quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ultra Trail Amigos da Montanha 2013


Conforme prometera voltei a Barcelos passados que foi 1 ano depois daquela magnífica experiência que foi o Ultra Trail do ano passado. Tinha contas a ajustar comigo mesmo, em boa verdade só concluí essa prova devido à boa vontade dos elementos da organização que me permitiram passar para o lado de lá do Cávado em mota de água devido ao facto de os kayaks já estarem fora do Rio. na crónica que então fiz neste meu Blogue:  
assinalava alguns erros que cometi durante o percurso e que no final levaram a que tivesse muitas dificuldades em concluir aquilo.
Em 2013 tudo foi diferente, estava confiante que iria superar todas as dificuldades e conseguir chegar ao 1º dos objetivos desta prova, o Rio Cávado, excetuando os ligeiros enganos de então (2 kms) e a cena da passagem do Rio de mota de água, tudo foi igual na edição de 2013. A organização atenta ao que alguns atletas escreveram então decidiu e bem adiantar uma hora na partida da prova principal, passando das 8h para 7h indo assim ao encontro de solicitações de atletas, entre os quais me encontrava eu, que de outra forma mantendo-se tudo na mesma me inviabilizaria lá voltar este ano. Melhorou ainda encurtando em 2 kms a aproximação aos kayaks a partir do momento que chegamos à margem do Rio Cávado permitindo assim mais a poupança de alguns minutos para quem vem no final e com tremendas dificuldades para ali chegar.
É claro que a maioria dos atletas dispensava bem estas alterações, mas também sei que estes mesmos atletas são solidários com aqueles que têm mais limitações em conseguir os mesmos objetivos, ou por via da idade ou porque a sua preparação não lhes permite superar as marcas necessárias para conseguir os mesmos resultados, daí parecer-me justíssimo e de grande alcance as alterações introduzidas permitindo assim muitos atletas terem conseguido superar a prova e voltarem a Barcelos com a certeza da garantia de poderem melhorar os seus resultados, agora com a garantia de a conhecerem melhor e assim poderem entretanto melhorar também a sua condição física para a enfrentarem.
Pela 1ª vez tive de dividir uma prova em duas, 1ª chegar aos 50 kms e depois então pensar no final até aos 62 kms. isto porque de nada importava pensar no final da prova se entretanto fosse eliminado aos 50 e foi esse sempre o meu pensamento desde a partida. Os treinos realizados foram exatamente com esse objetivo, correndo e andando a um ritmo a rondar os 8 minutos o km, sabia bem que se conseguisse fazer isto chegaria aos 50 kms com relativa folga fugindo assim ao risco da eliminação, por isso desde a partida o controlo horário das passagens a cada 10 kms era muito importante para o resultado final. Foi tudo perfeito até aos 43 kms onde estava mais um posto de abastecimento, a partir dali as coisas começaram a complicar-se, não porque não tivesse ainda tempo disponível para chegar ao Rio mas sim porque as dificuldades que ainda faltavam foram para além daquilo que ainda tinha em mente desde o ano passado, os 9 kms naquela serra após aquele abastecimento até chegar ao Rio veio deitar por terra o meu pensamento que o pior já ficara para trás, e se calhar até estava, mas foi um tormento e via a esfumar-se em pouco tempo aquilo que tinha conseguido amealhar até chegar ali.
Mas estava determinado, chegado ao último monte já tinha a certeza de chegar a tempo e horas, começo finalmente a descida para o Rio e com isto acontece também a 1ªqueda, a inclinação era brutal e deixei-me cair para trás quando vejo que a queda é inevitável, para além da sujidade nada mais me aconteceu, pouco depois estava a atravessar o km 50 recebo um telefonema da minha filhota Susana a informar-me que o meu genro Daniel já tinha terminado a sua prova (8,34h), animei mais um pouco, ia sozinho no meio da serra e sabe sempre bem termos a companhia de alguém e se for a filha ainda melhor. Prossegui na esperança de rapidamente chegar ao Rio, tinham-me informado que a passagem do Rio tinha sido encurtada em 2 kms, (o ano passado corremos 3 kms na margem do Rio para chegar aos barcos) e assim foi, passo por uns pescadores que ali estavam a cerca 200 metros e logo de seguida estava o abastecimento dos 52 kms e no Rio os kayaks ao lado uns dos outros à nossa espera.




Estava finalmente aliviado, conseguira o principal objetivo que era chegar ali por uns folgados "25 minutos", podia agora começar a pensar nos restantes 10 kms que ainda faltavam para chegar à meta em Barcelos. Vejo ali o meu amigo Miguel que o ano passado me permitira chegar à meta depois de ali ter chegado com 45 minutos de atraso levando-me para o outro lado do Rio de Mota de água e quando a noite já estava perto da escuridão. Desta vez tudo foi diferente, daí a minha grande satisfação, cumprimento o Miguel e ingeri qualquer coisa, de imediato me enfiam um colete de salvação e mandam-me para dentro do kayak, aviso que nunca andei naquilo mas de nada valeu, dão-me o remo e empurram o barco, vejo-me a navegar e mandam-me ir para a outra margem, o sol já estava muito baixo e não vejo a outra margem, o kayak vai aos ziguezagues conforme eu dava a remada, ora para a esquerda ora para a direita,
mas por incrível que pareça vou a gostar daquilo, vejo uma mota de água a aproximar-se de mim, creio que era o Miguel com um cameramen, faço um esforço para que consiga fazer aquilo bem mas em vão e lá vou seguindo sem saber onde era o ponto de chegada, sigo um kayak que segue um pouco mais à frente e que leva 2 atletas, que sorte a deles, consigo aproximar-me mas começa a doer-me os rins, não sabia que aquele movimento a remar afetaria os rins, de repente vem-me à ideia aqueles atletas que praticam aquele desporto e que a mim me parece muito bonito todos os movimentos que eles fazem e com aquela rapidez que é necessária para se ser um bom atleta, finalmente as árvores já tapam o sol e começo a ver claramente para onde tenho de ir, levo o barco até à margem e rapidamente inicio a corrida para concretizar os 10 kms finais.
Pouco depois o sol começa a esconder-se mas ainda consigo ir até aos 57 kms sem que fosse necessário ligar o frontal, é nesta altura que a Susana volta a telefonar e informa-me que o Daniel tinha o registo de 62 kms de prova, assim fiquei mais tranquilo ainda sabia agora com exatidão o tempo que faltava, a noite entretanto caíra, já de frontal vou na companhia de mais 3 amigos, a progressão faz-se agora andando na direção da margem do Rio já em Barcelos, uma última descida e nova queda e de novo sem consequências, uns metros mais à frente avistamos a ponte que liga Barcelinhos a Barcelos, continuamos juntos, sabemos que ainda vêm 6 atletas atrás de nós e que conseguiram chegar ao Rio a tempo de passar, os últimos 400 metros para a meta são feitos a correr, o Daniel lá estava à minha espera cheio de frio mas por certo satisfeito por me ver chegar e sem qualquer mazela que me afetasse.

Tal como ano passado a tenda já estava quase desarmada, nada de novo, apenas responsabilidade minha, ainda assim feliz por ter chegado e estarem à nossa espera.
Foi um empeno daqueles que de há muito não apanhava, ainda hoje ando um pouco dorida das pernas e braços (os bastões também castigam bastante) mas pronto para enfrentar novos desafios.
Se já gostava desta prova pela sua extraordinária beleza, quer nas serras quer nos rios e cascatas, ou ainda pela excelente organização e apoio que sempre tivemos ao longo de toda a prova, pela magnífica marcação e sinalização ao longo de todo o percurso (um pequeno senão com a sinalização luminosa depois de passar o Rio e já em plena noite com má visibilidade pelo facto dos autocolantes estarem colados nas fitas e a sua posição nem sempre condizerem com o sentido da nossa corrida, situação esta que passou quase despercebida pelo facto das fitas sinalizadoras estarem muito perto uma das outras), os abastecimentos, apesar de correr na cauda do pelotão estavam excelentes, algumas coisas que vi em fotos já não estarem lá quando passei mas como um atleta prevenido vale por 2 eu estava bem artilhado e se fosse necessário recorria à minha artilharia.
Não sei ainda a minha classificação, nem isso é muito importante para mim, sei que na minha idade (mais de 60 anos) não somos mais de 5 ou 6 a fazer estas distâncias, pelo que me disseram no local teria sido o 2º. (Acabei em 4º lugar)
Distância final: 62,080 kms. Tempo final: 11,17,56h(média 10,55m/km. Calorias gastas: 4000 Temperatura 4ºc.
Em 2012, 57,500kms, 10,31h. (10,31m/km, Total andado 2012: 59,240 kms.  
 
