar à meta a 5´ao km o vi perdido na Moita a procurar o seu carro, com tanta volta na prova acabara por perder o Norte e eu lá o conduzi ao sítio certo pois vinha de Norte para Sul e ele recuperou do seu desnorte. Um pouco mais à frente chega-se a mim o José Pedro e o Pedro Ferreira, com a chegada deles considerei que ia mesmo depressa demais, por certo estes 2 amigos iam ali mas tinham em mente o seu familiar e meu amigo Joaquim Ferreira que estava prestes a chegar a Fátima numa
peregrinação que empreendera à alguns dias com o intuito de lá chegar no dia de hoje, por isso a sua tranquilidade porque ele atingira esse objectivo a que se propora, mas desde logo  seguiram na peugada do Tozé e eu fiquei no intuito de manter um ritmo que me permitisse fazer a corrida sem quebras e sem paragens. Perto dos 5 kms de prova cai a primeira carrada de água, vinha tocada a vento mas é assim que eu gosto dela e creio que ninguém ficou chateado com a sua visita, até final ainda tive a sorte de levar mais algumas pazadas dela de lado, de frente e de trás para não variar, mas que foi sempre bem vinda
Aos 10 kms passo com uma hora e alguns segundos e aos 12 kms 1,12h, é excelente, a média vem nos 6m km, um dos gémeos da perna esquerda começa a incomodar-me e a partir dali até final vou muito atento e procuro correr na estrada onde não haja inclinação para a esquerda. Estava assim até ao momento a conseguir correr até esta
distância sem ter a necessidade de andar para descansar um pouco, é verdade que o tempo fresco e a chuva estavam a ajudar mas as pernas também estavam a dar sinais muitos bons, decido então fazer a prova sem paragens no restante que faltava e assim verificar como estão as coisas para enfrentar a Maratona do Porto daqui a 3 semanas. O último km, (sempre a descer) embalo e rolo +- a 5´km, o Daniel já me esperava a meio, tinha terminado com o tempo de 1,39h, coloca-se a meu lado e reboca-me até à meta, digo-lhe que gostava de baixar das 2,10h e acabei por conseguir as 2,09,34h a uma média de 6,04 ao km (menos 9 minutos que a edição de 2013) para 21,380km percorridos, não que fosse um objectivo final mas forcei para amenizar a quebra da 2ª parte da prova, que foi mínima diga-se.
Terminei cansado e com as pernas bem pesadas, fizera 4 treinos de 12 kms esta semana que
passou, o último dos quais na 6ª feira sem saber ainda que ia fazer esta meia maratona, se soubesse as coisas se calhar tinham sido diferentes mas passado estas 3 horas de intervalo até agora acho que optei bem em estar na linha de partida desta prova, prova em que há vários anos sou assíduo e me deixa sempre muito satisfeito pela excelente organização que é colocada no terreno em apoio dos atletas desde os abastecimentos até à vigilância em todos os cruzamentos e entroncamentos, rapidez de processos antes e depois da partida, Uma normalidade que nos apraz sempre de registar.
Segue-se agora no Sábado o UTAX (42kms) e aguardar mais duas semanas pelo Porto para uma das maratonas que mais gosto de fazer, será a 18ª.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Ultra Trail da Serra D`Arga 2014


A Serra D´Arga é uma espécie de santuário do Trail nacional, profundamente conhecedores desta realidade a organização que levou à prática a realização da 4ª edição obteve um enorme sucesso em todos os seus capítulos, divulgação e apoios, participação elevada de atletas e o seu acompanhamento ao longo de toda a prova. É a 4ª vez que lá fui e continuo encantado com aquelas serras e vales, principalmente o rio com as suas cascatas e o deslizar da água cristalina ali a nossos pés que vem nem sei de onde mas que me faz brilhar a vista sempre que estava por perto. O aperto dos controlos de passagem aos 33 kms e na chegada em termos horários retirou-me parte daquilo que mais gosto do trail: divertir-me na água , molhar-me, beber, refrescar-me e até tomar banho,
aquilo era demasiado desafiador mas a tudo tive de resistir em favor da minha passagem limpa e sem penalizações por esta prova. Isto porque o desafio para mim era enorme, 2.500 metros de altimetria+, percurso pedregoso e muito acentuado onde o impacto de tanto saltitar pela zona rochosa deixava marcas em toda a zona muscular, incluindo os pés, tudo isto num percurso de 52 kms onde eu tinha ainda por cima de vencer duas barreiras de respeito (para mim ,claro) 6,30h aos 33kms e 11h. na meta. Confesso que durante toda a prova sempre duvidei que conseguiria classificar-me, havia de vencer o 1º obstáculo e só depois pensar na 2ª metade da prova, para lá chegar tinha 4 picos montanhosos (e manhosos)  para vencer cuja média entre eles rondam os 750
metros, o último dos quais levou-nos 792 metros e foi também o mais doloroso (não o mais difícil tecnicamente) pela sua extensão, 3 kms. No alto desta bonita e difícil subida atingimos os 28 kms de prova e eu tinha gasto já 5,15h restava-me apenas 1,15h para percorrer mais 5 kms até ao posto de controlo de eliminação, nesta altura ia acompanhado pela Cristina Guerreiro que na planície do alto desta montanha me incentivou a correr até para activar toda a zona das articulações dos pés devido à subida, tentei segui-la mas durou pouco mas consegui ir correndo e andando naquele espectacular prado onde os animais se alimentam e vivem livremente, o meu objectivo era chegar o mais rápido possível ao controlo, conhecia agora o local por onde estávamos a passar, a

