segunda-feira, 29 de março de 2010

Trilhos do Pastor


Em dia de Ramos que melhor presente do que participar numa prova destas tendo como ingrediente principal a própria natureza? Foi preciso esperar 1 Ano para satisfazer a curiosidade com que fiquei depois de o meu amigo José Pereira (Cofundador do Clube de Veteranos Serra De Aire e organizador da prova) ter participado na 1ª Edição em 2009. Este Ano lá estava ele novamente, para ajudar os amigos naorganização da prova, mas mal ele sabia que tinha à sua espera um equipamento do Clube e facilmente o convenceram a participar na prova, foi 3º classificado no escalão +60 anos e com amarca de 3,11h. Agradeço-lhe aqui a atenção que me dispensou e o apoio dado com os conselhos indispensáveis antes do início da competição.
O dia começou algo atribulado pois só por volta da meia-noite é que me lembrei que tinha de adiantar a hora no relógio e escusado será dizer que quase não fechei olho, ás 4 horas já o despertador me estava a dizer para me levantar, tão cedo? É verdade, tinha prometido a minha mulher no dia anterior trazer-lhe um ramo de oliveira para ela fazer um raminho a condizer com o dia que se comemorava e então antes de partir para S.Mamede fui à procura da Oliveira adequada, que por acaso aqui não existe falta, como não sabia que tamanho era feito o ramo quase que deixava a oliveira depenada, bem estranhei o espanto da minha mulher mas como já estava com pressa nem ouvi os seus comentários e saí rumo aos Trilhos do Pastor.
Grutas de Moeda
Cheguei ás 6,30h. ainda noite cerrada e não via quem quer que fosse por ali, ainda dei uma volta pelo Centro da Aldeia antes de estacionar e nada, pensei que a prova podia ser noutro local com o mesmo nome mas fiquei esperançado porque em frente ao edifício da Junta de Freguesia as grades já colocadas e a propaganda expressa indiciavam que ali iria ocorrer algum evento desportivo.
Fiquei mais descansado quando vi estacionar ao meu lado o amigo Carlos Coelho, era o 3º a chegar e a partir dali começou então a romaria habitual, conhecidos e desconhecidos, eram aos magotes a chegar até se criar o ambiente natural próprio destas coisas das corridas e a saudável convivência entre todos.
Apesar de o Secretariado ter dado início ás operações já depois das 7,30h. à hora de partida estava tudo em ordem e foi assim que ás 9h. iniciámos uma prova que passa ser para mim uma das melhores em que já participei, em tudo: pontualidade na partida, excelente critério nos locais a visitar, globalidade do percurso deixando margem suficiente para recuperação perante locais mais difíceis de ultrapassar, excelente marcação em toda a prova, abastecimentos muito bem situados (3 até aos 20kms e mais 3 para os 8kms finais, que coincidiu numa altura em que a temperatura subiu bastante), segurança em todos os cruzamentos sempre que tínhamos de atravessar estradas com algum movimento automóvel, e muita simpatia por parte de todos da organização.
Calçada típica em Pia de Urso
A minha prova era desde o início uma incógnica pois nunca sabemos aquilo que nos espera quando a fazemos pela 1ª vez, e depois de ter feito os Trilhos de Almourol nada melhor do que a prudência desde o início.
Entrámos quase de imediato na mata e cedo verifiquei que o terreno plano dos primeiros kms iriam ajudar muito a reduzir o tempo final, embora soubesse que as grandes dificuldades estariam reservadas lá mais para a frente, a 1ª hora foi completada com 1, 06h e sentia-me muito bem, antes passámos por sítios lindíssimos e destaco aqui as grutas de Moedas aos 2,200 kms da partida e por trilhos em muito estado até que chegámos ao ponto mais alto do percurso, 499 metros (na zona de partida a altitude era de 383 metros) onde estava o 1º abastecimento, dali a vista era magnífica, edratei-me e aproveitei para abastecer os pequenos bidons que transporto até que chegasse ao próximo abastecimento, raramente corri acompanhado, aqui e ali tive a companhia de alguns amigos de ocasião e também durante largos periodos andei ao lado do Nuno Cabeça até que o vi partir e nunca mais o alcancei. Foi agradável ter tido por companhia uma amiga, que não conhecia, e que depois de trocarmos algumas palavras conhecemos um pouco um do outro, teve a simpática expressão de eu já ter idade para ser seu pai, tem 32 anos, a idade dos meus filhos e que há 3 anos atrás andava encharcada em tabaco e agora vende saúde e já com provas realizadas de grande respeito, tal como a Geira Romana, como fiquei satisfeito por conhecer tamanha história, até que ...
Reguengo do Fetal,se não fossem as cordas...
Quando descia uma ravina que só de olhar lá para baixo metia respeito e a única maneira de descer aquilo era serpenteando, o evitável aconteceu, uma queda, andei a treinar em Sicó e em Almourol e de pouco serviu, pouco antes tinha visto um amigo a cair no mesmo local e quando lá cheguei já ia avisado mas aquilo não deixou epótese, caí para trás e fui escorregando uns 2 metros até chegar ao estradão onde estavam os bombeiros de prevenção, como me viram levantar e seguir nem foi necessário a sua intervenção, 1 km mais à frente (20kms e 2,18,h. de prova) estava o 3º abastecimento e o único onde existia muitos ingredientes comestíveis, em Reguengo do Fetal. Aproveitei porque logo de seguida ia encontrar e tinha de o ultrapassar o ponto mais crítico de todo o percurso, uma subida a pique durante quase 2 kms onde uma parte foi feita quase de gatas. É nesta íngreme subida que encontramos o Buraco Roto, que coisa estranha este buraco feito em plena rocha com uma extensão de cerca de 20 metros, dali avista-se cá em baixo Reguengo do Fetal, uma imagem de grande respeito dada a amplitude vertical daquilo que tinha acabado de subir. Um pouco mais à frente outra maravilha tinha de ultrapassar, a descida de uma ravina de grande amplitude onde não faltaram as cordas e uma ponte em madeira que nos auxiliou até conseguirmos chegar lá abaixo, felizmente tudo se ultrapassou com tranquilidade, embora, soube depois, alguns participantes por sofrerem de fobia ás alturas tiveram algumas dificuldades em tranpôr aqueles obstáculos.
Dali até à meta ainda encontrámos algumas dificuldades de menor dimensão e a opção de a organização reforçar o abastecimento aos atletas a cada 2 kms foi extraordinária, o calor apertava e o desgaste já era muito, quando descia aquela ravina perto dos 22,500kms havia ali alguém que me dizia que o 1º já ali tinha passado há 50m, ri-me naturalmente, pois sabia que a diferença seria bem maior. Nesta altura o meu receio era que os 28 kms anunciados não se esticassem mais do que isso, os pés já custavam a suportar as batidas no chão e estranhamente as dores nas pernas estavam ausentes desta vez, penso que o enchugo que levei em Almourol ajudou a que fizesse esta prova mais confortavelmente.
Quando cheguei à povoação de S.Mamede, local da meta, fiquei admirado, apareceu-me de repente do nada, foram muitos kms dentro da mata e sair dela com a meta praticamente com a meta à vista é muito compensador.
Cheguei com 3,33,46h, tendo efectuado os últimos 8kms em 1,15h. Ufff.
O banho que se seguiu foi muito agradável, algo distante (500m) para aquecer, com água temperada a frio como convém, eu gostei.
O almoço, havia os pessimistas do ano passado e com alguma razão, diga-se, foi excelente e só não foi melhor porque o arroz já estava um pouco empapado, mas aí a culpa é minha, o 1º a chegar à meta fêlo perto das duas horas de prova e por isso começou a comer 1,30h antes de mim, não há arroz que resista tanto tempo à espera de ser comido. hehehe. Valeu ali para animar o Fernando Andrade, o Carlos Coelho, o António Almeida e família e muitos outros amigos que apesar das diferenças à chegada conseguimos juntar-nos para o devido repasto.
Agora segue-se Constância e já com uma perna na Arrábida.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Meia Maratona de Lisboa, mais um sucesso.


