segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Grande Trail Serra D´arga


Correr numa montanha como a Serra D `Arga requer uma atenção e preparação especial de quem ouse enfrentá-la, e tenho de ser sério para reconhecer que não estava no mínimo de condições para o fazer, mas apesar de todos os contratempos nada me iria impedir de estar presente e atravessar aquelas serras e vales pela 3ª vez consecutiva.
Uns arreliadores problemas físicos surgidos depois do Utra Trail de Óbidos não me têm permitido efetuar uma preparação adequada para esta prova em Caminha, ainda recentemente (há 15 dias) surgiu-me uma inflamação num gémeo da perna esquerda que me levou a desistir no Trail de Ponte de Sor, ainda assim confiei que era possível curar com alguma intensidade a mazela e estar presente na partida.
Quando cheguei ao local onde estava instalado o secretariado da prova na companhia de mais 4 amigos que fizeram a viagem comigo logo procurámos os dorsais e depressa arrumámos esse assunto, pessoalmente tinha um objetivo que ficara escrito à tempos de saudar o Carlos Sá pela sua vitória recente no deserto da Califórnia, mas neste aspecto não fui bem sucedido devido aos afazeres que a sua responsabilidade no evento implicam, ainda me mandou aguardar por melhor oportunidade, mas ela não chegou, pensei que talvez na chegada da prova tivesse essa oportunidade visto que neste momento já era tarde e ainda tínhamos de ir jantar.
A noite esteve muito chuvosa e como sempre quase que não consegui "pregar" olho, a mistura da orquestra dos roncos que se ouvia em toda a sala onde devíamos dormir e a chuva que caía com alguma força na cobertura do pavilhão eram de um efeito devastador para quem queria descansar um pouco, definitivamente ás 3,45h desisti de dormir e aguardei serenamente dentro do saco que chegassem as 6h para começar a arrumar as coisas e preparar-me para a prova.
Logo que chegámos a DEM tive a certeza daquilo que já previra, a serra, visível ali a 2 kms, estava de novo encoberta pelas nuvens tal como estava há 2 anos quando a prova foi suspensa aos 20 kms, mas pelas mensagens sonoras que ia ouvindo não se falava numa possível alterar do percurso pese embora as péssimas condições meteorológicas anunciadas e que eram visíveis pelo observávamos, vento, chuva, neblina e algum frio. Ainda vesti o anorak mas depressa me arrependi e ainda antes da partida tirei-o de novo, à minha volta estava tudo bem resguardado contra o frio e com a chuva mas não me importei, a minha t-shirt de manga curta dava-me algum conforto e seria o suficiente para enfrentar aquele temporal, aliás como se veio depois a confirmar. Antes da partida fiz alguns alongamentos na zona dos gémeos de forma a "esticar" um pouco a região afetada pela inflamação, depois partimos após a cerimónia de 1 minuto de silêncio em homenagem aos bombeiros mortos em combate contra os incêndios criminosos.
A minha prova em si não tem muita história, toda ela estava enredada na interrogação até onde eu conseguiria chegar, não apenas pela recente lesão mas também pela falta de preparação, por isso todo o sentido estava sempre virado para o aparecimento de dores nos lugares suspeitos, e não foi preciso esperar muito que a sensação de dor aparecesse, mas seria apenas sensação? abrandava a marcha (que já era lenta) e parece-me que ficava melhor e prosseguia. A chuva e o vento a partir do meio da 1ª subida (2 kms) começava a fustigar forte e feio, a forte inclinação com muita pedra/rocha e alguma lama ia atrapalhando mas que se conseguia ultrapassar com as dificuldades inerentes, as encostas da serra viradas ao mar eram terríveis de suportar com ventos de rajada muito forte misturas com a chuva castigava em demasia quem por ali andava mais exposto e "mal vestido) como era o meu caso, no outro lado da montanha virada ao Oriente tudo mudava, a chuva mantinha-se mas o vento amainava, assim fui até ao 1º abastecimento que estava pelos 7 kms, ali fiz uma paragem técnica e perdi o controlo de quem ainda vinha atrás de mim, parece que não mas quando andamos sozinhos sabe sempre bem saber se ainda temos alguém atrás de nós, fiz a pergunta mas ninguém me soube responder. Rapidamente, andando e correndo, cheguei ao abastecimento seguinte (11 kms) e sou apanhado pela Analice Silva que rapidamente parte mal tocando no abastecimento ali colocado à nossa disposição, entretanto chegam outros atletas e fico a saber então que ainda vinham muitos atrás de mim, parto e pouco depois apanho a Analice e decido ficar por ali na sua companhia por algum tempo.