enorme descida (4 kms) até à Povoação era muito acessível e fui sempre a correr conseguindo assim chegar com 6,05h, amealhara aqui cerca de 25m para a 2ª metade da prova.

O abastecimento, tal como os anteriores era abundante, como de costume tinha dificuldade em comer, por isso aproveite e comi/bebi aqui uma sopa através de um copo de plástico aconchegando assim o estômago com alguma coisa e parti sem perder mais tempo pois vinha aí Uma das partes mais bonitas do percurso que era o rio e as suas cascatas e a acompanhá-lo uma das partes mais técnicas e difíceis de todo o percurso, fez bem a organização ter retirado algumas passagens por dentro do rio pela sua perigosidade, muitas quedas na edição de 2012, e
optar pelas margens sempre muito perto do percurso da água, ainda assim deu para molhar os pés algumas vezes por vontade própria ou por imposição da organização, foi aqui que descemos ao desnível mais baixo (106m) seguindo-se uma subida de cerca de 6kms (incluindo o rio) mais acessível que nos levaria ao abastecimento dos 44 kms. Aqui chegado com 8,40h de prova tinha agora 2,20h (até ao limite de tempo das 11h) para fazer os restantes 8kms que faltavam até à meta, estava portanto optimista mas preocupado ao mesmo tempo por uma razão muito simples, à minha direita estava a última montanha,730m, a base onde estava era aos 320m e 4 kms a vencer sempre a subir, as forças que restavam eram já poucas mas a vontade de chegar era mais forte, fui gerindo o ritmo e chego ao alto com 10h de prova, estou agora a escassos 3kms da meta e tenho uma hora
para lá chegar, a descida que se segue até à meta é muito difícil e técnica, os pés estão já muito massacrados, uma bolha incomoda-me na planta do pé, os joelhos estão feitos em fanicos, assim procuro descer em passo de corrida onde posso sem colocar em risco alguma possível queda que estragaria tudo, chego ao fundo da serra safo de quedas ou outra maleita qualquer e entro no estradão que dá acesso a DEM, (Povoação que acolheu a partida e chegada da prova), sempre a descer corro quanto posso, entro no alcatrão e 600 metros depois avisto a meta, a passadeira vermelha estendia-se ao meu encontro, piso-a e a 50 metros corto finalmente a linha de chegada, o relógio

marcava 10,46h, (cerca de 15m por kms nos 3 kms finais e sempre a descer!!!) ali estava ainda para me receber, tal como aconteceu com todos) o Carlos Sá, mentor e organizador desta magnífica prova de trail. Escusado seria dizer que fiquei feliz e muito satisfeito por conseguir o objectivo de terminar a prova dentro dos limites horários impostos pela organização, alguns (poucos) não o conseguiram, outros acabaram por desistir não resistindo à sua dureza mas de certeza que uns e outros aprenderam muito com esta experiência e voltarão a esta montanha, um dos locais mais bonitos do nosso Portugal. 

Eu voltarei se não continuarem a espremer os tempos limite de prova, este ano deu para o próximo já não sei, mas a vontade é grande para continuar a alimentar a vista, a mente e fundamentalmente a saúde.
Obrigado ao Daniel Pinto e Rui Pacheco pela companhia nesta aventura e muitos parabéns pelas suas magníficas provas.
Vem aí o UTAX (42kms) já dia 18/10, a recuperação está a ser lenta! vamos a ver!