A receber do grande Vitorino o Troféu do 2º lugar da ATRP 2013 
Classificações

domingo, 10 de novembro de 2013

Trilhos de Casaínhos 10/11/2013

Os 2 primeiros da geral a 3 kms da meta.
Conforme planeado, hoje era para participar nos Trilhos de Casaínhos, localizado numa povoação do mesmo nome ali mesmo ás portas de Loures. Fui até lá mas não participei na corrida, acompanhei os elementos da minha equipa Amigos do Vale do Silêncio aproveitando o facto de já há algum tempo andar afastado do seu convívio, ou por opção de algumas provas em que temos participado ou por alguns desencontros no que diz respeito a treinos, mas creio que a ausência da minha parte mais se deve tem a ver com alguns dos meus problemas de saúde que ultimamente me têm visitado, Até para fazer este pequeno comentário mais de metade das letras tiveram de ser apagadas e substituídas por outras. Creio que as coisas tendem a seguir o seu caminho de forma bastante otimista e a tempo de não perder já dia 24/11 o Trail Amigos da Montanha e a 30/11 aquela bonita prova que Barrancos está a organizar.
Almoço convívio final
Deixo aqui o Link de acesso a todas as fotos que tirei entre os 3,5 kms e os últimos 3 da prova, chamando mais uma vez a atenção para os atletas que continuam a deixar as garrafas de água no circuito em claro desrespeito pela Natureza, pelos outros atletas e pela organização, uma delas foi mesmo à minha frente, julgo que por hábito daquilo que normalmente também faz na estrada.
Parabéns a todos os atletas dos Amigos do Vale do Silêncio que participaram e fizeram o seu melhor tendo alcançado o 3º lugar coletivo em número de presenças??? e ao Rui Pacheco pelo seu segundo lugar na classificação geral final.
Fotos

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Maratona do Porto 2013

Embora este ano já tivesse feito por 6 vezes a distancia da Maratona ou mais, a Maratona do Porto 2013 trouxe-me de novo à estrada no passado dia 3 de Novembro, optei por não fazer a de Lisboa em Outubro porque estava muito em "cima" do Trail da Serra D´Arga que se realizara uma semana antes. A  Maratona do Porto mais uma vez marcou a excelência da organização, sem invenções e alterações que apenas servem para baralhar quem apenas pretende participar e correr aquilo a que se preparou. Toda a gente sabia os pormenores necessários, os horários a cumprir, procedimentos da nossa parte e da organização. Na hora certa estavam lá todos para partirem, não deveria ter sido fácil montar todo aquele espetáculo, mas nós de nada demos conta, só sabemos que partimos e tudo o resto foi espetacular, apenas estávamos dependentes de nós, das nossas forças e pernas para concluir uma obre de arte que puseram à nossa disposição.
Não admira pois a satisfação que presenciei quando ouvi nos autofalantes que já tinham chegado mais de 2.200 atletas da Maratona, era a 4ª Maratona seguida que ali fazia e sempre com números impressionantes, e eu sabia que ainda vinha muita gente atrás de mim, os números finais foram impressionantes, 2.775 chegados.
A minha prova foi muito estranha, mas não sei explicar este sentimento que tive na partida, já me tenho emocionado na chegada de algumas provas, entre elas as maratonas, mas nunca numa partida, desta vez a coisa descambou sem eu saber porquê! Esta era a 16ª Maratona e tal como as anteriores não fiz uma preparação especial para ela, limitei-me a alguns treinos mistos (terra e alcatrão) mais longos e nunca a ultrapassar os 20/25 de corrida, por isso estava mais ao menos em condições de fazer aquilo, medo também não foi porque as distâncias não me metem medo, apenas encontro uma explicação através de alguma emoção por poder estar na partida de mais uma Maratona, pese embora a idade que já vai pesando, e por ter a saúde que me permite ainda estar onde mais gosto, a correr.
Esta emoçãozinha depressa abalou mas permitiu que enquanto subia aquela subida inicial se desvanecessem as dificuldades que sentia enquanto procurava uma explicação para aquele momento, rapidamente entrámos na Boavista e a minha preocupação era o raio do problema que tinha no olho esquerdo (que ainda dura), uma coisa parecida com a moléstia dos coelhos (se calhar alguma praga do nosso "Coelho" por aquilo que tenho dito dele), não sei, sei é que tinha o olho deitado abaixo e o suor e a trepidação das passadas me incomodavam a todo o momento. Conhecia bem o percurso mas mentalmente sentia o pesadelo de ir cruzar caminhos (ida e volta) a passar pelo mesmo local, todo o percurso é assim, mas acentua-se mais quando chego aos 19 kms e já os 1ºs estão a cruzar comigo no lado norte do
Douro quando eles já iam nos 36, olho para Gaia e vejo os atletas por sua vez a cruzarem entre si, para lá e para cá da Afurada, ainda me falta passar a Ponte D. Luís para lá e depois fazer também todo aquele trajeto de volta desde a Afurada. Todo aquele bonito cenário do Douro e das margens do Douro e do Porto são observáveis quando atingimos a marca da meia maratona devidamente identificada, local privilegiado para fazer uma análise do nosso estado físico para enfrentar a 2ª metade da prova. Cheguei lá com 2,08h menos 10 m que tinha feito na Moita mas já muito fatigado das pernas, principalmente dos joelhos, decidi então desistir da ideia das 4,30h e ir correndo, ou andando, conforme o momento. Até aos 35 kms corri sempre com pequenas paragens nos abastecimentos 25-30-35 kms, a partir daqui era chegar, o estômago começa também a reagir, a água também incomodava, como sempre faço nunca dou a
devida atenção à alimentação durante a corrida, havia passas, bananas, marmelada, laranjas, bebidas isotónicas, mas recolhia um pouco de cada coisa mas se calhar não o suficiente e quando damos conta já é tarde e nada entra. corria 1 km e descansava andando e assim sucessivamente até chegar, quando avistamos aquela longa reta final perco-me numa sensação irreal, quero chegar, quero correr e não sou capaz, ando mas parece que não saio do mesmo sítio, chega um amigo, no caso a Célia Azenha, quase que me empurra, ainda vou mas depressa lhe digo que já vou, tanta gente ali a dar-nos o empurrão final que nos obriga a ir buscar forças nem sei aonde e de repente a passadeira vermelha, de novo a emoção a tomar conta deste pobre esqueleto, 4,45,46h depois de partir chegava ali mais uma vez,
exatamente 31m a mais do que o ano passado, maçado e dorido pelo corpo todo, sem saber especificamente onde!
O Porto será o destino para o próximo dia 2 de Novembro de 2014, assim eu continue com saúde e força para lá chegar.
Agradeço a cedência das fotos enviadas pelos amigos.
fotos