Estar 1,15h. em sentido a aguardar pelo tiro de partida a uma distância aproximada de 150 metros foi de facto mais difícil do que percorrer aqueles 21,095kms da Meia Maratone de Lisboa. Valeu que tive por ali a rapaziada amiga por perto, a começar pelo meu filho Hugo e outros que costumam efectuar os treinos diários comigo.
O Fernando Andrade estava por ali também com quem estive à cavaqueira durante grande parte do tempo, o Luís Mota e a Susan também lai estavam, embora um pouco mais à distância, o Manuel Azevedo, O Luís Miguel (Tigre) e tantos outros. Bem víamos ali mesmo à nossa frente os "Vips" num vai vem constante no aquecimento e a prepararem-se para a partida e nós ali emprancheirados, à míngua por um pequeno espaço onde podessemos ás vezes mudar o pé sem termos o receio de depois de o levantar quando o voltássemos a colocar já lá estivesse outro a ocupar o lugar. Foi uma eternidade, mas todos sabíamos que isso ia acontecer ou então cada um optava por sair comodamente da traseira do pelotão e deixa-se ir, dicidi assim e tive que aguentar.
Quando foi dada a partida estávamos aí a 100 metros do pórtico da largada, e os primeiros metros foram dolorosos, para mim aquilo não foi correr foi saltitar, pois tinha os músculos completamente presos, mas fui obrigado a correr porque estava na frente ou então era "esmagado" por aquela avanche de gente que vinha logo atrás.
Mesmo assim não perdi tempo nas ultrapassagens a alguns "Vips" que saíram lá da frente (alguns já a andar) e fui indo confortavelmente no meu ritmo que entendi melhor para os meus objectivos. Aos 2,5kms quando ia por cima da 24 de Julho já o grupo da frente que tinha saído de Algés ia a chegar ao Viaduto de Alcãntara, um pouco mais à frente olho para baixo e já vejo o meu filho Hugo já perto do final da descida em Alcantara. Perto dos 5,5kms passa já em sentido contrário o Tadesse, já vinha a chegar perto do km 12, sózinho e via-se pelo ritmo que levava que estava disposto a estolhaçar o Recorde do Mundo, mas eu naquela altura só pensava em manter um ritmo confortável que me permitisse pouco desgaste pois estou numa fase de muitas provas e a maioria delas é composta por muitos kms.
Aproveitei todos os abastecimentos que me foram aparecendo, o dia estava muito bonito e com bastante calor, a humidade era bastante elevada e eu derretia com tanto suor, os óculos embaciavam com tanta humidade, foi uma má opção tê-los levado e ainda por cima esquecime-me de levar a fita que ajudaria a impedir a concentração do suor ali junto aos olhos. Mas não havia nada a fazer e ia seguindo, aos 15kms já ia com 1,22h. e vi no lado contrário o Hugo a entrar para os metros finais, ia com cara de grande esforço, pois ultimamente tem tido alguns problemas físicos que o têm impedido de treinar com mais afinco, mas vi logo que ia fazer uma boa marca e parece-me que bateu o seu recorde pessoal, eu ainda tinha de fazer mais 6 kms para terminar e neste vai vem ainda tive oportunidade de me cruzar com muita rapaziada amiga que já vinha para a meta, vejo António Henriques, do meu Clube, quase a passo, ia desfalecendo um pouco mais atrás, e que bem que ele vinha, vejo o Nuno Sebastião a andar, ainda lhe dei um incentivo mas nem deve ter ouvido, ia certamente muito frustrado e envolto nos seus pensamentos e outros que reciprocamente íamos saudando e incentivando. Por volta dos 17kms sou ultrapassado pelo nosso Míster, ele ainda me convida para ir com ele, mas achei mais sensato ficar no meu passo que continuava a ser muito bom e confortável, perto dos 19 kms sou apanhado pela mancha vermelha da Mission Possible, do futuro viajante do Espaço, Sr Ferreira, aproveito e colo-me na sua rectaguarda, necessariamente tive de aumentar o ritmo naqueles 2 kms finais mas como ia bem acabei por terminar dentro do objecto que tinha pensado, isto é sem cansaço e sem sofrimento, a marca era pouco relevante, mesmo assim ainda fiz 1,58,38 (não oficial) para os 21,260kms (não oficial) que o meu garmin registou.
Uma chamada de atenção apenas, aquela confusão final depois da chegada, primeiro a imensa gente que permanece no local da devolução dos chips após a chegada e depois a dificuldade em sair do local após receber o prémio final. Penso que aquilo pode ser melhorado, ontem devido ao calor a pressão foi ainda maior e torna-se perigoso manter as coisas assim.
Foi um previlégio estar numa corrida onde foram batidos 2 recordes do Mundo.
Penso que sucedemos ao previlégio que o nosso amigo José Xaviar já havia presenciado em Haia na Holanda em 2007.
Terminada mais esta missão a seguinte está já aí, os Trilhos do Pastor são já no próximo fim de Semana na distância de 30 kms. Vamos a ver como decorre a recuperação até lá.