Entretanto a chuva continua a cair incessantemente, os trilhos parecem agora rios caminhamos com os pés encharcados e em banho permanente, os obstáculos a ultrapassar vão endurecendo de dificuldade, agora existem rios em tudo o que é vale, na serra observam-se autênticas e magníficas cascatas criadas pela acumulação de água  de fazer deslumbrar a nossa vista, o dia ao mesmo tempo parece noite, na floresta logo a seguir ao abastecimento do Convento havia uma escuridão quase total, logo de seguida prosseguimos ao longo do rio com paisagens muito bonitas causadas pelo leito do rio e pelas cascatas que aqui e ali se iam formando. De vez em quando lembro-me dos gémeos e sinto-os e de imediato caminho até adquirir a confiança necessária para me esforçar mais um pouco.
A Analice ainda segue ali comigo, já tinha decidido não ir embora, era notório algumas dificuldades que ela tinha em transpor alguns obstáculos, nomeadamente a zona rochosa e a descer, porque a subir... que força que ela tem!!! depois com o avolumar da água da chuva que caía e o aparecimento impensável dos rios que se formavam montanha abaixo era necessário uma atenção permanente porque os caudais eram enormes e a corrente muito forte, em duas situações foi problemático fazer a travessia. O frio era muito intenso com o vento muito forte e a chuva a ajudar  fazer a subida em ziguezague até ao ponto mais alto logo a seguir ao abastecimentos 25 kms foi tremendo, no alto tremíamos de frio, os elementos que ali estavam da organização no abastecimentos também tiritavam de frio, rapidamente começámos a descida e com ela a temperatura melhorou e acalmámos um pouco, o pior já ficara para trás e começámos a fazer contas para a previsão de tempo para a nossa chegada, ali ainda acreditámos que as 10h. eram possíveis, mas os problemas vieram depois com os rios que se foram criando nos trilhos por onde passávamos e nos rios de que já mencionei mais atrás, acresce a isto que em determinada altura o nevoeiro também aqui e ali fazia a sua aparição dificultando a visualização das fitas, a nossa sorte é que a organização conhecedora da possibilidade de o nevoeiro aparecer colocou em pontos críticos fitas mais perto uma das outra permitindo uma melhor identificação do rumo a seguir.
O pacto de não agressão feito por mim e a Analice durou pois até à meta final, chegámos ambos em boas condições físicas e havia ainda uma boa comitiva à nossa espera em que os seus aplausos nos encheram de satisfação, recebemos o nosso prémio e terminava ali a nossa participação nesta magnífica prova, lamentando apenas que os nossos nomes não ficassem registados como terminadores da prova, por certo algum problema surgiu com a leitura de chip que transportávamos, terminámos com 10,33h e ouve registos de chip posteriores até quase ás 12 horas de prova.
A esperança de dar o tal abraço ao Carlos Sá também se desvaneceu quando cortei a meta e ele não estava ali, tenho de lhe deixar aqui o recado, devo-lhe um abraço, está prometido e tem de ser cumprido.
Parabéns a toda a organização pela excelente prova que nos ofereceram, não me esqueço de dizer que apesar do mau tempo não deve haver coisa mais bonita do que a Serra D´Arga para fazer Trail, corri lá com prazer e raramente ansiava pela chegada, aquilo foi deslumbrante dando razão á minha paixão em correr com o estado do tempo bastante adverso. Voltarei.
Uma palavra especial também para os meus companheiros de viagem e em particular para o Rui Pacheco do meu clube Amigos do Vale do Silêncio pelo seu excelente 5º lugar da classificação geral e para a Analice que continua ser uma heroína pela sua coragem em enfrentar desafios, sem medos, da qualidade quase extrema que tem por referência esta prova.
Tempo de prova aproximado: 10,33h. para 43,280 kms.
 