sábado, 19 de outubro de 2013

Meia Maratona da Moita 2013

Passado 5 dias vou finalmente escrever umas palavras sobre a Meia Maratona da Moita realizada no passado dia 13 de Outubro. Nem sequer estava inscrito para a prova, andei a hesitar até à última e ás tantas fui para lá sem saber que não tinha dorsal para participar na corrida. Acabei por aproveitar um dorsal de um colega de equipa que desistiu há última hora que amavelmente a organização aceitou fazer a alteração para o meu nome.
Esta decisão de participar há pressa nesta prova tem naturalmente a ver com a Maratona do Porto que aí vem no próximo dia 3 de Novembro e eu estar muito aquém da preparação desejada para participar naquilo. Pode dizer-se que fiz o Ultra Trail Serra D`Arga há 3 semanas na distância de 44 kms e que seria suficiente para não ter grandes preocupações para a Maratona do Porto, mas a coisa não é bem assim, provavelmente daqueles 44 kms apenas devo ter corrido à volta dos 14kms, sim é isso mesmo, por isso muito longe do desejado em nº de kms para aquele efeito. Daí aparecer a Meia da Moita como escape para percorrer kms e minimizar o atraso que tenho na preparação.
Acresce que o tempo de recuperação de umas provas para as outras é agora mais demorado, pelo que a Moita apareceu cedo de mais e ainda muito perto da Serra d`Arga, daí a necessidade de correr a prova ainda em recuperação de esforços anteriores mas já com os olhos postos no Porto, daí que não é de estranhar os cuidados que coloquei quer no ritmo quer na gestão das forças (que eram muito escassas) desde o princípio e até final da prova.
Levei comigo o kamalbeck e por força disso tive de levar uma t-shirt por baixo da camisola do Clube e um lenço ao pescoço para não me ferir com o roçar das correias, escusado será dizer que esta vestimenta e o calor que estava me infernizaram a vida, soube-me bem ter ali sempre água pronta a matar a sede mas as dificuldades cresceram por ter tomado esta opção. Não era importante o tempo final de prova quando chegasse à meta, o importante era mesmo correr kms e adaptar o organismo de forma progressiva até chegar ao grande dia da Maratona, o alcatrão também não tem tido da minha parte grande simpatia por isso não é de estranhar que a partir do meio da Meia Maratona já tivesse "partido" os 2 pés ao meio e as dores tornarem-se num flagelo difícil de suportar. Agora sei que para chegar à Maratona ainda tenho que trabalhar muito e o tempo para lá chegar já é tão pouco.
Parti na companhia do Emílio, um amigo do meu Clube, a média rondava os 5,45m por km até perto dos 5 kms, mas aí ele diz-me que ira ficar e seguiria mais lento, fiquei só e a sua companhia estava a ser excelente, afinal ele estava mesmo com problemas, soube depois que desistira aos 8 kms por problemas que ainda desconheço, ainda há pouco tempo acontecera-me o mesmo com o Mário Lima, ia muito bem comigo e de repente diz-me que se sente cansado e que o motivo foram as férias e que tinha treinado pouco, que piedosa desculpa, soube mais tarde que que sofrera uma completa falência do organismo e fora levado de urgência para o Hospital, felizmente recuperou nos dias seguintes, a estes 2 casos podemos associar o calor que se fazia sentir, na Moita não era tanto, mas temos cada vez mais vigiar o nosso desempenho e a cada momento vigiar como o nosso organismo está a reagir, é por isso que não me importo de transportar os meus próprios abastecimentos, levo 1,5k.a mais? não importa, os meus objectivos não passam por marcas nem por boas classificações mas sim por me sentir bem e concretizar os objectivos iniciais, kms e mais kms.
Aos 12 kms estava a passar junto à meta, a média mantinha-se muito simpática 6´ o km. 1,12h. no total, já muitos atletas tinham cortado a meta e eu estava satisfeito porque ainda conseguia correr sem o recurso habitual à caminhada (muito frequente em provas de montanha), mas aos 13 kms parei pela 1ª vez  para ir beber água a um bebedouro que está ali algures no circuito pedestre junto ás árvores, era fresquinha e animou-me até chegar junto do abastecimento dos 15 kms no Rosário. Desde os 5 kms que corri sempre isolado, aliás como gosto, mas após os 15 kms junto-me a um atleta estrangeiro mas que fala a nossa língua bem fluente que me diz que ia feliz por já ter chegado ali e que estava a fazer a sua estreia na meia maratona. Tinha perdido algum tempo, ou ganho, não sei,  no abastecimento, andei ali um pouco para hidratar bem e abasteci a mochila com mais 3 garrafas para enfrentar aqueles 6 kms finais. Depois encontrei aquele amigo e ao saber a sua satisfação fiz-lhe um pouco de companhia tendo mais à frente  seguido a minha corrida uma vez que me sentia bem e ele ter dificuldades em me acompanhar, embora eu seguisse naquele momento bastante dorido dos pés e dos joelhos. Aos 18 e aos 19 kms ando um pouco, talvez uns 200 metros de cada vez, aproveito para ingerir bastante água, o calor já era muito e prossigo sempre em marcha de corrida o resto do tempo. As camisolas que levava vestido afrontava-me um pouco mas ao mesmo também me refrescava, o suor caía já em bica, o que para mim é uma situação normal e foi assim que atingi a meta, 2,18h. para os cerca de 21,200kms de distância.
Uma ilação tenho que tirar, a Maratona do Porto vai doer, a menos que ainda tenha tempo de recuperar um pouco e consiga acrescentar mais alguns kms até lá chegar. é o que tenho andado a fazer, passaram 5 dias, 35 kms percorridos, muito pouco, muito pouco!!!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Grande Trail Serra D´arga