terça-feira, 16 de março de 2010

36 anos a magia da vida


É verdade, neste dia nem o 112 lhe valeu, foi há 36 anos que me vi de aflitos, isto é, a minha mulher, mas tive de ser eu a resolver o problema e só tive tempo de agarrar no velhinho amigo a gasolina e pôr-me a caminho o mais rápido possível da Maternidade Alfredo da Costa.
Com a pressa nem reparei que quase não tinha gasolina e o inevitável aconteceu, na 2ª Circular junto à Rotunda do Relógio o carro parou e eu com a mulher aflita, não a podia abandonar e a única solução que encontrei foi o de empurrar a viatura até ás bombas que estão mesmo ali ao lado da Rotunda, era já noite no dia 15 de Março daquele ano e tive de me arranjar sozinho.
Consegui com muito esforço, ainda era jóvem e forte, resolver o problema e ainda cheguei a tempo de entregar em boas mãos o destino da mulher e desta bela criança.
No dia seguinte nascia, e que trabalhão deu à sua mãe. Nesta data, para o Hugo e para a Mãe vão os meus sentidos parabéns por poder recordar e comemorar mais este momento de incontida alegria e satisfação.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Lezírias, só faltaram os toiros.

Praça de toiros de Vila Franca

Correr em Vila Franca de Xira na já famosa Corrida das Lezírias constitui sempre um bem estar enorme porque nos sentimos num ambiente diferente daquilo a que estamos habituados por se realizar num espaço entre a Cidade e o Campo. Trata-se de um percurso muito bonito e efectuado em total segurança, quer para os primeiros quer para os últimos, onde não falta um misto de alcatrão, empedrado, estradões terra batida, onde não faltam os remendos de pedra solta, e por último aqueles excelentes kms percorridos à beira do Rio Tejo na sua margem esquerda na direção a Lisboa.
Foi uma prova escolhida para a necessária descompressão depois de ter efectuado no último mês 118kms (só em competições) e numa fase curta de recuperação, ali encontrei muitos amigos que têm sido companheiros em algumas das Odisseias em