Classificações

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Trail do Sor, Ponte de Sor

Foi aqui que desisti, com o apoio do Vitorino
Foi curta a minha participação no Trail do Sor em Ponte de Sor. Era a 1ª edição e pela divulgação feita pela organização da prova tinha imenso gosto em participar, tanto mais que havia ainda a possibilidade de rever muitos amigos que nutram uma grande paixão por provas deste tipo e onde eu também me sinto à vontade. Mas quis o infortúnio provocado por um problema num dos gémeos que eu não completasse a prova e a consequente desistência a cerca dos 2 kms da partida. Quando parti já estava tocado com uma ligeira dor que contraíra no último treino antes da prova (Sexta-feira), mas mesmo assim apresentei-me na partida com os dois companheiros do meu Clube que fizeram a viagem comigo, tinha a noção que podia parar a qualquer momento e logo a partir do 1º km a dor começou a acentuar-se, não pensei duas vezes rolei até um pouco mais à frente e desisti junto de uma ambulância dos Bombeiros e comuniquei ao elemento da organização que ali estava da minha desistência.
Eu e o Míster Fernando a descer para o Rio
Estava nesta altura a pensar já na Serra D`Arga, seguir ia destruir a minha ida a esta prova e isso eu não queria, a inflamação no gémeo não passava disso mesmo e prosseguir era o mesmo que dizer que iria ter uma rutura pela certa, foi a melhor opção. Logo surgiu uma viatura da organização para me resgatar mas não fui, preferi ficar ali e esperar pelos atletas que voltariam a passar ali após os primeiros 10 kms. Depois passados quase duas horas regressei a pé até ao local de chegada acompanhado de um membro da organização e do atleta Rui Ferreira que tinha desistido poucos momentos antes ali naquele local, confidenciou-me depois que não estava nos seus dias mas que na Serra D´Arga já deverá estar a 100%.
Enquanto eu passava ao fundo à direita a Otília mergulhava.
De regresso ao local de partida e já munido da máquina fotográfica fui para as margens do rio e entretive-me a registar a chegada de quase todos os atletas do Trail e alguns da Caminhada, dando assim por concluída a minha participação neste 1º Trail do Sor excelentemente bem organizado e com gente muito simpática.
Voltarei lá para o ano e acabar aquilo que agora não consegui.
Percorri 2,220kms e gastei 16 minutos.
Fotografias

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Corrida da Festa do Avante

Ainda um pouco dorido da corrida do dia anterior na Meia Maratona de S. João das Lampas fui para esta corrida da Festa do Avante com o intuito de participar apenas com o sentido de fazer mais um treino com vista a recuperar alguma forma para enfrentar as duas de Trail que ainda tenho este mês, ou as 3 se decidir ainda ir até ás terras do Grande Lago no Alqueva. A prova manteve-se fiel ao trajeto dos anos anteriores com uma melhoria muito significativa: a alteração do local de partida, é a 4ª que já conheço, mas que me deixou bastante agradado, lembro-me ainda bem da confusão da partida do ano passado onde misturavam mais de 1 milhar de atletas com os habituais visitantes da festa, veículos que circulavam e outros por ali estacionados numa rua de acesso à Festa bem estreita e sem qualquer condições para o efeito. A Organização atenta ao ocorrido ofereceu-nos este ano um amplo espaço de partida que creio veio resolver de vez este eterno problema.
Tinha a minha "pequenota" de novo ali ao pé de mim na partida bem como o Daniel e muitos outros Amigos do Vale do Silêncio, via de novo o João Vaz com vestido com a nossa camisola e a "pequenota" a estrear a sua camisola azul das nossas cores, aos poucos as coisas vão-se recompondo para ela, o "pequenotezinho" já vai dando alguma folga e assim permitiu esta proeza de voltar a uma prova que já venceu.
Eram/foram 11 kms num percurso que é espetacular de ida e volta e nos permite estar dentro da corrida e apreciar aqueles que admiramos que rolam sempre na frente da corrida mesmo que ainda eu siga no km 3 e já esteja a ser cruzado pelos atletas da frente, mas isso pouco importa desde que para nós, e neste caso para mim, nos sintamos bem e a cumprir com os objetivos que traçamos para a nossa corrida. No início ainda fiz uma leve tentativa de fuga à "pequenota" mas de pouco valeu, pouco depois o Daniel trouxe-a de volta e no fim ainda levei com 6 minutos de bitola, tudo bem, o mais importante é que vá participando de vez em quando e a matar a saudade de tempos áureos bem felizes.
A minha prova foi sempre em esforço propositadamente e nos limites, raramente baixava dos 6 minutos ao km mas no final a média foi mesmo essa, pelo que a 1,06 h conseguida corresponde a 11,020kms do percurso traçado e a acabar mesmo no cenário da Festa do Avante.
O resto, bem, foi excelente com a companhia dos 2 "pequenotes" que fizeram a corrida, do meu genro e nora e de mais amigos entrámos na Festa e ficámos por lá, a fazer o quê? Imaginem! 
 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Meia Maratona de S. João das Lampas