Correr numa montanha como a Serra D `Arga requer uma atenção e preparação especial de quem ouse enfrentá-la, e tenho de ser sério para reconhecer que não estava no mínimo de condições para o fazer, mas apesar de todos os contratempos nada me iria impedir de estar presente e atravessar aquelas serras e vales pela 3ª vez consecutiva.
Uns arreliadores problemas físicos surgidos depois do Utra Trail de Óbidos não me têm permitido efetuar uma preparação adequada para esta prova em Caminha, ainda recentemente (há 15 dias) surgiu-me uma inflamação num gémeo da perna esquerda que me levou a desistir no Trail de Ponte de Sor, ainda assim confiei que era possível curar com alguma intensidade a mazela e estar presente na partida.
Quando cheguei ao local onde estava instalado o secretariado da prova na companhia de mais 4 amigos que fizeram a viagem comigo logo procurámos os dorsais e depressa arrumámos esse assunto, pessoalmente tinha um objetivo que ficara escrito à tempos de saudar o Carlos Sá pela sua vitória recente no deserto da Califórnia, mas neste aspecto não fui bem sucedido devido aos afazeres que a sua responsabilidade no evento implicam, ainda me mandou aguardar por melhor oportunidade, mas ela não chegou, pensei que talvez na chegada da prova tivesse essa oportunidade visto que neste momento já era tarde e ainda tínhamos de ir jantar.
A noite esteve muito chuvosa e como sempre quase que não consegui "pregar" olho, a mistura da orquestra dos roncos que se ouvia em toda a sala onde devíamos dormir e a chuva que caía com alguma força na cobertura do pavilhão eram de um efeito devastador para quem queria descansar um pouco, definitivamente ás 3,45h desisti de dormir e aguardei serenamente dentro do saco que chegassem as 6h para começar a arrumar as coisas e preparar-me para a prova.
Logo que chegámos a DEM tive a certeza daquilo que já previra, a serra, visível ali a 2 kms, estava de novo encoberta pelas nuvens tal como estava há 2 anos quando a prova foi suspensa aos 20 kms, mas pelas mensagens sonoras que ia ouvindo não se falava numa possível alterar do percurso pese embora as péssimas condições meteorológicas anunciadas e que eram visíveis pelo observávamos, vento, chuva, neblina e algum frio. Ainda vesti o anorak mas depressa me arrependi e ainda antes da partida tirei-o de novo, à minha volta estava tudo bem resguardado contra o frio e com a chuva mas não me importei, a minha t-shirt de manga curta dava-me algum conforto e seria o suficiente para enfrentar aquele temporal, aliás como se veio depois a confirmar. Antes da partida fiz alguns alongamentos na zona dos gémeos de forma a "esticar" um pouco a região afetada pela inflamação, depois partimos após a cerimónia de 1 minuto de silêncio em homenagem aos bombeiros mortos em combate contra os incêndios criminosos.
A minha prova em si não tem muita história, toda ela estava enredada na interrogação até onde eu conseguiria chegar, não apenas pela recente lesão mas também pela falta de preparação, por isso todo o sentido estava sempre virado para o aparecimento de dores nos lugares suspeitos, e não foi preciso esperar muito que a sensação de dor aparecesse, mas seria apenas sensação? abrandava a marcha (que já era lenta) e parece-me que ficava melhor e prosseguia. A chuva e o vento a partir do meio da 1ª subida (2 kms) começava a fustigar forte e feio, a forte inclinação com muita pedra/rocha e alguma lama ia atrapalhando mas que se conseguia ultrapassar com as dificuldades inerentes, as encostas da serra viradas ao mar eram terríveis de suportar com ventos de rajada muito forte misturas com a chuva castigava em demasia quem por ali andava mais exposto e "mal vestido) como era o meu caso, no outro lado da montanha virada ao Oriente tudo mudava, a chuva mantinha-se mas o vento amainava, assim fui até ao 1º abastecimento que estava pelos 7 kms, ali fiz uma paragem técnica e perdi o controlo de quem ainda vinha atrás de mim, parece que não mas quando andamos sozinhos sabe sempre bem saber se ainda temos alguém atrás de nós, fiz a pergunta mas ninguém me soube responder. Rapidamente, andando e correndo, cheguei ao abastecimento seguinte (11 kms) e sou apanhado pela Analice Silva que rapidamente parte mal tocando no abastecimento ali colocado à nossa disposição, entretanto chegam outros atletas e fico a saber então que ainda vinham muitos atrás de mim, parto e pouco depois apanho a Analice e decido ficar por ali na sua companhia por algum tempo.
Entretanto a chuva continua a cair incessantemente, os trilhos parecem agora rios caminhamos com os pés encharcados e em banho permanente, os obstáculos a ultrapassar vão endurecendo de dificuldade, agora existem rios em tudo o que é vale, na serra observam-se autênticas e magníficas cascatas criadas pela acumulação de água  de fazer deslumbrar a nossa vista, o dia ao mesmo tempo parece noite, na floresta logo a seguir ao abastecimento do Convento havia uma escuridão quase total, logo de seguida prosseguimos ao longo do rio com paisagens muito bonitas causadas pelo leito do rio e pelas cascatas que aqui e ali se iam formando. De vez em quando lembro-me dos gémeos e sinto-os e de imediato caminho até adquirir a confiança necessária para me esforçar mais um pouco.
A Analice ainda segue ali comigo, já tinha decidido não ir embora, era notório algumas dificuldades que ela tinha em transpor alguns obstáculos, nomeadamente a zona rochosa e a descer, porque a subir... que força que ela tem!!! depois com o avolumar da água da chuva que caía e o aparecimento impensável dos rios que se formavam montanha abaixo era necessário uma atenção permanente porque os caudais eram enormes e a corrente muito forte, em duas situações foi problemático fazer a travessia. O frio era muito intenso com o vento muito forte e a chuva a ajudar  fazer a subida em ziguezague até ao ponto mais alto logo a seguir ao abastecimentos 25 kms foi tremendo, no alto tremíamos de frio, os elementos que ali estavam da organização no abastecimentos também tiritavam de frio, rapidamente começámos a descida e com ela a temperatura melhorou e acalmámos um pouco, o pior já ficara para trás e começámos a fazer contas para a previsão de tempo para a nossa chegada, ali ainda acreditámos que as 10h. eram possíveis, mas os problemas vieram depois com os rios que se foram criando nos trilhos por onde passávamos e nos rios de que já mencionei mais atrás, acresce a isto que em determinada altura o nevoeiro também aqui e ali fazia a sua aparição dificultando a visualização das fitas, a nossa sorte é que a organização conhecedora da possibilidade de o nevoeiro aparecer colocou em pontos críticos fitas mais perto uma das outra permitindo uma melhor identificação do rumo a seguir.
O pacto de não agressão feito por mim e a Analice durou pois até à meta final, chegámos ambos em boas condições físicas e havia ainda uma boa comitiva à nossa espera em que os seus aplausos nos encheram de satisfação, recebemos o nosso prémio e terminava ali a nossa participação nesta magnífica prova, lamentando apenas que os nossos nomes não ficassem registados como terminadores da prova, por certo algum problema surgiu com a leitura de chip que transportávamos, terminámos com 10,33h e ouve registos de chip posteriores até quase ás 12 horas de prova.
A esperança de dar o tal abraço ao Carlos Sá também se desvaneceu quando cortei a meta e ele não estava ali, tenho de lhe deixar aqui o recado, devo-lhe um abraço, está prometido e tem de ser cumprido.
Parabéns a toda a organização pela excelente prova que nos ofereceram, não me esqueço de dizer que apesar do mau tempo não deve haver coisa mais bonita do que a Serra D´Arga para fazer Trail, corri lá com prazer e raramente ansiava pela chegada, aquilo foi deslumbrante dando razão á minha paixão em correr com o estado do tempo bastante adverso. Voltarei.
Uma palavra especial também para os meus companheiros de viagem e em particular para o Rui Pacheco do meu clube Amigos do Vale do Silêncio pelo seu excelente 5º lugar da classificação geral e para a Analice que continua ser uma heroína pela sua coragem em enfrentar desafios, sem medos, da qualidade quase extrema que tem por referência esta prova.
Tempo de prova aproximado: 10,33h. para 43,280 kms.
 

Classificações

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Trail do Sor, Ponte de Sor

Foi aqui que desisti, com o apoio do Vitorino
Foi curta a minha participação no Trail do Sor em Ponte de Sor. Era a 1ª edição e pela divulgação feita pela organização da prova tinha imenso gosto em participar, tanto mais que havia ainda a possibilidade de rever muitos amigos que nutram uma grande paixão por provas deste tipo e onde eu também me sinto à vontade. Mas quis o infortúnio provocado por um problema num dos gémeos que eu não completasse a prova e a consequente desistência a cerca dos 2 kms da partida. Quando parti já estava tocado com uma ligeira dor que contraíra no último treino antes da prova (Sexta-feira), mas mesmo assim apresentei-me na partida com os dois companheiros do meu Clube que fizeram a viagem comigo, tinha a noção que podia parar a qualquer momento e logo a partir do 1º km a dor começou a acentuar-se, não pensei duas vezes rolei até um pouco mais à frente e desisti junto de uma ambulância dos Bombeiros e comuniquei ao elemento da organização que ali estava da minha desistência.
Eu e o Míster Fernando a descer para o Rio
Estava nesta altura a pensar já na Serra D`Arga, seguir ia destruir a minha ida a esta prova e isso eu não queria, a inflamação no gémeo não passava disso mesmo e prosseguir era o mesmo que dizer que iria ter uma rutura pela certa, foi a melhor opção. Logo surgiu uma viatura da organização para me resgatar mas não fui, preferi ficar ali e esperar pelos atletas que voltariam a passar ali após os primeiros 10 kms. Depois passados quase duas horas regressei a pé até ao local de chegada acompanhado de um membro da organização e do atleta Rui Ferreira que tinha desistido poucos momentos antes ali naquele local, confidenciou-me depois que não estava nos seus dias mas que na Serra D´Arga já deverá estar a 100%.
Enquanto eu passava ao fundo à direita a Otília mergulhava.
De regresso ao local de partida e já munido da máquina fotográfica fui para as margens do rio e entretive-me a registar a chegada de quase todos os atletas do Trail e alguns da Caminhada, dando assim por concluída a minha participação neste 1º Trail do Sor excelentemente bem organizado e com gente muito simpática.
Voltarei lá para o ano e acabar aquilo que agora não consegui.
Percorri 2,220kms e gastei 16 minutos.
Fotografias