A minha chegada

que tenho andado envolvido ultimamente, amigos do Mundo da Corrida, onde destaco o Luís Miguel (O Tigre), o Esmeraldo, o Mário Lima, o Costa, O A.Almeida, o Vitor Veloso, o Luís Mota e outros. A chegada do Hugo

Tive o prazer de ver ali também a correr ao meu lado o Miguel Paiva, que surpresa de última hora, e que gostei de voltar a reencontrá-lo, a Ana

A passagem da Susana aos 4,5kms

Pereira, que me confirmou a deslocação a Constância onde faremos mais uma homenagem à Margaret alinhando na partida ao lado de sua mãe, no próximo dia 3 de Abril, esteve ali também o Carlos Lopes, os filhotes Hugo e Susana, com a Susana a surpreender-me com o seu 3º lugar na geral femenina depois de ter passado um Semana a curar as mazelas A passagem do Daniel aos 4,5kms

deixadas pelos Trilhos de Almourol. Oportunidade também de rever os meus amigos da minha equipa do CCDLoures de quem eu já andava arredado há algum tempo.
Alinharam à partida cerca de 1.300 atletas tornando-se bastante difícil de início esboçar a tentativa de correr um pouco mais depressa a partir do meio

Miguel Paiva, Eu, Vitor Veloso, Carlos Lopes e António Almeida

do pelotão devido ás ruas estreitas e empedradas dentro da Cidade, para mim não constituiu problema e servia-me muito bem, já na Ponte onde todo o espaço estava reservado para nós podemos então estendermo-nos mais um bocado, é aqui que sou ultrapassado pelo Tigre e por um amigo destas loucuras saudáveis, um pouco mais à frente aproveitando a descida embalo e deixo-me ir nesse ritmo, entre os 5 e os 5,15m km. É bonito de se ver em vários pontos do percurso a figura do Campino montado no seu cavalo saudando a nossa passagem segurando a sua enorme vara, ferramenta essencial na lide e condução dos toiros naquela imensidão da Lezíria. Pena mesmo foi não ver os toiros, por se encontrarem numa zona mais afastada do percurso que nos deram a percorrer.
Senti-me sempre bem durante a corrida, na Semana anterior também tinha feito os Trilhos de Almourol na distância de 40kms e as mazelas, embora mais ligeiras do que a Susana também causaram alguma mossa mas deu para chegar, embora com algum cansaço mas ainda com alguma força nas pernas.
Terminei os 14,890kms em 1,18,55h. (não oficial) com uma média de 5,17m por km.
Segue-se já no próximo fim de Semana a Meia Maratona de Lisboa na Ponte 25 de Abril.

Mais fotos aqui Da autoria da Isabel Almeida e também da A.M.M.A.


quarta-feira, 10 de março de 2010

Trilhos de Almourol ao vivo

Aqui ficam mais algumas fotos que eu e a Susana fomos tirando ao longo do percurso, algumas delas foram tiradas por outros amigos e que me foram enviadas.
Quem tiver paciência e alguns minutos disponíveis pode desfrutar agora aquilo que não tiveram oportunidade de observar.





segunda-feira, 8 de março de 2010

Trilhos de Almourol, para ficar na memória.

Descendo à Base da Barragem C.Bode
Há 22 anos atrás quando comecei a correr estava longe de imaginar (e provavelmente a grande maioria de nós) que chegaríamos a ter ao nosso dispôr as valiosíssimas competições que se vão disputando (ou usufruíndo) pelo nosso Portugal inteiro. Destes 22 anos dediquei 21 só praticamente a provas de estrada e apenas a partir de Maio do Ano passado, (Meia Maratona da Areia), comecei a percorrer outro caminho que não aquele.
Para eu aqui chegar muitos outros tiveram de
desbravar o caminho para tornar isso possível, organizações e atletas mais ousados estão sem dúvidas na linha da frente e tal como na Maratona haverá sempre alguém que dará o exemplo e procure incentivar os mais indecisos e temerários para caminhar a seu lado.
A estrada, sendo ainda um meio prevelegiado de adesão à maioria dos corredores e atletas, começa também em certa medida a entrar na desmotivação e saturação para muitos de nós levando-nos a procurar outras formas alternativas de continuar a correr aliando esse prazer à necessidade de ir resistindo à tendência de um certo conformismo de aos poucos cada um de nós ir ficando pelo caminho, não da vida mas desta coisa bonita que é sofrer correndo e que nos alimenta a vida.
Sicó foi na Semana passada ali juntinho a Condeixa a Nova e pensava eu que aqueles 30 kms tinham atingido um grau de dificuldade para mim que dificilmente existiria outra, (que eu fizesse) que a superasse em termos de dificuldade, puro engano, bastou participar no Trail Trilhos de Almourol de ontem, 07/03, para mudar radicalmente de opinião e ainda falta a Geira Romana, que estando no meu horizonte ainda não está totalmente encaixada. Para além desta nova realidade que é para mim este novo caminho é o facto de ter já conhecido alguns daqueles a quem eu chamo de heróis da aventura, aqueles e aquelas que palmilham trilhos e estradas, vales e montanhas ermanados num só objectivo, vencer mais um desafio e testar os seus próprios limites de resistência humana, não falarei em nomes (ontem estive com alguns), que me desculpem, mas têm de mim um respeito enorme e de grande admiração.