A grande moldura humana representada pelos atletas presentes na Meia Maratona de S. João das Lampas compensou-me de certa maneira pela fraca prestação individual nesta prova, ainda assim retirei cerca de 10 minutos à prova do ano passado, também ela fraquinha. Gostei de ver tantos atletas presentes e a participar nesta 37ª edição da prova, é um prémio recompensador para quem tanto tem persistido em a manter viva ao longo de tantos anos, falo obviamente do Fernando Andrade.
A feliz ideia de avançar para outras ideias desportivas ao longo do ano ligadas a esta Meia Maratona poderá estar ligada a este sucesso, estive em duas dessas iniciativas: a Meia Maratona noturna que se realiza em Novembro na versão de treino com convívio final e o 1º Trail de S. João das Lampas realizado também ao fim da tarde/noite no 1º semestre deste ano, por isso a minha convicção que a divulgação da prova realizada neste fim de semana representar um grande sucesso pelo seu organizador. É certo que a amizade e simpatia que une um número elevado de atletas a esta prova e aos seus organizadores também contribui para o sucesso mas ele de nada vale se não existir um carisma forte por quem tudo dá para bem receber os amigos e todos aqueles que os visitam pela primeira vez.
Finalmente começa a esbater-se este papão das "rampas", na 37ª edição bate-se o recorde de presenças, o facto de se realizar na 1ª semana de Setembro não esmoreceu a fidelidade de uns quantos (creio que a maioria) e dos outros que quiseram finalmente conhecer a prova e vencer alguns fantasmas de que tanto se falava, como gostei de ouvir dizer a tantos que era a sua estreia na prova e no final pelo que ainda fui a tempo de observar que estavam satisfeitos pelo sucesso da prova.
A grande adesão provocou como é óbvio alguns desajustos no terreno organizativo, prevê-se que a prova ainda irá crescer muito mais, o que irá provocar maiores dores de cabeça à simpática organização desta velhinha competição, pequenos nadas a corrigir e por certo teremos para o ano mais uma edição espetacular. 
Desde o dia 4 de Agosto Ultra Trail noturno de Óbidos que não treinava, fiz algumas fogazes tentativas sem grande sucesso, já que o esqueleto não permitia mais devido a mazelas então deixadas, por isso corri a meia maratona com muita cautela tentando não afectar a zona da coluna ainda dorida, só a partir dos 15 kms é que comecei a ganhar mais confiança e a acreditar que podia forçar um pouco mais até chegar à meta. Ao contrário de anos anteriores o tempo estava excelente, algum vento e pouco calor, ainda assim a organização e os proprietários de algumas casas proporcionaram-nos um número elevado de chuveiros (mais do que o habitual) espalhados por diversas ruas de todas as aldeias que atravessámos, como é habitual não falhei nenhum, o tanque lá estava de novo e à falta do balde e do calor abrasador habitual limitei-me a umas baldadas de água com o boné que me acompanhava e assim prossegui mais fresco com a vontade renovada em prosseguir até ao fim.
Voltei a encontrar muitos amigos por lá mas ouve um que não consegui encontrar e ele estava ali por perto, se calhar a menos de 10 metros, veio da Holanda e é um grande amigo ainda assim a sua esposa conseguiu descobrir-me e matei saudades, mas o Xavier é que nada, ainda fiquei por lá até tarde mas não sabia da churrascada onde estava e vim embora. Talvez na Maratona do Porto volte a tentar encontra-lo.
Não sendo o mais importante acabei por fazer 2,11,21h nos 21,280kms que o meu cronómetro registou.
Fotos de: A.M.M.A.