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Corrida da Festa do Avante

Ainda um pouco dorido da corrida do dia anterior na Meia Maratona de S. João das Lampas fui para esta corrida da Festa do Avante com o intuito de participar apenas com o sentido de fazer mais um treino com vista a recuperar alguma forma para enfrentar as duas de Trail que ainda tenho este mês, ou as 3 se decidir ainda ir até ás terras do Grande Lago no Alqueva. A prova manteve-se fiel ao trajeto dos anos anteriores com uma melhoria muito significativa: a alteração do local de partida, é a 4ª que já conheço, mas que me deixou bastante agradado, lembro-me ainda bem da confusão da partida do ano passado onde misturavam mais de 1 milhar de atletas com os habituais visitantes da festa, veículos que circulavam e outros por ali estacionados numa rua de acesso à Festa bem estreita e sem qualquer condições para o efeito. A Organização atenta ao ocorrido ofereceu-nos este ano um amplo espaço de partida que creio veio resolver de vez este eterno problema.
Tinha a minha "pequenota" de novo ali ao pé de mim na partida bem como o Daniel e muitos outros Amigos do Vale do Silêncio, via de novo o João Vaz com vestido com a nossa camisola e a "pequenota" a estrear a sua camisola azul das nossas cores, aos poucos as coisas vão-se recompondo para ela, o "pequenotezinho" já vai dando alguma folga e assim permitiu esta proeza de voltar a uma prova que já venceu.
Eram/foram 11 kms num percurso que é espetacular de ida e volta e nos permite estar dentro da corrida e apreciar aqueles que admiramos que rolam sempre na frente da corrida mesmo que ainda eu siga no km 3 e já esteja a ser cruzado pelos atletas da frente, mas isso pouco importa desde que para nós, e neste caso para mim, nos sintamos bem e a cumprir com os objetivos que traçamos para a nossa corrida. No início ainda fiz uma leve tentativa de fuga à "pequenota" mas de pouco valeu, pouco depois o Daniel trouxe-a de volta e no fim ainda levei com 6 minutos de bitola, tudo bem, o mais importante é que vá participando de vez em quando e a matar a saudade de tempos áureos bem felizes.
A minha prova foi sempre em esforço propositadamente e nos limites, raramente baixava dos 6 minutos ao km mas no final a média foi mesmo essa, pelo que a 1,06 h conseguida corresponde a 11,020kms do percurso traçado e a acabar mesmo no cenário da Festa do Avante.
O resto, bem, foi excelente com a companhia dos 2 "pequenotes" que fizeram a corrida, do meu genro e nora e de mais amigos entrámos na Festa e ficámos por lá, a fazer o quê? Imaginem! 
 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Meia Maratona de S. João das Lampas


A grande moldura humana representada pelos atletas presentes na Meia Maratona de S. João das Lampas compensou-me de certa maneira pela fraca prestação individual nesta prova, ainda assim retirei cerca de 10 minutos à prova do ano passado, também ela fraquinha. Gostei de ver tantos atletas presentes e a participar nesta 37ª edição da prova, é um prémio recompensador para quem tanto tem persistido em a manter viva ao longo de tantos anos, falo obviamente do Fernando Andrade.
A feliz ideia de avançar para outras ideias desportivas ao longo do ano ligadas a esta Meia Maratona poderá estar ligada a este sucesso, estive em duas dessas iniciativas: a Meia Maratona noturna que se realiza em Novembro na versão de treino com convívio final e o 1º Trail de S. João das Lampas realizado também ao fim da tarde/noite no 1º semestre deste ano, por isso a minha convicção que a divulgação da prova realizada neste fim de semana representar um grande sucesso pelo seu organizador. É certo que a amizade e simpatia que une um número elevado de atletas a esta prova e aos seus organizadores também contribui para o sucesso mas ele de nada vale se não existir um carisma forte por quem tudo dá para bem receber os amigos e todos aqueles que os visitam pela primeira vez.
Finalmente começa a esbater-se este papão das "rampas", na 37ª edição bate-se o recorde de presenças, o facto de se realizar na 1ª semana de Setembro não esmoreceu a fidelidade de uns quantos (creio que a maioria) e dos outros que quiseram finalmente conhecer a prova e vencer alguns fantasmas de que tanto se falava, como gostei de ouvir dizer a tantos que era a sua estreia na prova e no final pelo que ainda fui a tempo de observar que estavam satisfeitos pelo sucesso da prova.
A grande adesão provocou como é óbvio alguns desajustos no terreno organizativo, prevê-se que a prova ainda irá crescer muito mais, o que irá provocar maiores dores de cabeça à simpática organização desta velhinha competição, pequenos nadas a corrigir e por certo teremos para o ano mais uma edição espetacular. 
Desde o dia 4 de Agosto Ultra Trail noturno de Óbidos que não treinava, fiz algumas fogazes tentativas sem grande sucesso, já que o esqueleto não permitia mais devido a mazelas então deixadas, por isso corri a meia maratona com muita cautela tentando não afectar a zona da coluna ainda dorida, só a partir dos 15 kms é que comecei a ganhar mais confiança e a acreditar que podia forçar um pouco mais até chegar à meta. Ao contrário de anos anteriores o tempo estava excelente, algum vento e pouco calor, ainda assim a organização e os proprietários de algumas casas proporcionaram-nos um número elevado de chuveiros (mais do que o habitual) espalhados por diversas ruas de todas as aldeias que atravessámos, como é habitual não falhei nenhum, o tanque lá estava de novo e à falta do balde e do calor abrasador habitual limitei-me a umas baldadas de água com o boné que me acompanhava e assim prossegui mais fresco com a vontade renovada em prosseguir até ao fim.
Voltei a encontrar muitos amigos por lá mas ouve um que não consegui encontrar e ele estava ali por perto, se calhar a menos de 10 metros, veio da Holanda e é um grande amigo ainda assim a sua esposa conseguiu descobrir-me e matei saudades, mas o Xavier é que nada, ainda fiquei por lá até tarde mas não sabia da churrascada onde estava e vim embora. Talvez na Maratona do Porto volte a tentar encontra-lo.
Não sendo o mais importante acabei por fazer 2,11,21h nos 21,280kms que o meu cronómetro registou.
Fotos de: A.M.M.A.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ultra Trail Noturno da Lagoa de Óbidos