TRILHOS DE ALMOUROL
Começo por saudar aquela grande equipa que é o CLAC por nos terem proporcionado a oportunidade de participar naquela excelente iniciativa que foi o Trail dos Trilhos de Almourol.
Viu-se desde a 1ª hora a preocupação para que tudo corresse bem, o Brito e a Otília estiveram à altura na condução de todo o evento e acompanhados de pessoas muito competentes,
Foz do Rio Nabão, ponte móvel
quer na logística quer ao longo do percurso nos foram apoiando minimizando assim as mazelas que a cada momento íamos sentindo.
Durante a Semana passada tinha recebido um "olhe que não, olhe que não" com uma intrigante sugestão "se não existem montanhas de 400m inventam-se" fiquei desconfiado mas confiante pois quem tinha trilhado Sicó certamente Almourol trilhado não deixaria de ficar.
A nossa equipa era composta por 4 elementos, mas era a minha filha Susana que mais me preocupava, tinha-lhe feito este desafio em tempos mas sabia que actualmente a forma não era a melhor para enfrentar este desafio, (o máximo que tinha feito até aqui foi até à Meia Maratona) mas foi corajosa e acompanhou-me.
Mesmo para quem está psicologicamente preparado para estes desafios não deixa de reposicionar o seu pensamento quando lhe dizem que a prova tinha mais 3kms que o inicialmente previsto, 35kms. (agora terminada a prova posso dizer que foram 40kms e mais uns pózinhos).
Não choveu, não fez frio, não fez sol, nem o vento quis aparecer, tudo a nosso favor. O Elísio Costa cedo abalou bem como o Mário Lima e fizeram bem pois eu e a Susana ficámos para trás e quando abordámos a 1ª subida aí a 500 metros já só tinhamos meia dúzia de atletas atrás de nós, foi aí que começámos a tirar fotografias que vão ficar na memória e registadas no album desta bonita prova.
Subida com inclinação acentuada
Ao mesmo tempo que ia decorrendo a prova e com as dificuldades a crescerem a cada metro eu e a Susana optámos por correr onde era mais acessível e andar onde o desgaste se tornava desnecessário, a localização dos abastecimentos, pelo menos até meio da prova eram suficientes, e com a ajuda dos meus pequenos bidons estava salvaguardada a nossa sobrevivência até lá.
Com umas pequenas paragens, para fótos e abastecimento na zona da Barragem de Castelo de Bode para apreciar aqueles gigantescos fluxos de água que saíam directamente para o Rio Zêzere, dando-lhe assim outra vida, chegámos a uma das zonas mais difíceis e técnicas onde correr era praticamente impossível, pelo menos para mim, eram troncos atravessados, buracos com água e lama, ziguezaguiar constante por entre arvoredo num cenário extraordinário que Natureza tem a bondade de conservar para regalo dos nossos olhos, pisar terrenos mesmo ao nivel do caudal do Rio onde tivemos a possibilidade de ver ali atracado um pequeno barco e que
noutras circunstâncias nos teria passado despercebido, passar por uma ponte móvel ali na foz do Rio Nabão foi outra das bonitas surpresas que tive e ajudou a amainar (esqueci por breves momentos) um certo sofrimento que já começava a sentir na parte moscular superior das pernas, ali estavam elementos da organização e os militares com uma balsa prontos para intervir caso fosse preciso, pois penso que aquilo ali e considerando a força das águas pode tornar-se perigoso.
Descida complicada para a Barragem
Pouco mais à frente, 20kms, estava o 1º abastecimento sólido com tudo pronto à nossa espera, um pouco antes saímos da estrada que vem de Constância e encontrámos uma autêntica parece com uma inclinação a rondar os 40%, tinha para aí 15m mas que a lama e pedras soltas dificultou imenso, pensei logo que era o preço a pagar para merecer o abastecimento que estava logo ali a seguir, tinha mesmo de subir e um sorridente fotógrafo lá estava no pico para registar a carantonha que cada um ia fazendo.
A partir de metade da prova o percurso melhorou um pouco, ou pelo menos o 3º terço, altura em que aos 22 kms disse à Susana para se ir embora, era perceptível que ela já ia a necessitar de soltar um pouco mais e o meu andamento já estava a ficar penoso para ela e assim foi, partiu e ainda lhe recomendei para ter em atenção as marcações nos percursos, no final vim a saber que duas ou três vezes teve pequenos enganos.
