Um ano depois voltei a Terras/Serras de Sicó, ali nas redondezas do Concelho de Condeixa a Nova. Um Trail de 30 kms, extraordináriamente bem organizado pela Associação O Mundo da Corrida e com o apoio de diversas entidades da Região de entre as quais destaco a Câmara Municipal, os Bombeiros e os Escuteiros.
Fizeram-me companhia a partir de Santa Iria da Azóia, o Fernando Andrade, o Mário Lima e o Paulo Portugal, sendo que apenas o Paulo é membro da mesma Equipa que eu, Amigos do Vale do Silêncio.Partimos no Domingo bem cedo e duas horas depois já estávamos a chegar a Condeixa.
Voltei a encontrar muitos amigos por ali e fomos preparando a nossa participação nesta 2ª Edição dos Trilhos de Sicó, já tinha estado na 1ª Edição há um Ano e estava com curiosidade pois sabia que o percurso tinha sido alterado e tornara-se assim muito mais exigente, segundo diziam.
O Paulo era estreante neste tipo de provas em serras e montanhas e eu não me cansava de lhe dar alguns conselhos, deu para ver logo ali que a inesperiência era de facto muita, equipamente desadequado e muito limitado, valeu que o tempo estava excelente e a chuva já não caía há alguns dias.
Optei por levar apenas dois bidons pequenos de água à cintura, a organização assegurava abastecimentos a cada 5 kms. Ainda no pequeno aquecimento para a prova parti um dos 2 apoios (bastões) que pretendia levar para me auxiliar nas muitas e difíceis subidas que a prova iria ter, optei por disistir de levar o outro pois em nada me ira beneficiar.
Esta crónica é um pouco dedicada ao meu companheiro de equipa Paulo Portugal que por ser estreante neste tipo de provas quis sentir as dificuldades naturais por que passam os atletas e também pelo fascínio de historias passadas que ouviu pessoalmente contar das nossas divas da Ultra-Maratona, Célia Azenha e Glória Serrazina, e também na sua condição de Jornalista que um dia pretende escrever as odisseias das montanhas dos nossos atletas nesta variante e nada melhor do que começar desde já a vivê-las.
Desde o início o Paulo prudentemente entendeu ficar comigo dada a sua inesperiência e valendo-se de alguns conselhos que lhe dei foi indo conforme as suas possibilidades, pareceu-me que ia sempre bem embora nas descidas fosse muito prudente dado a perigosidade de algumas delas. Optei por em algumas subidas mais manhosas por andar por forma a não me afastar muito do objectivo final que seriam as 4 horas. Sempre que me afastava nas descidas o Paulo acabaria por me alcançar depois na parte mais plana e assim fomos progredindo até chegarmos ao abastecimento dos 20 kms . Até aqui tánhamos gasto duas horas exactas e estava tudo a correr bem para o objectivo final, foi aqui também que me despedi do Paulo, as suas dificuldades já se manifestavam há algum tempo e começavam a agravar-se, as câmbrias eram agora frequentes, disse-lhe que viesse com mais calma e não forçasse muito e parti para os últimos 10 kms que começavam logo ali com uma subida bem acentuada que nos levaria ao ponto mais alto do percurso a cerca de 600 metros de altitude. Até ali o percurso esteve sempre bem assinalado, situação que se manteve até final da prova, mas soube depois que por ali algures alguém tinha boicotado o trajecto ao retirar fitas e enganando os atletas a seguirem outros destinos prejudicando os primeiros que seguiam na frente, pararam e algum tempo depois reiniciarem a prova sem mais problemas. O Abútrico Pedro teve a simpatia de remarcar o percurso de novo nesse local e nós os mais atrasados pudemos passar sem que tivéssemos tido qualquer problema. Após sair dos 20 kms e quando já vou a meio da Montanha olho para baixo e vejo o Paulo sentado na berma do caminho e com 2 atletas que por ali vinham a prestarem-lhe auxílio, pensei que como estava perto do Abastecimento ele iria para lá e disistiria da prova, segui a pensar que o Mário Lima ainda vinha para trás e daria uma ajuda para ajudar a resolver aquele problema do Paulo. Também sabia que o Mário vinha em dificuldade, esteve doente com gripe e só há última é que dicidiu ir fazer a prova, manteve-se sempre perto de mim até cerca dos 20 kms.
A partir do alto da Serra começo a recuperar muitas posições, aproveito as descidas onde se podia correr sem forçar muito os joelhos, os trilhos muito estreitos é onde eu mais gosto de correr e eles não faltaram ali, tendo em menos de nada alcançado o último abastecimento dos 25kms, mesa bem composta de tudo mas eu apenas me lanço ás laranjas, aliás como fiz em todos os abastecimentos, e água deixando lá o queijo da Região e outras iguarias sem lhe tocar. Um pouco mais à frente alcanço o Carlos Coelho que seguia com alguma prudência, tinha caído um pouco antes e estava bem marcado, seguia envolto ainda na sua tristeza de durante a Semana ter perdido o seu pai, passei dei-lhe um estímulo e segui, agora na companhia de duas amigas que durante grande parte do percurso andaram por ali perto de mim.
Continuei e fui ultrapassndo outros atletas que já seguiam muito limitados devido a problemas musculares, retomava agora o caminho que tínhamos feito no início da prova ali junto ás ruínas de Conimbriga e ás portas de novo de Condeixa. Forço mais um pouco e sinto que ainda restam algumas reservas, de repente já começo a ver a meta e como é a descer acelero ainda mais e corto a meta conforme tinha prespectivado, abaixo das 4 horas.
Verifico que o Paulo e o Mário ainda não tinham chegado, sinal que não tínham desistido e que poderiam chegar a qualquer momento.
Já lá estava o Fernando Andrade e dirigimo-nos de imediato para o banho retemperador, desta vez com água bem quentinha.
O Paulo chegou ao balneário quando eu já vinha a sair, fiquei satisfeito por o ver ali e por ter conseguido terminar a prova, notava-se que estava satisfeito, também por ter concluído mas estava igualmente muito queixoso com dores e câimbras musculares, o que se compreende.
Pouco depois chegou também o Mário Lima que prudentemente e face aos problemas gripais optou por fazer a partir de determinada altura uma corrida que permitisse chegar ao fim sem mais problemas de maior.Voltei de novo ao balneário numa altura em que o Paulo já se vestia mas ainda a tempo de o auxiliar a vestir algumas peças do vestuário, nomeadamente as meias e os sapatos já que as cãimbras não o deixavam chegar até lá.
Registei a distância de 29,500kms e um tempo de 3,58,44h. tendo o Paulo conseguido apesar de todos aqueles problemas o tempo de 4,18,07h.
Foi uma prova muito bonita de fazer, o traçado foi quase na sua totalidade alterado, excepto o início e o se final que se mantiveram. Considero-o mais de acordo com o gosto da maioria dos atletas onde por vezes andar por aqui e por ali ás voltinhas não será tão atractivo (a Laminha será uma excepção), confesso que gostei mais deste novo percurso e provavelmente para o ano teremos um ainda mais original tantas são as opções que aquelas serras podem oferecer para perorrer.
O convívio final foi mais uma vez excepcional, desta vez cheguei a horas decentes para almoçar, juntámos o nosso grupo e na companhia do António Almeida e família podemos conversar e relaxar ali um pouco das incidências da prova e do que está para vir.
Nesta altura já o Paulo tinha recuperado e estava em condições de nos levar de volta até ao nosso local de chegada na Região de Lisboa, o que aconteceu por volta das 16,30h.
Segue-se os 20kms de Cascais já no próximo Domingo.
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