Estava curioso para ver e conhecer o novo percurso que o Ultra Trail de Óbidos nos oferecia desta vez, falava-se de novidades  e que a prova iria ser feita em sentido contrário ao dos anos anteriores, agora que a conheço confesso que fiquei surpreendido pois esperava ir encontrar uma prova mais suave e acessível, e provavelmente até seria se trilhássemos o mesmo caminho do ano passado em sentido contrário. Perdi o conto ás vezes que caí mas devo dizer também que o Luís Miguel (o Tigre), que me acompanhou durante toda a prova, deve ter caído mais do dobro do que eu, aliás caía porque ele seguia quase sempre na minha frente e foi por isso que eu me livrei de cair no Ribeiro, ele caiu de chapão e até parece que gostou porque até ficou um bocado lá sentado a apreciar aquela água barrenta e mal cheirosa.
Mas ainda a poucos minutos da partida lembro-me que ainda não tinha comido nada, vem-me logo à memória que o primeiro abastecimento de sólidos está no 2º  posto de apoio aos 21 kms, estava tramado pois seriam mais 3 h. sem comer o que não ajudaria nada ao meu desempenho, comi de imediato uma barra de chocolate e baunilha e não tenho tempo para mais, entretanto partimos simbolicamente junto das muralhas onde umas horas depois regressaríamos.
A noite já chegava quando partimos, os frontais davam luz e cor ao espetáculo, o tempo estava excelente, fresco e sem vento agressivo o que possibilitou um desempenho muito melhor, os primeiros kms foram corríveis mas a certa altura começaram as dificuldades naqueles montes e vales com desníveis muito acentuados, as primeiras quedas deram-se aí, as descidas eram feitas com muito cuidado mas mesmo assim o traseiro de vez em quando lá tinha que saltitar, nem os bastões que levava me valeram ali muito. Continuámos os 2 sempre com o objectivo de correr onde era possível mas após aquela parte inicial mais favorável começámos a encontrar o areal ainda longe da costa marítima. Como era de prever sentia-me fraco, o abastecimento dos 9 kms apenas tinha líquidos e aproveitei bebi água e mais nada e seguimos num misto de corre/anda devido ao piso muito incerto de areia e terra batida.
Com 3h de prova chegamos ao 2º abastecimento que surge já junto à costa, espetacular variedade de coisas à nossa disposição, bolos e bolachas diversas, fruta e bebidas diversas, eu como estava com fome e muito apetite (o que não é normal) apenas comi muita melancia e melão, estive para me a mandar também ao tomate mas neste dia não estava para ali virado, atestei o camelbeck que ainda tinha gelo e sigo com o Tigre dunas acima, eram mais 9 kms de areia encaixada em dunas traiçoeiras (caí mais umas vezes) fazendo-nos andar num constante sobe e desce, ali raramente corremos e a própria progressão era dificultada pela forte ventania que corria de Norte para Sul, precisamente ao contrário da nossa marcha. Aos 30 kms e 5h de prova chegámos ao abastecimento seguinte junto à Foz do Arelho, paro ali e volto a comer de novo o conteúdo da receita anterior, mais água para o reservatório, tiro a areia dos ténis e seguimos já muito massacrados (pelo menos eu) dos pés e um dos joelhos a dar de si. Mesmo assim consigo correr quase sempre até chegar ao Pantanal e aí é que foi brutal, seguimos o caminho indicado e começámos a atravessar, de repente não vemos os pontos luminosos e estamos no meio do caniçal, aquilo é estreito e procuramos o caminho certo, mas nada, encontramos água e voltamos para o caniçal, à frente vemos as luzes de candeeiros que iluminam a estrada, vamos furando o caniçal, eu vou na frente a derrubar tudo o que me aparecia à frente, não vejo as silvas e fico agarrado várias vezes, os joelhos já sangram mas tínhamos de seguir até chegar à estrada, atrás de nós já vinham mais atletas que aproveitavam a abertura que íamos fazendo. Tanta dificuldade e ali ao lado mais a Sul passava a estrada mas regulamento é regulamento, até ver!
Passado este contratempo lançámo-nos em busca do 4º abastecimento que estava aos 40 kms, agora já andava mais do que corria, as dunas tinham deixado mossa e os pés continuavam muito doridos na parte plantar mas nada que me impedisse de continuar, a ideia e objetivo estava  agora a apenas 10 kms e por isso não demorámos muito a sair dali depois de abastecermos a barriga e os reservatórios, aquele era o último abastecimento e por isso estávamos agora por nossa conta. A cada km que passava era uma vitória mas os tormentos começaram a surgir logo após os 45 kms, (foi nesta altura que estranhámos a presença ali pelo nosso lado esquerdo de um numeroso grupo de pessoas com frontais acesos, iam num trilho diferente, portanto não podia ser pessoal do Trail, soube depois que eram da Caminhada e andavam perdidos), pouco depois perdemo-nos no meio de um pereiral por um estradão quando deveríamos cortar à esquerda por um terreno baldio na direção das serras
que nos aguardavam, foi mais 1 km desperdiçado, voltámos atrás e retomámos o trilho certo, demos por ali mais umas voltas sem sabermos onde é que andávamos quando a meta deveria estar a apenas 2 kms dali. De repente avistámos Óbidos, ali estava imponente quase ao esticar de um braço, iniciámos aquela descida infernal para os meus joelhos, o Tigre ainda desce bem mas eu fiquei um pouco mais lento ali, para nos dificultar mais a tarefa o dia já tinha clareado o suficiente à algum tempo ao ponto de termos extremas dificuldades em ver os pontos luminosos, pensávamos que já não existiriam mais problemas e eis que nos perdemos de novo, não encontrámos o túnel, na altura não sabíamos que havia ali um túnel, o certo é que chegámos ao cimo do estradão e damos com uma quinta, havia ali do lado direito um trilho  e seguimos por ele, pontos luminosos nem vê-los, voltámos atrás várias vezes e nada (ver o nosso track e está lá registado as voltas que demos), o dia não deixava ver a parte luminosa e o sol já estava quase a bater-nos na cabeça.
Andavam por ali mais de meia dúzia à procura do mesmo, eu e o Miguel decidimos seguir em frente até à povoação onde tínhamos passado no dia anterior e retomar mais à frente o trilho certo, ultrapassáramos o famoso túnel sem sabermos, quando voltámos a encontrar alguns que vinham do túnel verificámos logo que aquilo não tinha sido do agrado deles, pouco depois novo engano, pontos nem vê-los, virámos à direita quando devíamos subir mesmo até ao alto do estradão e depois subir a escadaria, o pessoal lá em cima gritava para nos orientar mas era difícil perceber, finalmente encontramos os metros finais, a escadaria até nem custou muito depois foi a recta final, o Jorge Pereira ali estava a incentivar e fez-me correr aqueles metros finais que eu pensava já não ser capaz, lá estava também a minha filha Susana que aguentou ali toda a noite à minha espera e o Rui Pacheco, atleta do meu Clube que desistira aos 40 kms por uma indisposição devido a ter ingerido uma bebida que desconhecia num dos postos de abastecimento e que lhe caíra mal
Obrigado mais uma vez ao Luís Miguel pela sua inseparável companhia durante toda a prova, se ele não estivesse ali a meu lado se calhar ainda por lá andava, ele sabe muito e tem muita experiência, a seu lado estamos sempre muito à vontade. Aos restantes os meus agradecimentos pela companhia e apoio que me deram.
Acabámos por fazer 52,920kms, num tempo oficial de 9,25,02h. (Que grande jornada de trabalho)
Um agradecimento à Organização pela atenção prestada e os parabéns pela excelência de mais uma vez nos oferecerem uma prova de Trail  bem traçada onde a dificuldade esteve ao nível  da sua dimensão.
Deixava apenas uma sugestão: aqueles 5 kms finais deveriam ser assinalados pelos pontos luminosos (como já o são) e para os mais atrasados, os tais que como eu já chegam de dia, deveriam ser colocadas também algumas fitas pois como se sabe os pontos luminosos são ótimos mas para quem anda de noite.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Ultra Maratona da Areia, Melides/Troia