Quando cheguei à zona de Tancos é que percebi que o Castelo de Almourol tinha já ficado para trás, ainda olhei mas já era tarde, pouco depois encontro o abastecimento em Tancos, veio-me à memória o meu tempo de tropa, o Regimento de Paraquedistas ali perto e a linha do combóio que ali parava como o principal meio de transporte para nós.
Penoso foi o palmilhar aquele trilho ali ao lado da linha naquele constante serpentear da encosta, num sobe e desce onde nas zonas mais baixas sobressaíam rios de água e lama abrindo sulcos no estradão tornando mais penosa a nossa progressão. É aqui que começo a avistar o Mário Lima, já ia em forte quebra e eu fazia os possíveis para pensar que não estava pior que ele, um pouco mais à frente ia a Rosa Pratas.
Com a infatigável Otília aos 31,5kms
Depois de virarmos à direita e deixámos a linha e o Rio Tejo para trás começaram as grandes dificuldades, naquela zona já estamos para além dos 30 kms, a Rosa engana-se no caminho, corta à esquerda, o Mário que era o que estava mais perto apercebe-se e chama-a, ela não ouve é um pouco surda e levava os fhones nos ouvidos, o Mário já muito debelitado, (dor num ombro) e nas pernas também, corre, corre atrás dela, para não a deixar ali perdida e consegue trazê-la de volta à corrida, merece aqui um bravo, um bravo daqueles que o ajudaram a formar.
As dificuldades continuaram, umas atrás das outras, muros gigantescos uns atrás dos outros, eu já não conseguia descer a correr e a subir só andando, terreno plano era raro então que fazer? correr onde era mais acessivel.
Aos 31,5kms estava o último abastecimento, lá estava a Otília no apoio incansável, passei por ela em 4 locais diferentes, em todos eles foi de uma simpatia contagiante, daqueles que nos enche alma e ali estava ela mais uma vez, preocupada porque ali estava o 2º abastecimento sólido e quando lá chegámos as laranjas estavam inteiras e eu tive de agarrar uma, descascá-la e depois deitá-la abaixo, a Otília ainda procurou por uma faca mas não havia nda a fazer, de somenos importância.
A partir dali sigo sempre com a Rosa Pratas, o Mário continuava com dificuldades e foi-se ficando, a Rosa foi uma companhia importante pois as dificuldades já eram enormes e à vez lá fomos puchando um de cada vez, ainda tentei algumas vezes conversar, até para ver se a distância se ia eleminando com alguma distração, mas por mais alto que falasse ela não me ouvia, mesmo sem os fhones, e assim continuámos até ao final.
Almoço merecido dos Pára&Comando com a família Almeida, a Vitória estava atrás da câmara
Aos 37 kms saímos da Serra e atravessamos as primeiras casas, já via a meta ali a 1km, puro engano, 38!... 39!... 40!... e um nunca mais acabar, eu só já pensava era na Susana, fomos para lá a pensar em 35 e eu já ia nos 40kms. Um pouco antes atravessei um ribeiro de água quase gelada que dava pelos joelhos, que bem me soube, veio arrefecer e acalmar os pobres pés e retirou alguma lama que ainda vinha agarrada aos ténis.
Ouve ainda tempo para percorrer o trilho das gatas, aí com 500 metros de extensão para evitar que corressemos 100m em alcatrão antes de chegar à meta, bem pensado trilhos são trilhos.
Na recta final lá estava a Vitória, ainda não a tinha visto, e a Isabel no apoio e a registar a minha chegada, fiz questão de chegar ao lado da Rosa Pratas, trocámos um beijo de agradecimento mútuo e a partir dali comecei a curar as mazelas e a procurar a Susana e saber como ela estava, descobri-a depois de tomar banho, estava ali mesmo à porta à minha espera preocupada comigo, tinha abalado aos 22 kms e já tinha chegado à 40 minutos, numa lástima mas chegou.
Considerando em 50% o número de quedas durante toda a prova da nossa equipa (duas e éramos 4), presumo que o número de quedas em geral foi muito elevado, mas felizmente pareceu-me sem consequências de maior gravidade, esta situação é reveladora do grau de grande dificuldade que tivemos de enfrentar, felizmente fui um dos que se salvou de ir ao tapete, mas que andei lá perto lá isso andei.
Total acumulado altimetria de altitude: 1678 metros
Total acumulado altimetria de descida: 1788 metros
Total de distância oficial: 38kms
Total de distância (garmin) 40,130kms
Tempo gasto para fazer a prova: 5,34,48h. (recorde de tempo em corrida)
A próxima corrida é já no próximo Domingo em Vila Franca de Xira, nas Lezírias.
O próximo grande desafio: Maratona Carlos Lopes em 11 de Abril.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sicó, segue-se os Trilhos de Almourol

Aqui está o certificado com o resultado final de mais uma prova que me deu muito prazer em participar.
Apesar da sua dureza compensa alinhar em aventuras com a dimensão que estas provas apresentam, sendo a Natureza a maior das paixões que me fazem atrair e também o espírto de aventura que tem estado sempre presente em períodos cruciais da minha vida e cuja memória me leva até à adolescência.
E é para continuar.

Domingo nos Trilhos de Almourol quero continuar a amealhar mais um Certificado de participação, é mais um desafio que me está a entusiasmar, até pelo traçado da prova tão do meu agrado, pois começa num local e acaba noutro e com um percurso que certamente agradará a todos pela paisagem que a Barragem nos transmite, pelas bonitas margens do Zêzere e a beleza que toda a zona do Tejo e Almourol nos vai oferecer.
A minha equipa (Pára&Comando) irá estar presente: A Susana (estreia-se neste tipo de provas e em distâncias acima da Meia Maratona), o Elísio Costa, o Mário Lima e eu.
Desejo a todos, atletas e Organização um excelente dia e que tudo decorra como todos ambicionem.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Terras de Sicó, uma corrida diferente.


Terras de Sicó, em Condeixa a Nova foi a 2ª experiência que tive em provas denominadas de Trails, a 1ª tinha sido no Tail Noturno de Óbidos realizada em 8 de Agosto de 2009. Por curiosidade nem faltou ali o Jorge Serrazina, um dos responsáveis da prova de Óbidas, com que a abençoar-me nesta 2ª participação em provas deste género.
Cheguei no Sábado, depois de termos ultrapassado um agressivo temporal ali bem perto quando circulávamos pela A1, como estávamos avisados que íamos passar por esta instabelidade seguíamos com a maior prudência e felizmente tanto nós como os outros viajantes conseguimos sair daquilo sem qualquer problema, o Elísio Costa estava ali comigo juntamente com o Mário Lima, os três contituíamos a equipa do "Pára&Comando" que irá servir de identificação ao longo do Ano em algumas provas que vamos estar envolvidos. Será um "empréstimo" do CCD de Loures a esta modesta equipa, sem pôr em causa a fedelidade que lhe nutrimos nem a nossa participação na maioria das provas do Torneio de Loures e outras onde estaremos colectivamente.
Ficámos numa Residêncial (previamente marcada pelo Costa) bem perto do local onde estava instalada toda a logística de apoio ao Trail "Serras" de Sicó, como eu e o Mário, contando com a compreensão do Costa, queríamos ver o Jogo Leixões-Benfica procurámos, logo que levantámos os dorsais, encontrar local para jantar e não foi difícil, tendo todo o grupo no final do mesmo ficado com a impressão que as gentes daquela bonita terra sabem receber os seus visitantes, tal a maneira como fomos simpaticamente tratados.
Na Residêncial, após terminar o desafio de futebol pelas 23 h. dicidimos iniciar de imediato o merecido descanso, dormindo. Mas como todos sabem isto não se decreta, acontece, cada um tinha a sua cama e o 1º que adormecesse saía-lhe a sorte grande, todos os que ali estavam gostam de coser feijões em panela de alta pressão, e um de nós, que não eu, ao fim de 5 minutos já fervilhava alto e bom som a boa nova do sucesso e bom funcionamento da sua panela. Os 2 restantes ficaram de vigilância as duas primeiras horas seguintes à espera que a cosedura terminasse, mas foi por pouco tempo, o feijão era rijo de mais e o nosso subconsciente acabou por ceder a espaços bem curtos a um pouco de sossego, ainda que só pelas 8h. da manhã de Domingo se deu por concluída aquela infindável forma de imitar a alta pressão em voz rouca (para dentro e para fora) sem descanso quando fomos abruptamente acordados pelo despertador e quando estávamos finalmente a ter um pouco de paz.
O pequeno almoço foi-nos servido numa excelente Pastelaria, ali mesmo em frente à Cãmara Municipal, e não perdi a oportunidade de atestar bem pois sabia que pelo menos durante 4 horas ia estar a água, laranjas e bananas e que o almoço só seria absorvido lá pelas 15 horas, se chegasse a tempo, claro.
No Local da partida foi tempo de encontrar os amigos, os actuais e os virtuais se fosse possível, muitas caras conhecidas, dos blogues de Atletismo e também de amigos com quem vou fortalecendo laços de amizade e que de uma forma ou de outra estão ligados ao Fórum Mundo da Corrida e respectiva Associação, dos quais destaco, sem desprimor seja por quem for, do Eduardo Santos (Administrador) a Margarida, Carlos Fonseca e o José Magro.
O dia estava bonito mas foi arrefecendo até à hora de partida, a ponto de me obrigar a vestir uma t-shirt de manga comprida personalizada para me proteger, existia também alguma ansiedade, não só pela noite má dormida mas também pelo desgaste que eu já vou acomulando, nomeadamente pela Maratona de Sevilha que tinha feito há 15 dias.
Até ali tinha corrido tudo lindamente, a organização (muito profissional, e sem salário) tinha tudo planeado na perfeição, da entrega dos dorsais ás recomendações sobre como as coisas iam decorrer e passando também pela atenção que o Eduardo Santos nos dispensou no Sábado quando lá chegámos, augurava um dia de Domingo bem passado ali naquelas terras, vales e montanhas na presença de centenas de amigos e apaixonados por estas aventuras saudáveis.