Andava aqui ás voltas a ver como começaria esta minha crónica sobre a minha participação na Ultra Maratona da Areia Melides/Troia e eis que caiem duas respostas a um comentário que fiz no Blogue da Ultra Maratona pertença da Câmara Municipal de Grândola, que me deixaram um pouco aborrecido por não ter sido exato com a opinião que dei em ambas as situações, uma desclassificação e uma data que não estava certa. Sobre a data dou de barato, até porque o anónimo (medroso) que publicou foi pouco simpático no que disse e nem sequer merece resposta da minha parte, exatamente por ser medroso. Sobre a desclassificação de uma atleta, para o caso a vencedora das duas últimas edições e recordista da prova, tenho de pedir desculpa à Organização da prova e também à própria atleta por ter afirmado que fora desclassificada pela Organização por conduta anti desportiva. Ora tal não corresponde à verdade, conforme recebi a informação de um amigo assim a publiquei no Blogue da Organização como certa, o que lamento, a atleta em questão ao fim de duas horas de prova desistiu por falta de água, para não cometer uma falta que levaria à sua desclassificação e também por não subverter o espírito da prova optou por desistir. Uma atitude irrepreensível que se saúda e que devia ser seguida e interpretada por todos, um grande exemplo.
E por falar em água muito pensei eu durante a semana como é que haveria de levar água suficiente por forma a que chegasse ainda "vivo" aos 28,5 kms de prova onde seria dado o único abastecimento de água em todo o percurso, as experiências recentes da Freita e do Almonda sobre as altas temperaturas que nos castigaram fortemente serviram como alerta para esta prova com as caraterísticas únicas que tem, pensei e resolvi congelar durante 3 dias a água do recipiente do camelbek (1,5l) e mais duas garrafas pequenas, conforme o gelo ia derretendo ia bebericando e assim consegui chegar ao abastecimento ainda com gelo para derreter, acrescentado o litro que me deram não tive mais preocupações até final da prova.
Chovia quando cheguei ao barco em Setúbal, eram 5,30h, logo pensei que iriamos ter um dia em cheio para correr, muitas nuvens e o vento era praticamente nulo, mas a chuva foi de pouca dura e ao partirmos para Troia não mais tivemos a sua visita até ao final do dia.
Ás 7,30 estávamos a chegar a Melides e rapidamente tratei de levantar o kit, antes de lá chegar um prego (creio que era o único que ali estava) destruiu-me um dos ténis deixando-me os dedos à vista, por sorte salvaram-se os dedos e pude fazer a prova sem mais problemas.
O campioníssimo Carlos Lopes marcou presença novamente, quer na partida quer na chegada, mas ao contrário dos outros a sua presença não me suscita grandes entusiasmos (e fui dos que estive noite dentro a assistir àquela sua brilhante vitória nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984) e a razão é simples: enquanto não me devolverem o preço da inscrição da última Maratona que teve o seu nome e a cancelaram vou olhar sempre com algum desagrado a sua presença, não é pelo valor em dívida mas sim pelo gesto sem que se preocupassem a explicar a razão de tal atitude. Pode ser um dia ele explique isso muito bem explicadinho.
Já me tinha soado que o piso no areal estava muito diferente em relação à última edição, todos nós sabemos, (pelo menos aqueles que são mais assíduos) que de ano para ano o mar transforma aquilo a seu belo prazer e por isso nunca sabermos o que vamos encontrar, desta vez essa realidade voltou a impor-se desde os primeiros metros logo a seguir à partida, por norma aquelas dificuldades iniciais até aos 5/6 kms são já do nosso conhecimento e raras vezes se altera mas aquilo que fomos encontrar creio que nunca tinha acontecido e as dificuldades iniciais transformaram-se numa distância até perto dos 20 kms, brutal, é assim que se poderá catalogar tão difícil progressão.
Em 2010 a baixa mar quase que não existiu e tivemos de correr bem acima até perto dos 30 kms, este ano para além da baixa mar ter ficado 1 metro acima do nível mínimo ainda tivemos o areal com forte inclinação muito solto e ondulado junto à rebentação dificultando a vida a todos os atletas que procuravam diversas vias para poderem correr ou andar ao longo da praia.
Aos 4 kms fui enrolado por uma onda num dos socalcos mais baixos que chegavam a ter pelo menos 1 metro de desnível, a água entrava e numa das vezes fui apanhado em cheio, fiquei de cabeça para baixo mas sem correr qualquer riscos, depois segui sempre ora junto à água ora por cima da areia seca onde era quase impossível correr, pelo menos para mim.
Com duas horas de prova tinha 11 kms percorridos, muito pouco para quem tinha de perfazer os 43 finais até ás 8 horas impostas pela organização, isto atestava as dificuldades que o percurso estava a ter na progressão dos atletas, creio que todos se lamentavam pelas mesmas razões e no final não raras vezes ouvia os queixumes de muitos a dizer que pelo menos uma hora tinham perdido em relação ao ano anterior!
Chego aos 28,5 kms com 4,45h e começo a ficar descansado quanto ao tempo final, parei só o tempo suficiente para abastecer o depósito com 1 litro de água que me deram, manifestamente pouco e que teria de gerir até final, ainda conservava comigo uma garrafa de 2,5 dl. cheia, pelo que parti tranquilo para o que restava da prova, fisicamente estava bem, apenas os rins me doíam quando forçava mais um pouco quando corria, a temperatura do ar estava muito boa, o sol era filtrado pelas dispersas nuvens que permanentemente iam sobrevoando lá bem no alto, o vento era fraco mas aparecia de sudoeste nada ajudando a refrescar um pouco a temperatura do corpo, as ondas eram muito agressivas não permitindo grandes veleidades a quem optava por correr perto da rebentação, de vez em quando descia até à água e refrescava os pés, era uma sensação muito boa e parecia que rejuvenescia a cada instante, a areia por sua vez ia enchendo os espaços livres existentes nos ténis obrigando-me a parar para vazar e deixar os pés livres de novo, ao longe vou avistando a Serra da Arrábida
conforme a neblina matinal se vai desfazendo, em frente vejo um fio interminável de areia que circundava pela esquerda num nunca mais acabar, aqui e ali tenho uma ou mais companhia, de curta duração porque cada um de nós procurava sempre a melhor via para superar tanta dificuldade. A parte mais ocidental da Serra da Arrábida surge agora bem à nossa esquerda mas conforme vamos andando ela está sempre ali no mesmo sítio e parece que nós não andamos nada, de frente já se vê bem o monte onde tantas vezes já pisei nas provas de trail organizadas pelos amigos das Lebres do Sado, começa a delinear-se visualmente o fim do areal, puro engano, chegado lá ainda falta percorrer mais 7 kms até à meta, é um serpentear constante de praias a partir de Soltroia e era também ali que estava o último posto de controlo. Os 40 kms surgem ainda nem se avistava o Pórtico da chegada, tinha esgotado ali o tempo que levara a fazer toda a prova o ano passado, mas isso pouco importava, neste ponto ia na companhia da Dina Mota e mais alguns atletas que tentei, sem êxito, acompanhar até à meta ali a 3 kms. Confesso que nesse momento só queria chegar e antes de cortar a meta dar 1º um mergulho e depois então seguir calmamente para o risco de chegada, mas não sei como a Dina conseguiu dissuadir-me deste intento cortando sozinho a meta e com imensa satisfação por o ter conseguido. O banho no mar ficou adiado para o ano seguinte, se conseguir lá chegar.
A receção foi excelente, consegui fazer aquela parte final a correr, aquilo custa pois trata-se areia muito solta e já não somos capazes de grandes proezas quando ali chegamos mas aquele risco mágico da chegada e à muito desejado dá-nos alento para correr aqueles 200 metros finais.
O salão ao ar livre e bem coberto onde permitiram que fizéssemos a nossa recuperação era excelente, bebidas à descrição fruta com muita fartura, com uvas, melancia, melão e outras iguarias foi do melhor que há para ajudar-nos a recuperar daquela maratona de areia, foi a 4ª vez que me sentei ali e espero ter forças e saúde para sentar uma 5ª vez, depois logo se vê!
7,11,49h (tempo oficial) para a distância no meu cronómetro de 43,740km, média de 9,53m. por km.
Correndo-se à beira mar talvez custe a acreditar mas no final tinha um desnível acumulado de 142 metros (68+74-), os imensos e constantes socalcos (bem visíveis no arquivo do Google) ao longo da costa pelo track registado nesta prova).