A prova, como já foi relatado por alguns amigos, foi espectacular em termos de percurso mostrando a beleza de um local completamente estranho para mim, mais de 99% do percurso foi feito por estradões e carreiros de terra batida e pedras, algumas das quais com alguma dimensão e escorregadias a requerer sempre a maior atenção possível. Apesar dos avisos dados antes da partida para a perigosidade da situação ouve um ou outro que assentaram o trazeiro no chão, todavia sem qualquer consequência física.
Louvar aqui o extraordinário apoio que tivemos durante o percurso, abastecimentos em pontos cruciais e em quantidade, cuja média encontrava-se entre os 4 e os 5 kms. Mesas bem recheadas de água, em garrafas e também dispostas em copos, laranjas, bananas, queijos, sumos em alternativa e muita, muita simpatia por parte dos colaboradores e amigos do Mundo da Corrida que estiveram envolvidos e puseram de pé esta belíssima competição. Decerto muitos outros e muitas organizações a nível local também estiveram envolvidos e sem eles seria bem mais difícil pôr este edefício de pé.
A minha prova foi aquilo que eu já esperava, penosa, e agravou-se este sentimento a partir da altura em que começámos a subir... 100 metros mais à frente do local da partida.
Ainda assim consegui correr até ao 1º abastecimento que estava um pouco antes dos 5kms, raramente percorremos terreno plano, o encanto deste tipo de provas está exactamente aqui, subimos, subimos e nunca imaginamos o que está para além do ponto mais visível, daí a cautela ter de estar sempre presente. Aquele pequeno "rebuçado" inicial depressa se diluiu e as grandes dificuldades começaram a aparecer, logo a partir do 1º abastecimento o trilho levou-nos dos 140m de altitude para os 331m em apenas 2,5kms, por mim foram feitos a andar mas acredito que os homens da frente tivessem conseguido fazer aquilo sempre em passo de corrida, no alto desta montanha descemos novamente à cota 230m para de seguida voltar a subir para os 400m num percurso naturalmente acidentado na distância de 5kms. Aqui já estávamos sensivelmente a meio da prova, a Otília tinha chegado ao pé de mim perto dos 10 kms e por ali se manteve, ás vezes à frente, outras mais atrás, passa também o Nuno Cabeças por mim e mete-se comigo, vai ali um pouco mas depressa segue o seu caminho, um pouco antes tinha perdido a companhia do Elísio Costa e depois também do Mário Lima, fiquei mais confortável, assim não tinha de ir de afogadilhos e a fazer uma coisa que sabia me iria prejudicar lá mais para a frente
É a partir dos 15 kms que começam as maiores dificuldades para mim, o sobe e desce não tem fim (excepção feita aos 100m finais mas que ainda estavam muito longe) e começo a ter problemas nos joelhos com as constantes descinas com um grau de inclinação muito elevado e também com o piso irregular aos quais os meus pés não se conseguiram adaptar (talvez os ténis que usava não fossem os mais adequados, um eterno problema). Aos 16.3kms volto a descer aos 290 m para logo voltar a subir até aos 4o2m de altitude em apenas 1.700m. A partir daqui todas as subidas com alguma inclinação eram feitas a andar e logo que surgisse terreno mais favorável eu aproveitava para correr mais um pouco pois ainda me ia sentindo bem, as descidas eram feitas muito lentamente pois os joelhos já estavam a fraquejar bastante. Entretanto a Otília tinha ficado para trás sem eu me aperceber e voltou a apanhar-me no abastecimento dos 20kms. A partir daqui não mais nos separámos, (penso que por gentileza dela, o que muito lhe agradeço) talvez por consideração (não precisava) por aquilo que partilhámos no Trail Nocturno da Lagoa de Óbitos o Ano passado.
Apesar das marcações estarem bem visíveis numa ou noutra situação se não tivesse a companhia da Otília eu ter-me-ia perdido pelo menos duas vezes, sei que ouve corredores que tiveram pequenos erros, um deles foi o Nuno, mas de certeza que foi uma pequena desatenção que provocou os enganos.
A partir dos 20kms descemos da cota 347m para os 203m para um percurso de 3kms, mais suave que anteriormente mas ainda assim fazia-o muito lentamente, a Otília descia bem e eu depois voltava a alcançá-la na subida seguinte, e foi assim até final percorrendo nesta altura as encostas das serras onde se podia observar já a aproximação ao ponto de partida em Condeixa a Nova.
Fizemos o tempo de 3,49,52h. para a distância de 30,760kms, à média de 7,28m por km.
Na chegada tive o grato prazer de conhecer o António Bento (O Tartaruga), uma promessa que que me tinha feito e que fez questão de concretizar agora.
Dada a falta de adaptação a estes terrenos, no final não só os joelhos se queixavam, os pés começaram também a ter câimbras com muita frequência e algo dolorosas, apenas o banho retemperador e a feijoada que nos foi servida conseguiu que este problema fosse minimizado e depois resolvido. Agora está tudo bem.
Domingo que vem vou estar também nos Trilhos de Almourol, são 35kms mas a otília disse-me que aquilo era um pouco mais suave, fingi simpaticamente que acreditei, eu fui tropa ali junto ao traçado da prova e conheço aqueles terrenos, mas uma coisa eu sei, não existem ali serras com uma altura de 400m e onde se tem de subir e descer varias vezes.
Espero que Sicó se mantenha no Calendário de provas, se possível com o mesmo traçado, desta vez se algo não correu bem a responsabilidade é só minha e nada tenho a apontar seja a quem for.