Agradeço a simpatia dos amigos que me enviaram as fotos aqui publicadas e à A.M.M.A. da qual aqui publico uma das suas fotos que registaram â minha chegada à meta.
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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Trail do Almonda, 7 de Julho de 2013

Não percebo muito bem, ou quase nada, como é que foi possível fazer provisões de que o Verão este ano não existiria ou estaria adiado lá mais para o fim do ano. Não gosto do calor e nestes dois últimos fins de semana, sem contar com os dias úteis entre eles, ele tem estado insuportável. Pergunto-me se haverá alguém que goste disto, provavelmente até haverá mas isso será por certo outra história.
Para quem como eu escolheu preencher este fim de semana, e já agora também o anterior, para correr não teve muita sorte, a Freita e agora o Trail do Almonda foram terríveis com temperaturas acima dos 40 graus positivos, Almonda chegou mesmo aos 44º!!! É verdade que estávamos avisados e a maioria precaveu-se para amenizar os seus efeitos já que eliminar os seus malefícios durante a competição é impossível. Levei o meu camelback cheio com água gelada na esperança que chegasse até ao fim, contava ainda com os muitos abastecimentos que colocaram à nossa disposição para entretanto saciar a sede de forma mais acentuada.
Na partida deste Trail do Almonda era visível algum nervosismo, mas também muito otimismo, nos rostos dos participantes que iriam fazer o Trail, o calor já era muito ás 9h. quando foi dada a partida, vi lá muitos amigos que tinham estado na Freita comigo na semana anterior, esta prova para muitos deles serviu como um desacelerar de kms e dificuldades acumuladas e por isso gostei imenso de voltar a encontra-los, entre eles estava o campeão da Freita, Luís Mota.
Como sempre faço fiz a minha corrida quase sempre a sós, gosto de correr à vontade e confortável, ás vezes a simples presença de alguém obriga-me a ficar pressionado com o desenvolvimento do meu esforço, normalmente é sempre para mais, mas sempre que é possível gosto de correr acompanhado quando os objetivos são traçados com antecedência e numa entreajuda que seja útil para todos.
O percurso foi ligeiramente alterado na primeira parte do percurso, creio que para bem melhor, e por isso deixámos de ir à nascente do Rio Almonda, acho que não se perdeu nada e evitámos aquela descida infernal logo aos 2 kms de prova onde se chegava a perder cerca de 10 minutos para os mais atrasados, desta vez corremos sempre por trilhos nesta parte inicial onde nos primeiros 12 kms as dificuldades foram mínimas. Os abastecimentos, principalmente o 1º aos 7 kms, foram excelentes onde se destacava para mim a melancia e a água, únicos mantimentos que ingeri ao longo de toda a prova.
Desde início que comecei a presenciar muitas dificuldades de alguns atletas, ainda antes dos 12 kms um atleta lutava contra a fricção nas pernas, corria arqueado, tinha escolhido um equipamento nada adequado a esta prova e com este calor, viria a desistir aos 23 kms. Antes dos 12 kms a Analice passa por mim naquele correr curto mas muito constante, dei-lhe um pouco de água fresca que gostou imenso, levava apenas uma pequena garrafa na mão. Após o abastecimento dos 12 kms inicia-se a 1ª subida à Serra D'Aire que nos levaria até aos 545m de altitude, a meio começo a ter problemas de articulação, as mãos incharam e quase não a consigo fechar, procuro esticar os dedos para ajudar a circulação e melhora um pouco, corria/andava agora a subir num trilho coberto entre arvoredo muito bonito e onde o sol conseguia mesmo assim penetrar e atingir-nos com a sua agressividade constante. O piso dos trilhos era agreste com muita pedra pequena, muitas delas soltas que dificultava a progressão, foi assim durante todo o percurso, os ténis que levei cedo mostraram que não eram os mais adequados, eram moles demais por baixo e ali quer-se um piso de sola bem rijo para amenizar os efeitos malignos nos pés e nas articulações, não levava também os bastões por avaria de um deles antes da partida e o cansaço nas pernas obrigam-me a descer até aos 17 kms com calma e devagar na companhia de um ocasional amigo que me acompanhou até ao abastecimento dos 17kms.
Aqui encontro o Mário Lima, estranhei vê-lo ali porque ele seguia muito à minha frente, abasteço e parto levando comigo o Mário, pouco depois o 1º engano, em vez de sair do estradão e entrar no trilho vou em frente, cerca de 300m, e arrasto alguns 5 comigo, na ausência de fitas voltamos atrás e reentrámos no trilho, o Mário começa aí a dar os primeiros sinais de dificuldades e fico com ele mais um pouco, dizia-me que as férias que teve foram nefastas para esta prova, em determinada altura disse-me para seguir e rapidamente perdi-o de vista, faltariam aí uns 12 kms para terminar, soube depois que desistira por problemas de desidratação, efeitos por certo do tremendo calor que se fazia sentir.
Precioso em dias de calor
Pouco depois atinjo o início da subida da Serra que nos levaria de novo ao topo no seu ponto mais elevado a 668 metros, continuava com problemas graves nas minhas mãos, junto ás articulações dos dedos os inchaços são bem visíveis, não sei se isto tem alguma coisa a ver com o calor e a desidratação ou se é mesmo problema da circulação do sangue devido a altitude, já na Freita sentira o mesmo e as condições de altura e calor eram as mesmas, volta e meia estico os dedos e a coisa melhora um pouco mas continuo com dificuldades em fechar as mãos, é com este problema que me irei debater até chegar à meta. Subo agora a caminho do abastecimento dos 23kms, aos 22 falta-me a água, o calor no planalto era tórrido e sem água temia o pior, facilitei no abastecimento anterior e pensava que tinha mais água no camelback, ia junto de mais 3 atletas e por isso ia mais tranquilo, o abastecimento aparece junto ás antenas um pouco antes de se iniciar a descida final da Serra, ali já se encontravam alguns desistentes, muitos não resistiram e no abastecimento anterior (17kms) já vira lá muitos desistentes pelas mesmas causas. Desço com muito cuidado, já tinha atestado de água e ia mais tranquilo, o trilho é muito técnico, quem chega ali com algumas forças faz a descida bem o que não era o meu caso, ia lento e quase sempre a andar, a meio sou ultrapassado por 2 atletas do meu Clube que tinham optado por fazer uma prova de contenção desde o início e seguiam agora mais decididos, ainda me tentaram levar com eles mas eu já não reunia condições para outros andamentos e fui descendo conforme podia. Aos 23kms novo abastecimento e mais desistentes à espera de serem resgatados, a partir dali apenas teria mais uma dificuldade para ultrapassar, mas o calor era demasiado e a vontade de terminar era enorme pelo que pouco depois prossegui com outro tremendo erro, não abasteci o camelback pensando que tinha ainda bastante água até chegar ao final. Um pouco antes de iniciar a subida final vejo um colega de equipa a desistir, o Fernando Silva trás de volta até ao posto de abastecimento anterior o José Moga por problemas derivados do calor e a consequente desidratação, espero pelo Fernando e seguimos os dois até à meta, a subida e depois a descida deram cabo do resto, as articulações dos joelhos e os pés também não ajudam nada, mais à frente novo engano 300 metros a acrescentar à contabilidade final, faltam 2kms para a meta e nova falta de água, valeu-me ali o Fernando que me cedeu uma garrafa pequena, o ambiente está sufocante, andamos até perto da meta e aproveitamos os últimos metros para encetar uma pequena corrida e cortar a meta já próximos da exaustão. Comi mais uns bocados de melancia e sentei-me um pouco à sombra, depois sigo e meto-me debaixo do chuveiro exterior conforme estava, tiro depois o equipamento e volto ao chuveiro precisando de cerca de meia hora para arrefecer o corpo, visto-me e vou almoçar, líquidos porque a refeição ficou lá, o estomago não aceitava quase nada a não ser líquidos mas a pouco e pouco tudo começou a normalizar, incluindo as mãos que voltaram ao normal pouco depois de chegar. Para o ano contamos ter melhor tempo e permitir desfrutar melhor esta magnífica prova.
No meu registo andei cerca de 31 kms tendo gasto 5,33,20h. depois de corrigido após a chegada.
Parabéns à organização pela excelência do apoio que nos deram indo ao ponto de colocarem um depósito de água por volta dos 26kms no alto da última subida permitindo que nos refrescássemos um pouco numa zona tão crítica para muitos, excelente.



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